sábado, 30 de novembro de 2019

domingo, 24 de novembro de 2019

????????




Alguém sabe onde se desliga o cérebro? Ficha, interruptor, ícone?
É que com ele desligado não penso. E se não pensar não corro riscos.
É que risco é o oficio dos arquitetos, não de fotógrafos ou videógrafos, que mais não sabem que trabalhar com imagens.



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sábado, 23 de novembro de 2019

Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte...




Por aquilo que li, as Forças Armadas vão passar a pagar renda às finanças pelas instalações que ocupam.
O Estado paga ao Estado pelo uso de imoveis do Estado. O Estado não arrecada nada, o Estado não perde nada, apenas se transferem dinheiros de um para outro departamento ou ministério.
Por outro lado, os edifícios e outros imoveis pertencentes as confissões religiosas, sejam quais forem, bem como a partidos políticos, sejam quais forem, continuam isentos de IMI.
Há qualquer coisa de pouco equilibrado quando algumas entidades privadas têm benesses deste género e a generalidade dos cidadãos ficam à margem.
Mas como, por outro lado, na igreja não se toca e são os partidos políticos que fazem as leis…



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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Luz



A propósito do Instagram e outros programas e sites onde as fotografias são publicadas depois de serem objecto de modificação com filtros, recorda-me uma estória televisiva.

O programa “João Baião”, nas noites de sábado da SIC, tinha uma linguagem de imagem inovadora em Portugal: quase não havia planos ou imagens paradas e o conceito de câmara estável parecia não existir. Na altura, alguém classificou esta linguagem de “televisão em movimento”. E fez escola, passados que são todos estes anos.
Aquilo que pouco foi divulgado é que esse tipo de imagem não surgiu como conceito estético mas como solução encontrada “em cima do joelho”. Aquelas horas todas de emissão, com todo aquele espaço e o tentar dar dinamismo visual limitava em muito o uso de tripés ou pedestais para as câmaras. E as câmaras portáteis da época, pesadas que eram, tornavam impossível o seu uso medianamente estável ao ombro ou à mão durante tanto tempo.
Assim, a opção foi tornar uma limitação em estilo e assumir, logo de início do programa, a instabilidade da imagem, forçando mesmo o seu abanar e movimentos rápidos e pouco “certeiros”.
Foi esta abordagem particularmente criticada na altura, até porque o próprio público se cansava da falta de estabilidade. E foi imitada em diversas circunstâncias, com ou sem sucesso.
Passados todos estes anos, esta abordagem visual é um estilo, intitulado “câmara à mão” nos meios académicos. Assume-se a ausência de estabilidade.
Mas é usada de forma parcimoniosa, como código de comunicação ou estilo visual, empregue se e quando se justifica.

Os filtros que modificam ou “estragam” as fotografias são idênticos. São usados para, com um carimbo de “arte”, disfarçar as incapacidades técnicas ou criativas dos seus autores. Desfocada, mal enquadrada, deficientemente exposta, tremida… uns filtros de riscos, cores, redutores de definição ou excesso de saturação e transforma-se aquilo que não se sabe fazer numa “obra de arte”.

Toda a experiência e inovação é necessária e bem-vinda! E a necessidade é a mãe da invenção.
Mas transformar uma poia de vaca em bosta de arte bovina…
Sugiro, para aquele que alinham nestas modas estéticas, que vão aprender os percursos daqueles que de facto inovaram na criatividade. Descobrirão que se trataram de inovações pensadas, argumentadas, decisões conscientes no romper com o classicismo e o convencional. E não por modismos tecnológicos, sugeridos por quem quer vender equipamento ou software. E também não para disfarçar o não saber o que é luz e perspectiva.

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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Bazem!



As músicas de “elevador” dos centros comerciais já têm guizos e sininhos;
Já se vêem luzes a piscar sem estarem em automóveis;
Os mais minorcas já olham para mim com um outro brilho no olhar;
A Popota já saltita ágil nos ecrãs.

Bazem!

O natal está a chegar!

Nota adicional: improviso com um telemovel

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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Até ao próximo capítulo



Segundo algumas teorias, em finando-se o corpo, porque gasto e já pouco util, a alma, seja lá isso o que for, regressará noutro corpo, que viverá de acordo com os méritos ou deméritos da vida anterior até atingir a perfeição. E entenda-se por perfeição o que se quiser entender.
Confesso que estas teorias me convencem bem mais que outras, que referem depositos de almas, uns por recompensa, outros por castigo, em que só temos uma oportunidade e que tudo termina numa existência paradisíaca ou infernal.

