quarta-feira, 31 de maio de 2017

Ora batatas!



Foi há uns dias.
Fui à exposição “Cosmos Discovery” com um jovem amigo e fomos barrados na entrada. Que teríamos que deixar as nossas mochilas.
Ainda tentei argumentar com a questão da confiança: Se não confiam em nós, porque raio temos nós que confiar na integridade de quem as guarda? Não serviu de nada.
De seguida argumentei que nos museus que conheço lá fora a única restrição que colocam é não estar nas costas, podendo as mochilas serem transportadas ao peito ou na mão. Também não os convenci.
E o tom da conversa, se bem que urbano e cordato, subiu um pouco.
Estive prestes a dizer que não entraria nessas condições e vir embora. Só não o fiz porque quem me acompanhava queria mesmo ver a exposição e seria uma decepção “bater com o nariz na porta” por questões de princípio. Entrámos.
Mas no decurso da exposição encontrámos três pessoas, um adulto e dois jovens, tranquilamente passeando com as mochilas nas costas.
Fica-me a pergunta, obviamente: a questão é uma regra para todos ou fica ao critério discricionário dos vigilantes e responsáveis?

No interior conteúdos interessantes, desde peças originais a réplicas, miniaturas, simulacros…
Não sendo eu um especialista na matéria, fui gostando e aprendendo.
Até que “a porca torceu o rabo”!
Numa vitrina, as câmaras fotográficas que foram à lua. Hasselblad, para quem não sabe…
E com alguns detalhes técnicos, que li de fio a pavio. “Estava em casa”. E mais valia que não estivesse!
Havia legendas para todos os objectos expostos, escritas em Inglês e em Português. E, neste caso, não correspondiam uma com a outra.
Na versão inglesa falava-se em “lens speed” e que tinham um desenho de construção para corrigir perspectivas; na versão portuguesa falava-se em “velocidade do obturador” para o mesmo efeito.
A expressão “lens speed” poderá ser estranha para a maioria das pessoas mas está correcta. As objectivas são mais ou menos rápidas, na medida em que deixem passar mais ou menos luz e necessitem de mais ou menos tempo de exposição para uma mesma quantidade de luz na película ou sensor.
Mas a tradução de “lens speed” poderá ser “objectiva rápida” ou “objectiva luminosa”. Nunca “velocidade de obturador”, que é um elemento bem diferente do sistema.
Mais ainda: só conheço um tipo de obturador que influencie a perspectiva. Trata-se de câmara panorâmicas em que a película está curva no seu interior, no lugar de plana como é habitual. E o obturador, ao funcionar, movimenta-se num semi-circulo à sua frente. Com isto consegue-se uma imagem panorâmica alargada, mantendo a imagem focada de um extremo ao outro e com uma perspectiva correcta, já que o eixo está corrigido.
Ao que sei, nada disto foi usado na Lua.
Tratou-se de um erro de tradução, que passaria despercebido ao comum dos visitantes. Mas muito pouco admissível numa exposição que se pretende “científica” e com carácter didáctico, para além de lúdico.
No final, fiz o reparo ao erro. Que admitiram, bem como a existência de outros que não vi. Mas não senti vontade de fazerem as respectivas correcções.

Fica o recado para os que estão a pensar visitar a exposição:
Compareçam com bom aspecto, barba feita, gravata, etc., sem mochilas e sem a ilusão de que tudo o que ali aprenderem esteja certo ou sujeito a correcção.
Afinal, aquilo é um negócio em que o lucro se sobrepõe ao rigor no trato ou nos conteúdos.

Um mau negócio para os visitantes, na minha opinião.

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terça-feira, 30 de maio de 2017

Eventos



Acabou a moda dos eventos fotográficos. Ou, pelo menos, deixei de ter informação sobre essa coisa estranha.

Que isso de irem todos para o mesmo local atacar com a câmara os mesmos assuntos, com a mesma luz e com perspectivas idênticas, tem tanto de criativo quanto a lista telefónica da região de Lisboa.

