quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sapatelo ou chinelato?



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Na plateia

Gosto de estar sentado na plateia a ver os lobos a devorarem os coiotes, tendo por fundo as hienas a rirem e os linces à espera dos despojos.
A mãe-natureza é pródiga em espectáculos.
Mau mesmo é quando a companhia é de má qualidade, com duas no lugar de quatro patas, e o sangue espirra para cima do público.

O sangue e o veneno, que neste circo animal o que não faltam são as víboras.

By me

Moedas



Por estes dias muitos são os que usam os meios de comunicação ao seu alcance, redes sociais incluídas, para fazer ouvir a sua voz sobre o que acontece na Palestina. Ou sobre o BES. Ou sobre a acusação a um político. Ou sobre o avião que caiu. Ou sobre as férias que se aproximam. Ou sobre a opípara refeição que tiveram. Ou sobre a fofura do bichano. Ou sobre…
Não oiço falar da minha vizinha do bairro que hoje de manhã pediu quatro papo-secos no café-padaria mas que só ia levar dois, que os trocos não chegavam para mais.
Levou quatro, naturalmente.

Hoje é o último dia do mês.
Bom almoço!



By me

Imaginação?!

Conseguem imaginar o que seria se caísse um avião, pejado de passageiros, em Lisboa ao aterrar?
Entre mortos e feridos, os hospitais não teriam mãos a medir com as vítimas.
Agora imaginem que logo antes do acidente haveria um enorme apagão na cidade, deixando-a sem energia eléctrica. Seria o bom e o bonito nesses hospitais, não?
Agora transfiram a vossa imaginação de Lisboa para Gaza. Lembrem-se dos bombardeamentos de artilharia e da aviação.
E imaginem o que por lá acontece depois de ter sido deliberadamente bombardeado o reservatório de combustível que alimenta a única central eléctrica da zona.


Lembram-se de algum adjectivo que classifique isto? Eu lembro-me de vários.

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Não!



O conceito de “imposto” é, na sua raiz, cheio de bondade.
Cada um, na medida das suas capacidades, contribuir para o bem comum. Justiça, educação, estradas, segurança, saúde, cultura… faz sentido.
Claro que todos nós, cada um à sua medida, não gostamos de pagar impostos e, também à sua medida, foge disso como o diabo da cruz.
Vai daí o estado, na sua qualidade de cobrador de impostos e gestor da receita daí proveniente, trata de encontrar formas de cobrar e arrecadar tudo quanto pode. E até o que não pode.

Pois surge ele agora com uma ideia que, não sendo nova, parece ir ser posta em prática: cobrar uma taxa sobre as capacidades de armazenamento de informação dos aparelhos digitais. Discos rígidos, pens, tablets, telemóveis… Tal como cobra agora sobre fotocopias.
Diz a notícia, e já antes era esse o argumento, que com isso se irá ressarcir os autores das piratagens e cópias ilegais que são feitas.
Não! Definitivamente não!
Não por questões éticas. Não por questões legais. Não por questões pessoais! Não!
Os pagamentos de impostos ao estado são para o bem comum: todos pagam para que todos deles beneficiem. Pagarem todos os que adquirirem um dado equipamento para benefício exclusivo de uns poucos não é nem ético nem se enquadra no conceito de sociedade em que vivemos.
Considerar que pelo simples facto de se possuir meios de armazenamento de informação implica que se esteja a arquivar dados provenientes de piratagem ou actos ilegais é presumir que todos somos culpados desses actos. O conceito de justiça que vigora na sociedade em que vivemos é exactamente o oposto: defende que todos somos inocentes até prova em contrário.
Não tem cada um de nós que pagar a terceiros para poder arquivar aquilo que nós mesmos produzimos: sons, textos, imagens. Eu, que diariamente produzo imagens e textos, da minha exclusiva responsabilidade e autoria, não tenho que pagar o direito a poder arquivar o que faço. Nem ao estado nem a terceiros.