Daqui por uns vinte ou trinta anos cada o teremos de novo, para nos ajudar com o que aprendeu e mais fazer para nos continuar a maravilhar.
Viva quem faz! Ou fez!

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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Acto criativo




Vi-a do outro lado do claustro e fiquei guloso por um “boneco”.
O insólito do objecto, num lugar privado de objectos era apelativo. Mais a mais, e à distância, a sua sobriedade estava em linha com a sobriedade do local, as suas linhas “idem idem, aspas aspas”. E a sua localização, bem centrada entre duas colunas quase faziam pensar que o arquitecto setecentista o havia escolhido como o perfeito.
Quando a ela me cheguei, depois de percorrer o mesmo caminho que os antigos frades, havia mudado de lugar: A vigilante do lugar teria achado que de costas para as ervas seria indigno e colocou-a aqui.
Não tive coragem de recriar o que havia visto Nem de deixar o registo por mãos alheias.
Mas enquanto tentava fazer o que queria com a vetusta 50mm, um casal de turistas passeava, depois de ter visto os azulejos inscritos nos guias turísticos e, talvez, a exposição fotográfica que ocupava uma das salas.
Aguardei, já com a perspectiva e o controlo de exposição escolhidos, fazendo-lhes sinal que podiam passar. Passaram, mas fizeram questão de participar no “momento decisivo”.
Arrepiaram caminho e, intrometendo-se no enquadramento, quiseram colocar uma laranja no assento. Ele, que ela fez-me saber que me fotografaria com a minha câmara comigo lá sentado.
Fiquei sem saber se era o seu sentido de humor embotado, se influências das imagens expostas na sala se incapacidade de perceber que não se interrompe um acto criativo.
Num inglês que não era a sua língua nativa lá lhes fiz perceber que não, muito obrigado. E obriguei-os a ver outras imagens equivalentes que havia feito, numa tentativa de lhes demonstrar que esse não era o caminho visual que me inspirava.
Afastaram-se de nariz torcido. E fiquei sem saber se por não gostarem do que haviam visto ou se por não terem podido participar.
O episódio acabou por se tornar bem mais interessante que a fotografia, mas sempre ela aqui fica.



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domingo, 17 de novembro de 2019

Detalhes




Bom, mas bom mesmo, é quando descobrimos que não estamos sozinhos nas nossas opções ou ideais. Trate-se de afectos, sociedade ou criatividade.
Digamos que é reconfortante.
Tropeço hoje num conjunto de fotografias. Numa exposição.
Em preto e branco, com uma qualidade de impressão impressionante, passe-se a redundância.
Confesso que não me senti particularmente atraído por nenhuma em particular. Talvez alguma, demasiada, uniformidade entre elas, que denotará um estilo bem definido e assumido por parte do autor, desde há mais de trinta anos.
Mas houve algo que me cativou particularmente: o autor não se preocupou com as convenções de formatos. Quadrados, quase quadrados, rectangulares bem largo, proporções quase tão variadas quantas as imagens. Algumas aparentam respeitar o formato da câmara, outras são francamente resultado de trabalho posterior. Quiçá imaginadas aquando da tomada de vista. Ou não, resultado do repensar a imagem no laboratório. Sim, porque todas elas, pelo que me pareceu, são anteriores ao digital, em que cada imagem era, e é, um triunfo.
E é sempre reconfortante encontrar trabalhos que, de algum modo, se assemelhem ao que fazemos, sem plágios ou troca de ideias, mas tão só porque, de algum modo, chegámos a um mesmo pensamento ou resultado.
A imagem aqui exibida? Nada tem a ver com o que vi hoje: detalhe urbano subterrâneo.