By me 

Celebração



Só para que conste:

Faltam vinte e dois dias.

By me

Revistas



Andava com vontadinha. De ler uma revista de fotografia.
Nada de ecrãs fosfóricos ou outros, nada de teclas ou quejandos. Papel, bem impresso e, neste caso, num formato simpático. E num preço aceitável.
O único senão é ser francesa, que parece ter invadido as bancas portuguesas em desfavor de todas as outras opiniões ou abordagens estética.
Abro-a num artigo sobre controlo de exposição. Não que seja ignorante na matéria, mas não me tenho na conta de tudo saber e “o que vier à rede é peixe”.
O artigo começa, na primeira linha, com:
“Une bonne photo c’est un suget interessant, bien cadré et shooté au moment adéquat.”
Fiquei esclarecido! Estes são os conceitos de “boa fotografia” do autor, em que a estética obedece a regras e o factor comunicação nem sequer é referido.
Acabarei de ler o artigo, já que é mais técnico que outra coisa, mas não creio que lhe dê grande relevo. Tal como à revista, que lhe dá relevo de capa.

Manias!

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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Herança



Passei metade das férias da Páscoa de 1975 no sótão do liceu que então frequentava a reparar mobiliário.
Eu e mais uns quantos e quantas, que não fui nenhum herói solitário.
Os entusiasmos da nova liberdade bem como a coexistência entre rapazes e raparigas, coisas novas para todos, levaram a que carteiras, cadeiras e mesas se estragassem, chegando ao ponto de haver salas onde uma cadeira suportava dois rabos.
Nem vandalismo nem maldades. Apenas descontrolo juvenil.
O trabalho fez-nos criar felizes bolhas nas mãos, que nem nós estávamos habituados a tais tarefas nem as madeiras que serrávamos, martelávamos e aparafusávamos eram macias.
Alegres bolhas, todos os dias escoadas com agulha e linha em casa.
Mas mais alegres eram os nossos motivos, que sabíamos que o futuro haveria de sair das nossas mãos e fazíamos por isso.

Hoje espera-se que um ministério qualquer faça um concurso e que alguém decida a reposição do mobiliário danificado.
Hoje todos esperam que alguém faça algo por nós, que desistimos de lutar e construir o dia de amanhã.
Hoje entregamos a terceiros o nosso futuro e a nossa felicidade, na ilusão de que eles saberão melhor que nós o que nos convém.


Triste herança que deixamos aos vindoiros!

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domingo, 28 de maio de 2017

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Uma imagem vale por mil palavras.
Mas uma palavra pode valer por um milhão de imagens.
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Partilhas



Quando se ouve falar em “partilha”, imagina-se normalmente objectos ou coisas: comida, dinheiro, cigarros, cama, transporte…
E é garantido que a partilha é boa. Para todos.
Mas a melhor partilha não se mede, não tem peso ou volume, ou mesmo tempo. São as emoções!
Os entusiasmos e os desânimos, as alegrias e as tristezas, os pontos altos e baixos da vida, é que valem mesmo serem partilhados.
As gargalhadas que se soltam, os ombros que se molham com lágrimas, as mãos que se dão para saltar um muro, os abraços silenciosos, as lutas que se travam… São estas partilhas que contam.

As outras partilhas até se encontram nos supermercados ou nas teclas do computador. Quantas vezes em saldos.

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sábado, 27 de maio de 2017

Fotografia vista à lupa



Exercício prático em 3 de Agosto de 2014 sobre "o que é a objectiva"

Para os cépticos que duvidam de certas técnicas, aqui fica um exemplo menos comum:
Uma fotografia feita com uma objectiva constituída exclusivamente por uma lente, com 100mm de distância focal, montada num fole de macro-fotografia para focagem.
Medição de luz usando o sistema da câmara.
A imagem da direita teve uma exposição de 1/2500, e uma abertura plena de cerca de f:2,8.
A da esquerda teve uma exposição de 1/60 e um orifício frontal feito num cartão com uma abertura de cerca de f:16.