Não! Definitivamente não!
Esta medida, a ser posta em prática, além de presumir a culpabilidade universal, é mais uma na linha de tentar que todos sejamos simples executantes, sem capacidade criativa ou de originalidade.
Não! Definitivamente não!
Não aceito ser tratado como criminoso não o sendo.
Não aceito ter que pagar ao estado (ou a terceiros) para poder criar o que quer que seja e guardar isso mesmo.

By me

Bipolar



Da minha janela, 8.30 da manhã, 31 de Julho

Muito se tem brincado, em particular nos últimos tempos, com a eventual doença bipolar de que São Pedro sofrerá.
Surge isto com as alterações súbitas e não previsíveis ou habituais das condições climatéricas e o atribuir ao dito santo a responsabilidade das mesmas.
Não sei o São Pedro existe, não sei mesmo se há santos e, no que toca a clima, sabemos que somos parcialmente responsáveis por aquilo que tem acontecido.
Mas há uma coisa que não devemos esquecer antes de acusar um qualquer santo de bipolaridade:
O próprio planeta terra é bipolar!


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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Língua



Gosto à brava de deitar a língua de fora a algumas pessoas.
Eu explico porquê:
Normalmente as pessoas não gostam que lho façam e respondem por igual. O que, para mim é óptimo.
Porque assim, e nalguns casos, fico a saber qual a cor dos sapatos dos seus chefes.



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Rapidinha



Desde que entrei na fila até que terminei a plastificada e rápida refeição decorreram, talvez, 25 minutos.
No mesmo intervalo, de acordo com números internacionais estatísticos e fruto da acção directa ou de efeitos colaterais, morreu uma pessoa na zona de Gaza.


Caiu-me mal o raio do almoço!

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Mensagens



Bera, mas bera mesmo, é ser considerado ilegal e punível por lei o grafitar um espaço e ser considerado legal a publicidade exterior.
Que se a primeira, é uma expressão individual, mesmo que de qualidade duvidosa, ou mesmo uma identidade grupal, já a segunda é uma agressão permanente a quem estiver no espaço público, não sendo possível fugir aos permanentes apelos, quantas vezes enganosos, a menos que andemos de olhos fechados.
Se os fabricantes, através dos publicitários e painéis exteriores, nos podem quase forçar a consumir os seus produtos, faz todo o sentido que cada indivíduo possa publicitar as suas mensagens, quer de afirmação pessoal quer de identidade.

Claro que os grafitys fogem ao controlo da moral pública, sendo muitos deles subversivos. E isso é inadmissível!

By me

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O conceito de liberdade é tão relativo que fiquei sem palavras quando, em ’82 e em Málaga, perguntei a um jovem licenciado em medicina se o seu país, Argentina, era um país livre e ele me disse:
“Sim, claro. Podemos sair à rua à noite e tudo.”


Nunca mais encarei a liberdade da mesma forma.

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Modernidades



… e andam os artistas de hoje a baterem-se por DPI’s, grão, linhas por milímetro, gammas, MP, etc.
Veja-se o trabalho de um mestre pintor do séc. XIX


“Concert Européen”, Georges Seurat

Não, Não!



Se me disserem que tenho mau feitio não serei eu que irei desmentir.
Mas certo é que desde que foi afirmado pelas autoridades nacionais que a venda da TAP acontecerá até ao fim do ano e que surgiu alguém que diz que está interessado e que já está em negociações com um parceiro estratégico, começaram a acontecer um conjunto de episódios menos bons na companhia aérea.
Ou, se preferirem – e eu prefiro – os media passaram a relatar a existência de percalços técnicos e de organização.
Talvez que eu esteja a ver mal as coisas, mas suspeito que esta mediatização de percalços fará baixar o preço do negócio, coisa muito conveniente para o comprador. Que, por mero acaso (?), está fortemente envolvido em negócios de comunicação social na país.

Mas isto é a minha opinião, que sou um tipo que tem mau feitio!