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Encher a alma




Estive numa exposição. Colectiva. Em Lisboa.
Faz tempo que não frequentava nenhuma e isso fazia-me falta. Faz-me falta.
Para procurar referências, pistas, novas ou diferentes abordagens.
E, digam o que disserem os defensores do digital e do consumo on-line, ver fotografias numa parede nada tem de semelhante do ponto de vista emotivo ou mesmo visual com o ver as mesmas imagens num ecrã, por muito bom que este seja. A menos, claro, que tenham sido concebidas para tal suporte. E mesmo assim, tenho dúvidas.
Das dezenas que lá encontrei, foi esta que me encheu a alma. Que falou comigo. Será esta que recordarei das que vi, pese embora a espectacularidade de outras, de encher o olho. Mas o olho não é a alma, e mesmo que o olho recorde, a alma falará mais alto daqui por uns anos.
Da exposição vim com o catálogo/livro. Sempre que posso faço-o. Neste caso, está bem impresso, o que é uma mais-valia que nem sempre encontramos. Como exemplo, recordo o livro contendo a última exposição em Portugal de Sebastião Salgado, publicado pela Tachen. Que comprei a contra gosto, não pelo preço mas antes pela falta de correspondência entre a qualidade do exposto e do impresso. Ainda está no preservativo original, que quero manter na memória o que vi, não a corrompendo com as páginas que ali estão.
E ainda bem que fiquei com o catálogo/livro desta exposição. É que, procurando on-line para desta fotografia falar, não a encontrei. Nem no site do autor, Filippo Zambom. Quem sabe se para proteger a sua propriedade intelectual. Ou porque não lhe atribui a importância que lhe dei.
Aqui fica uma fotografia que me encheu a alma.
E o que é interessante de pensar é que ela, que tenho por muito boa, não respeita regras de composição. Nem regra de ouro, nem linhas de fuga, nem os espaços que os elementos requerem em geral… Um académico dirá que, de acordo com as regras estéticas, esta será uma menos boa ou má fotografia.
Mas encheu-me a alma.
Exactamente porque o não cumprir os ditames impostos pelo academismo consegue “falar” comigo e contar-me mais do que se fosse muito “certinha”, em que seria mais uma no meio de muitos milhares (milhões) que são feitas todos os dias. Nestas ou noutras circunstâncias.
Esta fotografia encheu-me a alma, por estranha ou risível que seja a expressão.
Felizmente fiquei com uma cópia, que convosco aqui partilho.


O seu autor? Filippo Zambom.
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Azuis



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sábado, 16 de novembro de 2019

Lisbon Sun Set



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Velharias???




Com uma velha Takumar 80-200, dos anos ’80.
E velhos são os trapos!



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Regras e afectos




Fico assustado quando vejo “profissionais” da imagem, estática ou animada, a levarem ao extremo a aplicação da “regra dos terços”.
Se as regras fossem para serem aplicadas assim, com rigor, no fazer de imagem, todos aqueles que fazem disso ofício estariam sem trabalho e, pior que isso, sem emprego. Que bastaria um qualquer algoritmo e alguma tecnologia para os substituir.
O equilíbrio entre os centros de interesse, as manchas de luz, sombra e cor, as linhas por elas criadas, as perspectivas, os sentidos de leitura, a profundidade do espaço, a harmonia de tudo isso com a nossa própria cultura e forma de interpretar aquilo que vemos e fazemos…
Se tudo isto fosse passível de ser objecto de regras e matemáticas, julgadas por juízes imparciais e infalíveis…
A arte não existiria, a vida seria uma sucessão de linhas e planos de projecção e os afectos, esses, seriam aplicados de acordo com os tomos escritos p’los lentes e sabedores.

Por mim, quero quebrar as regras, mesmo aquelas que eu mesmo concebo. E fico enfadado, de um tédio mortal, quando vejo profissionais aterem-se a regras como lapas na rocha.
Pobres diabos, incapazes de amar para além da família!

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Quando eu morrer




Quando eu morrer, por favor atirem-me para uma vala comum.
Que de nada valerei então mas quero continuar a ser igualitário mesmo depois do fim.
Do que tiver sido e deixado, que se divida em dois grupos: o que se não aproveita e o que sobrar.
De ambos que se tirem ilações: do primeiro e maior que se aprenda o que não fazer; do outro, se alguma coisa contiver, que se use para que os vindouros possam ir mais longe, onde eu mesmo não consegui ir.
Que a jornada é longa, tão longa enquanto houver um humano por cá.

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terça-feira, 12 de novembro de 2019

Bilhetes e recados



Creio já ter por aqui contado a estória.
Mas porque o meu olhar caiu agora sobre este alicate obturador da Carris, que está pendurado e bem à vista ali na estante, aqui fica.