É isto importante? Talvez não, mas este é o grupo que viu fazer a fotografia, que espreitou pela câmara e que viu construir a dita objectiva.

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Esgotos anónimos



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sexta-feira, 26 de maio de 2017

A porta



Uma porta é uma porta!
Poderá haver quem diga que é uma abertura para se passar para o outro lado da parede, poderá haver quem diga que é o que impede que se passe para o outro lado da parede. Depende de se assumir uma atitude positiva ou negativa.
Em qualquer dos casos, uma porta é uma porta!
O que pode diferenciar notoriamente uma porta de outra porta é o que se encontra do seu outro lado. Ou o que já esteve do seu outro lado. Que também as portas, ao servirem de fronteira permissiva ou impeditiva, têm história. Como um copo de cerveja, uma pedra de calçada ou uma ferradura. E, neste caso, é de ferraduras que falo.
Ao que sei, e posso estar enganado, esta era a porta do último ferrador aberto ao público em Lisboa. Outros existem ainda, em picadeiros ou hipódromos, mas de porta aberta para que qualquer um pudesse ser atendido, este terá sido o último na cidade.
Foi substituído, naturalmente, por uma miríade de oficinas auto, com os seus pneus, motores, pintura e bate-chapa, electricidade…
Mas ver um casco ser afagado, uma ferradura ser moldada, os cravos pregados… isso não mais, nem aqui nem em outro local em Lisboa.
Restam as memórias de quem lembra, os relatos de quem sabe e tudo o que esta porta alta poderia contar se falasse.

Conseguem ouvir… o martelo, uma no cravo, outra na ferradura?

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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Tu



Quando o direito à reunião for condicionado só a alguns, quando a polícia do pensamento prender só porque pensaste, quando o dizer diferente for um crime…
Que vais fazer tu?


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Sombras



“Isto é óbvio!”, disse uma amiga licenciada em comunicação social, ainda que não a exercer, a quem dei a ler este pedacinho como aperitivo de uma proposta de leitura.
“Certo!”, respondi-lhe. “Mas quem vê o óbvio? Quem pára para pensar nele e agir em conformidade? Tantos quantos os que param para ver a sombra na fachada aqui em frente, todos os fins de dia.”
Antes que o coloque numa das prateleiras dos que sei que irei voltar a ler, aqui vos deixo um nico do “Olhando o sofrimento dos outros”, de Susan Sontag:



“As fotografias objectivam: transformam um acontecimento ou uma pessoa em algo que pode ser possuído. E as fotografias são uma espécie de alquimia, por mais que sejam consideradas como um relato transparente da realidade.”

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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Semântica



Esta fotografia foi feita por um conhecido. Com o meu telemóvel.
Na sequência da conversa que estávamos a ter, entreguei-lhe o aparelho pronto, disse-lhe para segurar nele e premir o respectivo “botão”.
De seguida perguntei-lhe o que acabara de acontecer. E a resposta foi a do costume: “Tirei uma fotografia.”
Neguei a sua afirmação e disse-lhe que acabara de fazer de deus. Um deus qualquer, não importando o nome ou a origem.
Que com os seus gestos, e usado de três tipos de energia (a da luz, a do aparelho e a sua criativa) havia produzido algo que não existia segundos antes. E é isso que os deuses fazem: criar do nada a partir de energia. Fazer coisas!
A consequência dos actos deste meu conhecido foi o “fazer” de uma fotografia, não o “tirar” uma fotografia.
Que temos o verbo tirar como negativo, enquanto que o fazer é positivo.

Tenho feito este exercício prático com conhecidos de proximidade e com desconhecidos que o acaso coloca de conversa comigo.
E o resultado deste exercício, bem como do resto da conversa, em regra deixa-me satisfeito. O que vejo nos seus olhos, quer seja a dúvida do “isto será mesmo assim?”, quer seja a dúvida “ele será mesmo louco?” deixa-me com a certeza de ter provocado alguma dúvida e uma brecha nas certezas que as palavras nos dão, em particular aquelas que usamos sem pensar.