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terça-feira, 29 de julho de 2014

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Aqueles que andam por aí a apregoar que a caneta é mais poderosa que a espada nunca estiveram debaixo de fogo.

Experiências



Foi há já uns anitos: Estive numa das exposições que mais me marcaram, pese embora não tenha visto coisa alguma.
Tratou-se de uma exposição de fotografias para cegos, que decorreu no Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros, em Lisboa.
Impressas em relevo, estavam acompanhadas de uma breve explicação em braile e em paralelo com as fotografias “normais” e o mesmo texto escrito “normalmente”.
Os visitantes dotados de visão eram convidados a colocar uma venda e percorrem a exposição vendo aquelas imagens como os cegos as “vêem”: com a ponta dos dedos.
Assombroso! Para mim, ligado desde sempre à produção e consumo de imagem visual, foi das experiências mais elucidativas que vivi neste campo. E entendo que todos os profissionais da imagem e da comunicação (ou candidatos a tal) deveriam ser obrigados a passar por tal. Para que entendam na pele e na ponta dos dedos o que é não aceder àquilo que produzimos.
Único e inolvidável!
A exposição integrou a iniciativa “Sentidos sem barreiras”, organizada pelo Oculista das Avenidas e a Câmara Municipal de Lisboa em parceria com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal.
A mesma câmara municipal que agora pretende demolir o museu e quartel, vendendo o terreno que é fortemente cobiçado pelo hospital que lhe é contíguo. Mas que não informa se pretende substituir e onde aquela infra-estrutura de socorro às populações e de conservação da história da cidade.
Mas suponho que seja bem mais importante o aumento da capacidade de um hospital privado que a prontidão e capacidade de socorro de uma corporação de bombeiros.

Nota extra:
Juro que me é muito difícil pedir a um cego que me deixe fotografá-lo. Ou, bem pior, fazê-lo sem que o saiba. Que fazer a uma pessoa algo que ela não sabe nem saberá o que é…

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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Corridas

Só para que conste:
Em relação a um ponto fixo no espaço, deslocamo-nos a 103000Km/h, mais ou menos 1000Km.
Isto se não considerarmos a deslocação do Sol na galáxia e a deslocação desta em relação às demais.

E andas tu a correr para quê?

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Vergonha



É raro o dia em que me não envergonho dos conteúdos mas também dos métodos empregues nos media portugueses.

Mas sendo certo que Portugal se transformou no país do “come e cala”, a vergonha é algo que não assiste a muitos profissionais nem parece constar no código deontológico.

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Normal



É daquelas coisas: acordo e é segunda-feira. Acho que acontece de quando em vez a quase toda a gente, mas tem graça constatar o fenómeno.
E por ser segunda-feira (nos outros dias também) vou dar uma olhada naquilo que os editores entendem como importante que saiba do que acontece no mundo e no país. Nada de especial.
A economia continua com problemas, nas suas diversas vertentes, os conflitos armados continuam no seu rame-rame bélico nas diversas frentes de combate, o trânsito está mais fluido nos principais acessos porque já estamos em época de férias e prevê-se pouco vento. Normal.
Normal o tanas!
Que não é nada normal haver quem acorde numa segunda-feira sem saber o que vai conseguir comer ou se vai conseguir pagar a renda.
Que não é normal acordar numa segunda-feira e constatar que se sobreviveu esta noite aos ataques militares.
Que não é normal tantos acordarem numa segunda-feira, olharem p’rás notícias e acharem normal crianças a serem bombardeadas.
Que não é normal um organismo do estado passar dois meses sem pagar salários.
Que não é normal um ex-primeiro-ministro não entender porque é que um banqueiro é detido para interrogatório. Claro que achará normal a detenção de quem não paga a segurança-social ou que levou sem pagar uns papo-secos.

Que não é normal acharmos, numa segunda-feira, que está tudo normal.
E que, depois de sabermos que o mundo está normal numa segunda-feira de manhã, sigamos para as fofoquices on-line, ou as conversas da treta com os conhecidos de ocasião ou de longa data, que também acham que está tudo normal.