Eu teria uns onze anos. Sei-o porque recordo para que escola seguia no autocarro. O autocarro ainda era de dois andares e tudo se passou no superior.
Quando me sentei já a coisa estava quente: o façanhudo do cobrador a exigir o pagamento do bilhete e a chorosa senhora a dizer que se tinha esquecido do porta-moedas em casa.
Não recordo as caras. Mas posso deduzir que o cobrador (aquele que nos exigia o pagar do bilhete e cujo dinheiro, se nos escapássemos, seria gasto em rebuçados ou pastilhas) teria a mala dos trocos em coiro a tiracolo, bilhetes coloridos e alicate numa mão e a outra livre para receber o dinheiro, entregar os bilhetes, accionar a campainha ou dar-nos com o alicate na cabeça quando tentávamos escapar.
Da senhora também não recordo as feições. Recordo, antes sim, o ela ter a mão na sua mala, rebuscando-a sem sucesso. Ela sentada, ele de pé.
E ele ameaçava com o mandar parar o autocarro junto da esquadra para chamar a polícia.
Eu achei que seria possível o deixar o porta-moedas em casa. E achei que a ameaça (pesada e violenta) era demasiado para tal situação.
E, indo buscar coragem onde não a saiba ter, paguei o malfadado bilhete à senhora, usando para tal os tais trocos para rebuçados e pastilhas.
Não sei ao certo que a senhora me terá dito, mas alguma coisa teremos conversado. Recordo, isso sim, que o cobrador se afastou satisfeito e da paragem onde ela saiu, algumas antes da minha.
Tamanha ousadia da minha parte, pirralho que era, ficou guardada em segredo, que não tinha eu coragem para a contar em casa. Segredo inútil.
Algum tempo depois (dias, semanas?) confronta-me a minha mãe com uma carta que estava na caixa do correio, perguntando-me “O que é isto?!”
A carta, endereçada a mim e devidamente estampilhada, era do tamanho de um cartão de visita, que na altura não havia normalização de envelopes ou correio.
E no interior continha um cartão e selos de correio.
No verso do cartão estavam umas palavras de agradecimento da senhora do bilhete. Não recordo quais. E os selos correspondiam ao valor do que eu havia pago.

Esta é daquelas estórias que me estão marcadas para sempre.
Não tanto por aquilo que fiz. Caramba: tenho-me repetido tantas vezes e de tantas formas que esta seria apenas mais uma. Com o eventual destaque de não me recordar de nenhuma anterior e da idade que tinha.
O marcante, garantidamente, foi o gesto da senhora. De quem, infelizmente, não recordo nem nome nem feições. Que me terá perguntado a morada e se deu ao trabalho de assim retribuir.
Já não há bilhetes coloridos com os números das zonas para serem obliterados. Nem cobradores de mala de coiro. Nem alicates pendurados dos dedos.

Mas espero que continuem a existir homens e mulheres como esta que, pelos seus actos e exemplos, continuem a demonstrar aos catraios que a solidariedade não tem idade nem é coisa vã ou do passado.

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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Estética pisada




Um dos aspectos interessantes de observar, nesta minha recolha fotográfica de tampas, é a forma como as inscrições são distribuídas na sua superfície.
Sendo certo que ela, a superfície, tem que ter relevo para que se evite o metal polido e as consequentes faltas de aderência com ou sem água, para além dos desenhos são incluídas inscrições que referem a função ou o que está no seu interior, a propriedade do objecto ou o promotor da obra, o fabricante e mais alguns detalhes sobre a robustez ou capacidade de carga suportada. Ocasionalmente a data.
Todas estas informações são distribuídas num espaço circular, como são quase todas as tampas que se querem impedidas de caírem no interior da tubagem. E é aqui, na gestão do espaço e no como as informações são orientadas que “a porca torce o rabo”.
Em coroa, viradas para o interior. Em coroa, viradas para o exterior. Em coroa, com um único ponto de observação. Em paralelo, com um único ponto de observação….
Todas estas opções estéticas e comunicacionais são em função daquilo que a superfície tem que possuir, como fechos, pontos de encaixe para serem retiradas…
O que é normal de encontrar, nesta gestão de espaço, é a simetria. Circular ou linear. Quer dependa apenas de letras e números, quer inclua algum logotipo.
Esta é um caso raro, de entre as que tenho encontrado.
Quem a desenhou optou pela simetria circular nas informações técnicas do material e fabricante, mas quebrando-a com a identificação de função e proprietário.
Quem concebeu esta gestão de espaço, quer tenha sido o fabricante quer tenha sido o cliente, encontrou uma soberba harmonia, transformando algo meramente funcional que ninguém vê e todos pisam numa verdadeira obra de arte.