E ter dúvidas ou colocar em causa as certezas antigas é, talvez, a coisa mais inteligente e produtiva que o ser humano pode fazer.

By me

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Várias têm sido as sábias vozes que me têm recomendado o perder peso.

Por isso, estou a ponderar o ter só um livro no saco com que saio de casa.

Solitário na linha



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Dizem os especialistas em física que o calor dilata os corpos.
Pois eu ponho em causa tal postulado! E afirmo, sem sombra de dúvida, que o calor encolhe. E muito notoriamente.

Repare-se como o calor faz encolher as mangas, as camisolas, as calças, as saias, as meias, as cobertas…

terça-feira, 23 de maio de 2017

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Eu não gostaria de viver num país em que todas as portas se arrombam com a facilidade que vemos nos filmes.

Mas gostava de viver num país onde fosse tão fácil encontrar lugar para estacionar mesmo à porta do local para onde vamos como vemos nos filmes.

Ninguém



Ninguém fotografa algo para esquecer!

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domingo, 21 de maio de 2017

Manhãs



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Linguísticas

“Ministério público considera gravação de Temer legal após avaliação técnica.”, é o que leio no título do jornal.


A questão é saber se é “legal” no sentido “dentro da lei” se “legal” no sentido “fixe”.
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Domingos



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sábado, 20 de maio de 2017

Azinho



E quando me perguntam porque uso, de quando em vez, um pin com um azinho, respondo meio sorridente:

“É a primeira letra do alfabeto, é o símbolo de anarquia ou acracia, é a primeira letra de uma palavra. Fica ao teu critério o seu significado.”

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Virá o dia, estou certo, em que me sentirei livre para poder contar o que sei porque ouvi, vi e fotografei.
A ética, tanto a pessoal como a profissional, é terrível em certas condições!
Até lá, vou apenas divertindo-me ou sofrendo.

E mantendo-me tão rigoroso comigo mesmo como até agora.

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sexta-feira, 19 de maio de 2017

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Acabo de ler uma publicação on-line onde se publicita um workshop de fotografia.
Para ser mais concreto, um workshop de iluminação de estúdio.
É um assunto que me interessa, pelo que fui ver os detalhes.
Promovido por uma fotógrafa e uma loja de fotografia, compõe-se de duas sessões, num total de 18 horas, identificado como sendo de nível iniciado, com abordagem teórica e prática.
Os diversos assuntos que se anunciam parecem-me interessantes, talvez muitos para esse tempo e um máximo de 15 participantes, mas tudo depende da qualidade pedagógica da formadora (que não conheço) e das bases que os participantes tiverem.
No final, diz-se que os participantes devem possuir uma câmara que permita operação totalmente manual, um computador portátil e o Adobe Photoshop ou o Adobe Lightroom.
E é aqui que a porca torce o rabo!
Então para se editar imagens com qualidade “profissional” é obrigatório possuir software de uma determinada marca?
Não ponho em causa a qualidade do referido software. Bem pelo contrário. Eu mesmo, que o conheço, não o domino em profundidade.
Mas condicionar um workshop de iluminação de estúdio à posse de uma marca de software… é fazer publicidade à respectiva marca, excluindo a existência de outros softwares que possam fazer trabalho equivalente.
Mais ainda, é obrigar os participantes a possuírem de antemão (ou comprarem de propósito) o referido software.
Parece-me que os promotores do workshop estão limitados naquilo que conhecem, em particular no uso de softwares.

Repito que nada tenho contra a Adobe, bem pelo contrário. Mas parece-me pouco cordial impor tais limitações num workshop de iluminação de estúdio.

Juro que o meu interesse em o frequentar se reduziu a zero.

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Madona esteve no Liceu Francês, contam-me todos os jornais.
Para que a não acusem de tendenciosa, na semana que vem passará pela Escola Alemã, na seguinte pelo Instituto Cervantes e, se for inaugurada a tempo, na outra dará uma saltada à Academia de Mandarim.
Os jornais agradecem.
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Há duas diferenças entre amigos e irmãos:
- Os amigos escolhem-se, os irmãos não;
- Sobre os irmãos não se dizem coisas más, principalmente nos jornais e se os irmãos forem países.