Normal o tanas!

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Tás a olhar p’ra mim, é? Tás a olhar p’ra mim?



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domingo, 27 de julho de 2014

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E para aqueles que dizem:
“Que chatice! Não tenho nada p’ra fotografar!”, só lhes respondo o seguinte:
Guardem a câmara e dediquem-se à criação de caracóis ou quejando.
Que enquanto houver luz há o que fotografar.

Infelizmente, o que abunda são olhos fechados.
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Domingo:




Aquele dia que seria igual a todos os outros, se não fosse domingo.

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A solidão do abandono



By me

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Há que tomar de assalto o poder mediático antes que o poder económico e o poder político destruam de vez o poder do povo!

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Sem fotografia

Ao sábado à noite há que divertir, que ser livre e libertino. Ao sábado à noite há que conquistar e ser conquistado. Ao sábado à noite há que beber e ser bebido. A correr. Antes que a noite de sábado acabe e com ela a liberdade.
Que no domingo há que servir o senhor da igreja e os senhores da família. E nos dias que se seguem há que servir os senhores do trabalho e os senhores do dinheiro.
Até à noite do sábado seguinte.
A liberdade consome-se numa noite e a correr.
Mais depressa no verão, que as noites são mais curtas.


Nota – Não tenho fotografias de sábado à noite.

By me 

sábado, 26 de julho de 2014

Cigarros



É verdade que sim: sou fumador.
Também é verdade que de há uns anos a esta parte sou eu que faço os meus cigarros.
Comecei a fazê-los meio por brincadeira, meio por motivos económicos, gostei do resultado e venho mantendo o hábito. De manhã, ou à noite antes de me deitar, trato de encher os tubos, que compro feitos, com o tabaco já cortado que compro em latas, usando para tal uma maquinetazinha muito simples completamente manual.
Este tempo que gasto, melhor, este tempo que uso a encher cigarros é um daqueles momentos em que, devido a ser uma actividade completamente manual, automática e a não necessitar de qualquer esforço intelectual, deixo a mente vogar para onde lhe apetece, umas vezes a completar um qualquer puzzle de uma qualquer ideia, outras a aquilatar do tempo recente, outras ainda pensando em coisa alguma. Uma espécie de momento zen diário.
O fornecimento de tabaco e tubos é feito num café aqui da minha rua. Uma vez por semana o fornecedor abastece o café, uma vez por semana abasteço-me eu, que a dona, em tendo-me cliente certo, guarda-me as latas e a caixa.
Esta semana houve um percalço: em chegando e perguntando p’la “latinhas”, disse-me ela que a carrinha do fornecedor tinha sido assaltada, levando-a e ao conteúdo. Não tinha tabaco p’ra mim.
Um incómodo p’ra todos: o dono da carrinha com o prejuízo do assalto, a dona do café com a mercadoria que não vende, eu com o que não compro. O meu problema era, ainda assim, o menor: costumo estar adiantado uns dias no que tenho em casa, p’lo que não “ficava apeado”. E disse-o à senhora.
Pois a boa da senhora, em sendo rendida a meio do dia p’lo marido e filho no balcão, tratou de ir ela mesma ao armazém que vende estes produtos para se abastecer.
De acordo com ela e por azar, havia de tudo menos do que eu consumo. E foi ela a um outro, tendo uma margem de lucro inferior, só para não deixar de vender a um cliente regular.
Chama-se a isto sentido do negócio, chama-se a isto tratar bem os clientes, chama-se a isto ser simpática. Que ela sabe que na semana seguinte lá estaria eu de novo.
Se não fosse eu cliente habitual e estes pequenos nadas fazer-me-iam sê-lo.
Assim se encontrasse este tipo de atendimento nas grandes superfícies e em algumas lojas, onde mais um, menos um cliente é indiferente.


Viva o comércio de proximidade!

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Pergunta



Claro que se impõe a pergunta:
“E para que servirá o diacho do carro sem a caixa de velocidades, se a vendem?”