A todos vós, que caminhais e apenas vos preocupais se no chão há buraco ou prenda de cão, prestai um pouquinho mais de atenção onde pondes os pés. E honrai os quase anónimos que concebem e executam semelhantes peças.



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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Sem enfeites ou transformações




Quem por aqui passa, por este espaço, talvez já tenha reparado que raramente uso este formato de imagem. Melhor dizendo, com estas proporções.
De facto, agrada-me francamente mais, e as mais das vezes, um formato com proporções bem mais alargadas, com a horizontal francamente maior que a vertical. Wide screen, 16x9, cinemascope, chamamem-lge o que quiserem. Até porque não tenho uma proporção preferida.
Depende, antes sim, dos elementos da imagem, da forma como se dispõe, dos seus tamanhos, das linhas resultantes… mas sempre bem mais largo que alto.
E justifico essa minha preferência com o facto de termos quase todos uma visão mais horizontal que vertical. E em virtude de nos relacionarmos com o universo circundante dessa forma, preocupando-nos com o que está à frente e dos lados, um pouco com o que está em baixo e muito pouco ou nada com o que está em cima.
E se, com as minhas imagens, prendo reproduzir o que vi, ainda que em duas dimensões, o formato convencional da fotografia não me convence. E muito menos o vertical, tão na moda com o uso e a ergonomia definida nos smarfones.
No entanto, e apesar destas preferências, não me coíbo de usar diferente. Nas proporções ou nas orientações.
Por vezes, é exactamente o enquadramento que fiz com a minha câmara que me agrada quando, mais tarde vou tratar a imagem. Coisa que não me espanta, já que quando fotografo já estou a pensar no enquadramento final, no quanto irei tirar acima ou abaixo. Tal como a maioria dos demais ajustes possíveis no editor de imagem.
No caso desta, talvez por sorte, talvez por hábito, talvez por saber, o que resultou da imagem original foi exactamente aquilo que imaginei: proporções, cores, contrastes…
Bom ou mau será outra questão. Mas correspondeu ao que “vi”, lá isso é verdade.


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Apeteceu-nos



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Cor versus P&B



Sobre fotografia, e antes de ir cuidar da vida de outras formas.
Uma fotografia em preto e branco não é uma fotografia à qual retiraram o factor cor.
Ou melhor: pode ser assim mas, regra geral, tem que ser muito mais que apenas isso para ser algo que valha a pena ver.
Não considerar a luz, os contrastes, os brilhos, as proximidades lúmicas de cores, significa que o resultado será, as mais das vezes, enfadonho e pobre.
Para já não falar na questão da gestão do espaço, das linhas reais ou imaginárias, de onde os centros de interesse estão colocados… em suma: da composição de imagem ou enquadramento.

Qualquer tolo, hoje, faz fotografia em preto e branco. Basta usar o menu certo.
Poucos são os que fazem boas fotografias em preto e branco. Para tal, há que saber ver para além de olhar. E saber imaginar o resultado ainda antes de levar a câmara à cara.

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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Just for the fun



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Liberdade




A liberdade se não é alimentada, cultivada, mantida, enferruja, enquista e solidifica.
E torna-se tão inútil quanto isto.



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Mais um pôr do sol (mais um)



Aqueles que vão vendo as imagens que vou fazendo e, quiçá, lendo as palavras que vou escrevendo, sabem que tenho uma especial predilecção pela luz que vem do lado de lá. Do lado de lá da linha de ombros, do lado de lá da boca de cena, do lado de lá do assunto.
É este o tipo de luz de que gosto e que concebo, concretizo e uso inúmeras vezes. Nem sempre, porque nem sempre se aplica, mas uma muito grande parte das vezes.
Mesmo quando a luz não é controlável por mim, porque estou num local público ou porque provem do sol, procuro inconscientemente essa solução, pondo-me de frente para ela.
Mas sendo certo que procuro esta luz porque gosto de ver e mostrar os contornos acentuadamente, por gosto de sentir a opacidade e a translucidez do que fotografo, porque gosto de “ver através de”, indo para além da superfície reflectora dos assuntos, mesmo num pôr-do-sol é isso que procuro.
A situação convencional de o sol no horizonte, com ou sem nuvens, com ou sem silhuetas marítimas, campestres ou citadinas, não me satisfaz.
Um pôr-do-sol, para mim, para além do que acontece lá terá que ter algo cá. Um primeiro plano forte ou nem tanto, opaco ou translúcido se possível.
Não apenas reforça essa minha preferência como ajuda a colocar o espectador naquele ponto exacto onde estive, vendo exactamente como vi.