Dúvidas?

Vejam os jornais de hoje e como são tão “politicamente correctos”!
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Num jornal



Isto é o que vejo num jornal diário de hoje.

Pergunto a quem saiba de leis:
Qual a pena aplicável a estupro?
Qual a pena aplicável por uns ossos partidos numa situação de violência doméstica?
Qual a pena aplicável a quem atira um cão pela janela?
Qual a pena aplicável a quem ocupa passeios com automóveis junto a infantários e escolas do primeiro ciclo?


Há algo de muito errado na nossa sociedade quando o dinheiro tem tanto peso.

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O rolo



Um dia alguém me explicará, a sério e como se eu fosse muito estúpido, porque raio é quase uma impossibilidade tecnológica o encetar-se um rolo de papel higiénico sem rasgar a primeira folha.

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quinta-feira, 18 de maio de 2017

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“Trump diz que está a ser alvo da maior “caça às bruxas” da história americana.”, é o título do jornal.


Tenho que presumir que ele exclui o McCartismo da história americana.
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Plasticidades



Um destes dias apresentar-me-ei no Parlamento, pedirei respeitosamente a palavra e, quando me a derem, lerei a minha proposta de revisão do código civil, penal, comercial, fiscal,…
Tratar-se-á de uma obra volumosa, de muitas páginas, tendo escrito na última a palavra “continua” e coisa nenhuma em todas as outras.

O bicho-homem, na sua busca de uma sociedade perfeita, justa e livre, acaba por fazer exactamente o oposto: usa uma teia incrincada de leis, regras, códigos, normas, imposições e proibições que, ao invés de o libertarem, apenas o mantém limitado.
Na expressão plástica acontece o mesmo. Os autores vêem-se confrontados com os limites dos suportes. Definidos em formas padronizadas pela indústria e com regras concebidas em tempos de antanho e consideradas inabaláveis.
No caso da fotografia ainda se vai mais longe, levando o acto de distribuir as formas dentro do suporte com o nome de “enquadramento”. Colocar dentro de um quadro ou quadrado, com limites bem visíveis.
As indústrias de câmaras, papeis, molduras, imprensas, jornais, TVs, cinema, web, revistas… seguem pela mesma linha.
Um quarto ou meia placa, dois por três, três por quatro, widescreen, cinemascope, meia página, mancha inteira, duas colunas…

Estou em crer que o artista plástico mais livre da história do Homem, terá sido o nosso ante-ante-antepassado. Com as suas pinturas e gravuras rupestres e a ausência de limites ou imposições.
Talvez que o seu descendente actual seja o pintor de graffitis, mas mesmo assim é discutível.
Mas certamente não serão os fotógrafos que nas artes plásticas se comportam com mais liberdade ou a assumem, atados que estão a regras e limites.


P.S.: Não sei se sou fotógrafo, se não sou fotógrafo ou se sou uma coisa ambivalente, vivendo dentro das minhas próprias contradições!

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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Dar



Quando pensamos em dar, é normal pensarmos em objectos. Alguns pensam em dinheiro. Menos pensam em tempo. Ocasionalmente pensa-se em afectos.

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terça-feira, 16 de maio de 2017

Estava ali



Estava ali, no meio de quase nada, numa solidão imensa só ultrapassada por aquilo que por vezes sentimos no meio da multidão.

E ficarei sempre sem saber o como chegou ali ou o de onde veio ou ainda o por que passou desde a caixa original até ao abandono final.

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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Nem tudo



Nem tudo o que magoa é feio, tal como nem tudo o que é bonito é fofinho.