E sim, os números foram pudicamente apagados.

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De manhã, a memória



Volta e meia, quando estou menos “inspirado” logo de manhã, recorro aos arquivos para manter o fluxo de publicações. Ou “copy/past” ou como dica para algo de novo. Foi o caso hoje.
Tratei esta fotografia e deixei-a pronta para publicar. Mas achei que seria pouco. Ela mesma ou o que em torno dela encontrei para dizer. E fui aos arquivos do que tenho publicado.
Tropeço numa crónica, já com uns oito anos, que, por si mesma, nada tem de especial. Comportamentos positivos e solitários de terceiros que, a troco de coisa alguma e apenas porque lhes apeteceu, fizeram algo por desconhecidos. Por si mesma nada tinha de muito especial.
O que me despertou a atenção foi um comentário então deixado feito por um compincha da net, com quem estive uma meia dúzia de vezes.
Tornou-se ele uma referência no meu próprio percurso. As suas fotografias, as suas opiniões e saber sobre a vida, as interacções, a pedagogia, a filosofia, as políticas praticadas e anunciadas… Os seus textos e comentários, mesmo que pontualmente dele discordasse, eram sempre para serem lidos ou ouvidos com atenção e pensados com convicção.
Morreu, há uns meses.
A logística da distância dificultou a minha presença nas exéquias, tal como nas homenagens que a sociedade em que se inseriu lhe prestaram e prestam. Mas, e ao mesmo tempo, simplificou-me a vida.
Que não estive naqueles momentos pungentes das despedidas para sempre, que marcam e cuja memória, por vezes, se sobrepõe ao que de facto foi importante na sua vida.
Egoísmo, talvez.

Hoje, em olhando para o arquivo, tropeço num comentário seu. Este é um pedacinho:
“Uma das técnicas mais conhecidas de condicionamento é reforçar os comportamentos adequados, premiando-os.”

Muito egoisticamente guardo para mim o seu nome.



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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Digital Single Lens Camera Reflex



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Publicidades



Convenhamos que não será normal usar como argumento de venda de um refrigerante o conceito “está na moda”.
Mas certo é que está na moda a moda de consumir modas, para além daquilo que, efectivamente, se está a consumir.


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É Natal quando um homem encontra outro homem e o trata como irmão

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Trocas fotográficas versão 2.0.5



Trocas fotográficas, versão 2.0.5

Troco 
Alguns conhecimentos fotográficos
Por
Não importa o quê, desde que feito pelo próprio.

Data – Domingo 3 de Agosto 2014, 14.30 horas
Local – Esplanada do Jardim das Amoreiras, entre a Mãe d’Água e a Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva, em Lisboa

- Objectivo:
Disponibilizar alguns conhecimentos básicos de fotografia, de modo a melhor dominar o equipamento que possuem os participantes.
Neste caso específico iremos abordar, e para além das dúvidas dos participantes, o ar que se respira e o funcionamento de uma objectiva.

- Conhecimentos exigidos aos participantes:
Nenhuns. 
- Equipamento:
Um bloco de notas e uma caneta ou lápis;

Uma câmara fotográfica, digital de preferência e não importando a sua simplicidade ou complexidade, com um cartão vazio e baterias carregadas. Se possível, trazer consigo o manual de instruções. 

- Duração:
Dependente da quantidade de participantes, três a quatro horas. 

Esta iniciativa é uma réplica de uma outra já verificada, com pequenos ajustes e correcções de método, baseada no princípio de trocas: cada um dá o que possui e pode, deixando de parte o conceito de dinheiro ou de valor do que estiver em causa. 

Com a enorme vantagem de passar ao lado da crise existente, com ou sem troikas.