E é importante fotografar um pôr-do-sol? Nada importante!
Até porque, convenhamos, será o fenómeno natural mais fotografado desde que a fotografia é fotografia.
Mas eu não fotografo para que seja importante. Ou diferente.

Limito-me a fazer o registo visual daquilo que me aqueceu a alma. Deixo a originalidade e a competição para os que entendem que ter um lugar no pódio da vida é vital para a sua sobrevivência.

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terça-feira, 5 de novembro de 2019

Filosoficamente coerente?




Viver de acordo com o que pensamos ou desejamos nem sempre é fácil.
Por vezes, manter a coerência, confrontados que somos com e com quem nos cerca revela-se complicado, levando a cedências que nos deixam em violentos confrontos internos. Que podem chegar ao limiar da sobrevivência intelectual.
Mas isso nem é o mais difícil, que acabamos quase sempre por encontrar soluções ou justificações interiores que nos permitem manter a sanidade mental.
Complicado mesmo é que quem nos cerca entenda que procuramos que as palavras e os actos correspondam. Que, para muitos, certas formas de pensar e certas formas de agir são inconcebíveis. Pelos credos ou pelas vivências.
Esses entendem-nos como excêntricos, maníacos, aqueles a quem há que perdoar porque não sabem o que fazem.
Ser filosoficamente coerente é bem difícil, caso queiramos coexistir em paz com o mundo que nos cerca. Alguns não conseguem e são triturados por dentro ou por fora, literalmente.



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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Justiça e comunicação social




Um dos graves problemas da comunicação social é o jornalismo de investigação.
Não ele por si mesmo mas a forma como é feito.
Perante um dado facto ou situação, o trabalho jornalístico é feito no sentido de acusar alguém, sem dar azo a que quem é acusado tenha oportunidade de se defender, apresentando algum tipo de provas, materiais ou testemunhais, que refutem a acusação.
Ou, quando é exercido o direito ao contraditório, a possibilidade de contrapor ao que é afirmado pelos jornalistas é reduzida a quase nada.
No estado de direito em que vivemos não é essa a norma da lei: Feita a investigação e apresentada a acusação, ao ou aos acusados é dada a oportunidade de, em condições equivalentes, apresentar a defesa.
Serão complexos os procedimentos legais, talvez demasiado para que o comum cidadão os entenda. Mas isto permite que quem julga (um juiz no caso da lei) esteja na posse de todos os argumentos e provas para decidir da culpabilidade ou inocência de quem ali vai acusado.
Na comunicação social o juiz é o público. Leitor, espectador ou ouvinte. E se as partes não puderem apresentar justificações em pé de igualdade, o público/juiz decide pela maior ou mais pesada argumentação: a dos jornalistas.
Indo mais longe: o “sangue”, as parangonas, os directos intermináveis, o tom do escrito ou reportado, irá fazer pender a balança para a acusação, mesmo que injusta, imprecisa ou tendenciosa.
Tão ou mais grave que isto é o caso de se provar a inocência no “tribunal mediático”. Não têm jornalistas ou empresas de comunicação a prática de limpar o nome ou a reputação de quem acusaram e julgaram na praça pública. Fica, para quem acompanhou as reportagens “sangrentas” e os discursos inflamados, o “saber” da culpabilidade nunca equitativamente desmentido.
Por muito que possamos romancear sobre o “sagrado dever” do jornalismo, ele não é praticado. Nos casos de sangue, de economia, política, desporto, sociedade…
Quem tiver a pouca sorte de cair em desagrado por parte de um jornalista ou redacção está inexoravelmente tramado. Por vezes com a vida e o futuro desfeitos.
Recordo que os três poderes da sociedade são o legislativo, o executivo e o judicial. O quarto poder, a comunicação social, não é sufragado e tem interesses privados fruto do negócio de vender notícias.
A democracia, que tanto se defende por cá, não abrange os media, retirando-lhes baias e éticas.