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Ser grande



Incomoda-me, nas histerias colectivas, que tantos queiram migalhas da glória de terceiros apenas porque nasceram no mesmo país ou gostam do mesmo grupo ou adoram a mesma divindade.
A esses, que se sentem grandes porque alguém é grande e por acaso vocês até nem conhecem pessoalmente, sugiro uma coisa:

Façam vocês mesmos algo que vos transforme em grandes e deixem de parasitar a glória de outros.

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Lugar vago



Vejamos:
Um lugar vago num estacionamento é um lugar vazio.

E um lugar vazio não é, obrigatoriamente, uma coisa boa.

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domingo, 14 de maio de 2017

Fedon



Somos muitos.
Já fomos mais, um bom bocado mais, mas decisões governamentais e opções empresariais reduziram-nos a sermos apenas muitos.
Hoje soube que somos menos. Menos um.
Logo um dos raros a quem eu recorria em caso de necessitar de uma opinião séria e ponderada, apesar da sua atitude espaventosa.
Somos muitos e agora somos menos.

Menos um. Puta de vida!

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sábado, 13 de maio de 2017

Ratoeira



Alguém vai ter que me explicar uma coisa ou duas, que sou um ignorante nestas coisas de religião.
Não houve um qualquer profeta, no velho testamento, que baniu as imagens dos cultos? Chegando mesmo a amaldiçoar quem o não fizesse?
Não foi Jesus, o filho do Deus, o Deus feito homem, que condenou as negociatas no tempo? E, com isso, irando os sacerdotes contra si e os seus ensinamentos?

A ser verdade as questões acima, porque constantes na Bíblia e ela é o livro sagrado, como se justifica o que aconteceu ontem e acontece hoje em Fátima?

Serei mesmo muito estúpido, ao não entender a lógica destes factos.

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sexta-feira, 12 de maio de 2017

Desabafo




Há uma dúzia de anos publicava eu este desabafo.
Se os sentimentos ou sensações tivessem unidade de medida, eu não mudaria um grama ao que teria sentido se a história tivesse acontecido ontem.


Não! Hoje disse NÃO!

Não vou falar do padre que prefere que se matem crianças de cinco anos a que se pratiquem abortos!
Não vou falar dos políticos suspeitos de tráficos de influências e de destruição do património natural e que – suspeitamos – ficarão na mesma!
Não vou falar daqueles que se humilham e sacrificam em prol de uma fé que, e com isso, enriquecem estados e pessoas!
Não vou falar de fanáticos que se explodem em favor de uma causa que não entendem bem, apenas para matar mais uns quantos inocentes!
Não!
Hoje não vou falar disso, nem com a boca nem com a objectiva! Voluntária e conscientemente, não farei com que isso seja o tema de conversa ao jantar, enquanto a pantalha inunda os lares com essas e outras informações sangrentas e inconsequentes!
Não!

Apeteceu-me não, disse não e fiz não! E fiquei um dia mais novo!
Saí de casa com esta vontade e, a quinhentos metros do trabalho decidi não. Telefonei para lá e usei de algumas prerrogativas que a senioridade e o respeito profissional conferem: baldei-me!
Mesmo à porta do trabalho decidi: Hoje não quero trabalhar!
E segui em frente. Quase sempre em frente. Para onde o nariz apontava. Um pé à frente do outro, sem pressas nem vagares. Andando apenas.
Com aquela tranquilidade que diz: Hoje o tempo é meu! Não mo deram nem cederam: conquistei-o. Não tenho nada para fazer porque quero e isso torna-me imensamente mais rico e de bem comigo e com o mundo!

As casas, as fábricas, as ruas, as relvas, os passeios, os números das portas sucederam-se como se a marcha se tivesse invertido: eu parado e tudo o resto em movimento. O chão por baixo, o céu por cima, sem peias nem norte.
Atravessei o santuário do consumismo como cão por vinha vindimada.
Por um qualquer motivo interior, as pessoas pareceram-me mais. Mais alegres e mais acabrunhadas. Quem sorria, sorria com mais prazer, quem rilhava os dentes, fazia-o mais alto.