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A fofinha do dia



Mantendo a tal tradição das fotografias nas redes sociais, aqui fica uma fofinha: a do dia.
A ante-ante-antepassada desta roseira foi minha conhecida e, sem grandes protestos, tal como as suas irmãs, forneceu algumas e belas flores que ofertei a namoradas de então.
Hoje não o faria!
Não mato um ser vivo para um prazer visual, mesmo que grande, de alguns minutos ou anos.
Preferia levar a namorada junto ao canteiro e ver como elas –as flores – empalidecem de inveja perante a sua beleza.

Mas isto sou eu hoje, quase meio século depois, com as barbas grandes e brancas.

By me 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Deus



Sempre gostava de saber o que terão falado na aula de filosofia desta escola secundária antes desta afirmação ter sido escrita.


Talvez tenham mantido o padrão de há quarenta anos, quando a frequentei.

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O banco



Nos céus do meu bairro vejo dois aviões da força aérea evoluindo em manobras conjuntas.
O ruído dos seus potentes motores ecoa nas paredes circundantes e no telhado da estação. Os mais que aqui estão sorriem, talvez que satisfeitos por saber que os nossos pilotos militares estão treinados para as missões que lhes sejam atribuídas.
Excepto aquele homem, tão bem ou tão mal vestido quanto eu, que também levantara o olhar, deixando de contar as poucas moedas que extraíra do bolso. O seu olhar nada tinha de sorridente. Nem o meu.
Que tentei fazer contas mas não soube como a quantos homens e mulheres não estariam tão tristes se aqueles motores não estivessem a trabalhar e o seu custo fosse distribuído pelas suas mesas.

Não tive coragem de fotografar os aviões. Muito menos o homem, no seu recolhimento. Também ignoro quanto teria na mão, que eram poucas as moedas.

Fiquei-me pelo banco perto do dele, por mero acaso verde, que sei que não atraiçoará ninguém nem provocará pânico entre os que vivem da desgraça alheia.

By me 

Crente



Sou um crente inabalável nas Leis de Murphy: Se alguma coisa pode correr mal, com toda a certeza que correrá!”
Por isso mesmo, e durante anos e anos, tive o hábito de substituir por alturas do natal todas as pilhas e baterias em uso. Não que a data fosse importante, mas era uma rotina como outra qualquer, e a chegada do subsídio de natal ajudava na despesa e na lembrança.
O advento dos digitais, das baterias de iões de lítio e a sua durabilidade, bem como os cortes nos subsídios, fizeram-me relaxar nesta rotina anual. E a esquecer que há circunstâncias em que o esgotar de uma pilha ou bateria pode ser vital e arrancar-nos um grito de revolta. Ou de frio.
Que foi exactamente o que fiz quando se me apagou o esquentador, dito inteligente, que depende de duas pilhas para funcionar. E, claro, apagou-se a meio do banho. Não poderia ser de outra forma.
Felizmente que homem prevenido vale por dois, no caso por duas pilhas. E tinha um par de reserva, há bem mais de um ano, só para prevenir.
Felizmente também, as Leis de Murphy não se aplicaram por inteiro: não foi no pino do Inverno e com frio que saí da banheira e fui, Molhadinho da Silva, trocar as malditas pilhas.

Vou regressar aos velhos hábitos: p’lo natal, tudo quanto for pilhas, não importa a idade, vai fora e colocadas novas!

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Democracia??????

Um país que surge da decisão da comunidade internacional do pós guerra que entrega o território a não residentes sem acautelar os direitos dos que lá residem, que alarga as suas fronteiras sem as definir legalmente usando o termo “territórios ocupados”, que expulsa os residentes de há séculos para instalar os que ali chegaram há pouco mais de cinquenta anos ou os seus descendentes, que desde que se fundou que está em guerra com os seus vizinhos, que nunca cumpriu uma só que fosse das resoluções da ONU, valham elas o que valerem, que não aceita vistorias no campo das armas nucleares…

Chamar a isto “país democrático” parece-me ser aviltar o conceito de “democracia”.