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domingo, 3 de novembro de 2019

D'arquivo



Sinto-me frustrado.
Poderá isto parecer prosápia da minha parte, mas estou a ser completamente honesto!
Estive num encontro onde sabedores do seu ofício falaram do que fazem, comparando as experiências e os condicionalismos do local exacto em que se empenham.
Estive lá para aprender. Eu, que sou menos que aprendiz na matéria, sem formação académica, com experiência reduzida e já recuada no tempo.
Pois a minha grande frustração foi o quase não ter ouvido depoimentos cujo conteúdo eu ignorasse ou falar de experiências que, com excepção de um caso e por motivos óbvios, eu não tivesse já vivido ou produzido.
Ou bem que sou um auto-didacta de sucesso ou bem que as experiências e as teorias ali expressas de pouco valor se revestem.
E sinto-me frustrado porque fui ali para aprender coisas novas.
Excepto uma frase que não conhecia deste modo e que realço:
“A estética é um ramo da filosofia.”
Donde, aprofundar a estética ignorando a filosofia é um absurdo. E, indo mais longe, considere-se que por “filosofia” se deve entender “conhecimento”.

Não tinha visto ainda as coisas desta forma e acho que vou passar uns tempos a remoer o assunto.

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Sintomas




Se tivesse frio, ainda poderia dizer que se tratava de gripe. Se tivesse almoçado ou jantado, ainda se poderia supor que me tinha caído mal. Se me tivesse lembrado de alguém de quem muito gosto, estaria apaixonado.
Mas nada disso.
Apenas, em regressando do café matinal, vi um casal de salvadores de almas, vestidos com os seus fatinhos domingueiros e com a malinha de bíblias ao ombro, a rondar a porta do meu prédio.
Fiquei de imediato a pensar qual dos meus discursos de sucesso ou qual dos meus tripés usaria para correr com eles.
Talvez aquele de não ter fé e ela ser um dom de deus. Ou aquele tripé de madeira, com os pés em bico de alumínio. Eventualmente abrir a porta vestido como vim ao mundo, tentando o choque cultural ainda antes de poderem argumentar.
Felizmente, eles perceberam que o número da porta não correspondia ao que traziam escrito num caderninho e zarparam para o prédio do lado.
Pobres vizinhos!



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Detalhes lúmicos




E porque vi uma fotografia de estúdio, bonita sem dúvida, mas sem racord de luz, aqui está uma outra que fiz, tentando recriar Diógenes ainda que noite.
Dizem que andava de dia, com uma candeia acesa, em busca de um homem honesto.



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sábado, 2 de novembro de 2019

Saberes




A conversa surgiu, já não sei a propósito de quê, na mesa do costume, com os comensais mais ou menos do costume. Aliás, era a hora do costume.
A certa altura, comecei a descrever o fazer, o usar e as consequências dos cocktail Molotov. E como minimizar os efeitos do gás lacrimogénio: materiais, métodos, fornecedores. E como neutralizar, temporariamente, gente com capacete com viseira. Ou, perante uns quantos, qual ou quais visar primeiro. E como. E mais umas coisinhas do género. E explicando como o saber disto se pode tornar útil nos tempos que correm, quer agindo quer interpretando acontecimentos.
A mesa silenciou notoriamente, com uma ou outra interrupção para esclarecimento, acompanhadas de uns sorrisos e anuências silenciosas de um dos presentes, que fez disto ofício em tempos.
Quando me calei, que haveria que passar do peixe para a sobremesa, questionaram-me como sabia aquilo, mais aquilo que dei a entender que também sabia. E respondi.
As bibliotecas, ainda antes de haver internete, são locais onde se pode aprender muito, mesmo entre os livros classificados mas que escapam aos filtros dos funcionários. A internete veio acrescentar conteúdos e detalhes, desde que se saiba procurar.
Mas, no fundo, no fundo, também eu estava espantado pela quantidade de coisas que me ia lembrando, algumas que nem sabia que sabia.

O saber não ocupa lugar e, em sendo solicitado, vem ao cimo, como azeite na água. Excepto se armazenado nas bibliotecas, onde realmente ocupa lugar.



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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Mágoas



A sua casa ardeu num incêndio florestal e perdeu tudo.
Para a reportagem, foi disto que queixou.

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Imagem: roubada de um canal de televisão