Estou mais novo um dia porque o quero. Porque abri os olhos e vi quem e o que me rodeia. Não porque tivesse tempo livre mas porque libertei o tempo. Os ponteiros saltaram, os mostradores ficaram em branco e os números alinharam-se pelo rumo do meu nariz…

Parei antes de me afundar. O rio foi a minha fronteira, que os sapatos não gostam de água.
Entre a esquerda e a direita, ganhou o coração. E a relva chamou-me. Verde mas seca, tornou-se o colchão da minha liberdade, o fiel depositário dos meus ossos enquanto a mente vagava bem lá por cima.
As nuvens agregavam-se e separavam-se no azul, ao sabor de ventos e temperaturas.
Formavam padrões abstractos (ou sou eu que não os sei ler?). Lamentei não ter trazido, como de costume, a câmara de casa. Mas, depois, agradeci.
Não só não me preocupei com o rectângulo que exclui tudo o resto, como nunca conseguirei chegar aos pés do mestre para o imitar. O seu a seu dono!
Foi bem melhor deixar que as nuvens se moldassem ao meu espírito, ou o espírito às nuvens, ou ainda numa simbiose animal/mineral para benefício de ambos.
Há momentos em que o bom mesmo é nada fazer, ser apenas. Os sons, a luz, o tacto, os aromas, os paladares (agora uns Pint’s pretos). Ser apenas. Sem sal nem pimenta!

Não! Hoje não!
Hoje não contribuo para pensamentos negativos de quem me cerca! Hoje sou inocente por abstenção das perguntas complicadas das crianças intrigadas, não vou obrigar a mudar de canal, não vou pintar de podre a reunião familiar nem complicar as digestões.
Sou cúmplice – somos todos – mas hoje não quero!

Hoje decidi ser livre!
E desse lado? Quando foi a última vez que o foi? Em consciência!



Imagem: Equivalente, Alfred Stieglitz, 1926(?) 
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Troféus



Ao longo dos anos tenho tido diversas intervenções no campo da fotografia.
Desde o mero lúdico ao ser pago para fazer trabalhos encomendados, desde a investigação nas formas, conteúdos e funções à formação em ambientes e condições várias…
Em todas elas obtive, em maior ou menor grau, aquilo que procurava: satisfação por fazer aquilo de que gosto.
Uma das actividades em que estive envolvido foi a chamada “trocas”. Actividade formativa, destinada a todos os graus de conhecimento e idade, tendo por objectivo que o formando terminasse cada encontro com conhecimentos adicionais que lhe permitissem fazer melhor aquilo que já vinha fazendo. Sem a pretensão de querer formar profissionais ou teóricos na matéria.
O nome trocas surgiu da forma de negócio: não havia dinheiro envolvido, sendo que cada um contribuía com o que podia ou queria. Eu dava o conhecimento, estruturado e de forma acessível, cada participante traria o que muito bem entendesse sujeito apenas a uma condição: feito pelo próprio.
Nunca defini o que era “feito pelo próprio”, o que levou a que tivesse recebido em troca os objectos mais variados, uns já existentes, outros feitos de propósito. Sempre sem que se considerasse o valor económico em causa.
Numas arrumações aqui em casa acabei por vir a encontrar este cisne, junto com outros. Tratou-se de uma “troca” tão justa quanto as outras, com o acréscimo pessoal de eu não saber fazer este tipo de objecto.
Volta e meia vou encontrando este tipo de troféus aqui em casa, fruto das Trocas ou de qualquer outra situação. E para cada uma delas, independentemente do tamanho, forma ou função, eu tenho a certeza de ter sido sempre muito bem “pago” por aquilo que fiz. E sempre com um sorriso ao lembrar o rosto de quem mo entregou.
São estes pequenos troféus que justificam o que vamos fazendo ao longo da vida.

O dinheiro? Alguém se recorda do número de série das notas que usa?

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quarta-feira, 10 de maio de 2017

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Também na empresa onde trabalho foi decidido dar tolerância de ponto para dia 12 devido à visita do Papa.
Espero que quando o Dalai Lama voltar a Portugal aconteça o mesmo.