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Memória



Lembrei-me, de súbito, de um detalhe histórico pouco divulgado. E entende-se o porquê.
Durante a conquista do Oeste em que o homem branco, oriundo da Europa, tentava e conseguia ocupar os territórios ancestralmente habitados e usados pelos índios norte americanos, várias estratégias foram usadas. Para além das obviamente bélicas, com as chacinas que a história nos tratou de contar como “actos heróicos” dos colonizadores, trataram de os encafuar em reservas territoriais, onde os meios de subsistência eram (e são) escassos.
Mas foram bem mais longe no séc. XIX e inícios do séc. XX:
Com pretextos de “caridade cristã”, retiravam as crianças das suas tribos e famílias e internavam-nas em instituições de cariz ocidental, educando-as nos hábitos, religiões, história e morais “brancas”, terminando assim de raiz com a cultura índia. Não haveria quem a continuasse. Ou contestasse a ocupação territorial.

Recorda-vos isto também algo de contemporâneo, actual, que assistam nos noticiários institucionais ou saibam pelas vias alternativas?
Explica isto certos comportamentos de certos países face ao que acontece em certas regiões do globo?


Imagem: Mulher Sioux com o filho, 1899, roubada da net
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A pulseira



Gosto de encontrar irmãos.
Não me refiro a questões de sangue ou aparências. Refiro-me a pensamentos e actos.

Uso eu, no bolso do colete, uma corrente de autoclismo. Não a tenho à vista como decoração ou identificação grupal mas sim para efeitos fotográficos. Substitui, com limitações óbvias, um monopé em condições de pouca luz.
Quando acontece vir à conversa, refiro-a e mostro-a, brincando com o seu nome e apreciando o ar de espanto do meu interlocutor.
Pois um destes dias encontrei uma alma gémea na capacidade de usar objectos com funções bem distintas das originais. Não para se exibir, não para ser do contra, mas porque lhe dá prazer e satisfação. Tão simples quanto isso.
Uma banalíssima corrente de lavatório usada como pulseira.
Disse-me quem a usa que além de gostar de a ver ali, no pulso, tem a enorme vantagem de não se preocupar com águas, lavagens ou manchas de verdete. E que, em acontecendo o fechinho se partir, é só ir a uma loja de ferragens e trazer outro. Sem mais dispêndios ou incómodos.

Gosto de coisas simples e despretensiosas. À margem das modas, lojas chiques ou grupos.
E gosto mais ainda de quem as cria e lhes dá uso.

Viva quem faz!

Byme

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Egoísmo



Há gente muito egoísta!

Enquanto eu faço questão de partilhar com o mundo na net os pobres sapatos solitários que vou encontrando, uns perdidos, outros jogados fora, quem encontrou este fez questão de o mostrar apenas aos passantes na estação do meu bairro!

By me

Mau feitio



Tenho duas certezas na vida: que irei morrer e que ninguém escreverá na minha tumba “aqui jaz um tipo de bom feitio”!

Precisei de comprar uma pasta. Daquelas de cartão, com elástico, em tamanho A4, barata de preferência, e que não tivesse desenhos demasiado extravagantes.
Podendo ir a vários locais, optei por fazer o negócio numa papelaria aqui da minha zona. A diferença de preço existe, é verdade, mas sempre vou dando o meu apoio ao comércio local. Que merece e necessita.
Entrei na loja, disse ao que ia, a senhora mostrou-me várias, escolhi uma, ela guardou as restantes e eu estiquei-lhe uma nota de cinco euros para pagar.
Nesse momento tocou um telemóvel. Que estava no seu bolso das calças.
Pousou a nota no balcão, pôs-lhe a mão esquerda em cima e, com a direita, atendeu a chamada. Sem uma palavra que fosse para mim.
Fiquei a saber que falava com uma tal de Isabel, que tinha uma prima e um marido e que havia problemas no casal.
E fiquei a saber tudo isso porque a chamada durou cinco, dez, vinte, trinta, cinquenta, oitenta segundos, talvez mais.
Quando me fartei de esperar pacientemente, estendi a mão para a nota e retirei-a de sob a sua. Olhou para mim, estranhando.
Guardei-a na carteira com um sorriso, ao mesmo tempo que empurrava para ela a tal pasta que ainda estava no balcão.
E desejei-lhe as boas tardes, enquanto ela tentava, em simultâneo, responder ao telefone e dizer-me já nem sei o quê.
Saí!

Como disse acima, não tenho bom feitio. Mas vou melhorando.
É que consegui não recorrer a vernáculo nem levantar o tom de voz.

Talvez que daqui a duzentos e cinquenta anos eu esteja no ponto certo para aturar coisas destas sem reagir.

By me 

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São cada vez mais os que alinham no sorteio da factura (com c). E que, para tal, fazem questão que a sua identificação fique inscrita em todas e quaisquer facturas (com c).
Quando um dia um qualquer agente estatal ou privado o questionar sobre o ter lido “aquele” livro, ou ter viajado para “aquele” país, ou ter jantado com “aquela” pessoa, nesse dia darão razão a mim e aos mais que comigo denunciam este esquema de bufaria instituída.


Nesse dia será tarde!

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Sobrevivência



Para a maioria dos que virem esta imagem fará sentido perguntar:
“E em que é que eu fico mais rico ou feliz em vê-la?”
Mas para mim vê-la ou, melhor ainda, fazê-la, é a forma que tenho de sobreviver depois de uma dose massiva de demagogia institucional, fortemente polvilhada de futilidade social.


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Inteligência



E porque é que os computadores são estúpidos?
Porque apenas dão respostas, não fazem perguntas.
Inteligência não é responder a estímulos, usar a memória ou dar respostas. Qualquer um faz isso, até uma pedra.
Inteligência é concluir que um mais um é igual a três, mesmo contra todas as evidências, e argumentar coerente.
Inteligência é ser e não estar.
Inteligência é olhar para um teclado e sonhar com uma flor.


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terça-feira, 22 de julho de 2014

Esfiapada e de luto



Na minha janela, a minha já esfiapada e desbotada bandeira negra vai continuar a drapejar!

Estou de luto!
Não! Não estou de luto pelas vítimas dos bombardeamentos em Gaza. Afinal, quando aquela esquadrilha de bombardeamento da FAP em Moçambique regressava à base sem terem encontrado o alvo, ia descarregar as bombas nos rios, pertinho das aldeias, antes de aterrar em segurança.
Também não estou de luto por aqueles que morreram na queda do avião. Afinal, em Março caiu também um avião da mesma companhia e tudo aparenta também não ter sido um acidente.
Não!
Estou de luto por aquela senhora que me perguntou se podia passar a cancela do cais do comboio comigo, enquanto segurava a mão da filha, talvez com cinco anos. A quem eu disse que sim mas que, logo de seguida, lhe perguntei para onde ia, a “empurrei” para a máquina e lhe comprei o bilhete. E que, já a bordo, foi para outro banco onde chorou, escondendo a cara no casaquinho da filha, que fazia de conta que não dava por nada. Sorriram p’ra mim, quando saíram.
Estou de luto por estas, que continuaram a viver com a vergonha de não ter como. E por todos nós, sem vergonha, a fazermos de conta que não é connosco.


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É importante?



E é importante o que isto é?
É mais importante o significante ou o significado?
É mais importante se agrada ou o que agrada?
Para a maioria das pessoas, confrontadas com uma fotografia, preocupam-se, antes de mais, em saber o que estão a ver. Só depois disso confrontam o que estão a ver com a memória e decidem (ou o espírito decide por eles) se coincide ou não com os conceitos já existentes.
E só depois disso a questão de “agrada” ou “não agrada” se coloca.
Na sociedade da informação em que vivemos e onde a imagem é imperatriz, a fotografia está no topo da hierarquia. A sua interpretação é a primeira abordagem, ficando a estética e os afectos para segundo, quiçá terceiro plano.
O racional sobrepõe-se sem esforço ao emocional.
É esta questão, creio eu, que estará na origem da nossa decadência social.



By me