A bem da igualdade de tratamento religioso num país cuja governação se quer e se diz laica.

Escribas de serviço



O título no jornal é “Última hora escola assaltada e vandalizada em Lisboa”.
Como sub título pode ler-se “ Funcionários e crianças tiveram de ser assistidos pelo INEM”.

A primeira interpretação a partir daqui, e antes de se ler toda a notícia, é que o acto aconteceu com funcionários e crianças por perto, o que pode conduzir a uma segunda interpretação ou pergunta: O que terão feito aos funcionários e crianças?
Lendo o corpo da notícia, particularmente escasso de detalhes, ficamos a saber que o assalto ocorreu de madrugada, que foram roubados computadores e despejados os extintores. Isto para além de actos de vandalismo não especificados.
A necessidade de serem assistidos pelo INEM aconteceu porque alguns funcionários terão inalado restos do despejado dos extintores. E algumas crianças por precaução.
Claro que fica de seguida a pergunta: Se o assalto ocorreu de madrugada, quão grave terá sido a inalação dos restos dos extintores? Ou terão andado os funcionários com o nariz no chão e nos móveis a aspirar o pó branco residual, pensado tratar-se de uma prenda do Pai Natal?

Gosto do alarmismo social que alguns escribas de serviço se encarregam de provocar nas folhas de couve em que derramam a sua incompetência.


A imagem? A que acompanha o artigo em causa.

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terça-feira, 9 de maio de 2017

Tinha chovido



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Balões



É verdade que sim, que não estão todos do mesmo tamanho.
Mas concordarão que foi um bom trabalho, para quem deixou de fumar ainda não há ano e meio completo e que passou quase meio século a fazê-lo.
Quanto ao parecer haver festa…

Há sempre festa quando a cabeça e o coração mandam. Ou só um deles, à vossa escolha.

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segunda-feira, 8 de maio de 2017

A bandeira



Por motivos que não interessam agora aqui divulgar, há quase um mês hasteei na minha janela esta bandeira.
Tenho um carinho especial pelo objecto e pelo que significa, a ponto de o querer ter sempre a bom recato. Mas desta feita achei que a sua exposição aos elementos se justificava em pleno.
Tenho hoje o prazer de a arrear, intacta, sabendo que o motivo do seu hastear terminou a contento de todos.


Viva a Cataluña e a Estelada!

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sábado, 6 de maio de 2017

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- Olha lá: porque é que te desviaste?
- Não viste? Estava ali um formigueiro.
- Sim. E daí?

- Bem, eu gostaria que um elefante se desviasse se eu estivesse no seu caminho.
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Facilitismos



O acto de fotografar é hoje quase tão banal quanto o beber um copo de água.
Um pássaro, uma festividade, um acidente, um raio de luz e já está! Saca-se da câmara, como o cowboy da pistola, e dispara-se, perdão, fotografa-se.
O relativamente baixo custo das câmaras digitais, por vezes disfarçadas de telemóveis, e o quase nulo custo do apertar do botão do obturador - que nome se dará nas câmaras digitais? - faz com que talvez se produzam mais fotografias por unidade de tempo que cigarros fumados. Ainda bem!
Há cada vez mais gente a registar aquilo que vê - e por vezes aquilo que sente - o que permite que um maior número de pessoas tenha acesso a uma forma de expressão que os satisfaça.

Mas este facilitismo tecnológico e, porque não, económico, tem as suas desvantagens!
Por um lado, a fragilidade do seu suporte. As imagens apagam-se com enorme facilidade, com um simples delete, para poupar espaço nos arquivos. Ou ainda perdem-se com avarias imprevistas nos discos rígidos ou ópticos, desaparecendo assim o trabalho e a memória colectiva.
Por outro, o custo zero do disparo faz com que os fotógrafos produzam muito mais imagens de um mesmo assunto, cada uma delas menos pensada, ponderada.
“Clic, clic, clic, à velocidade do processamento da memória ou da prontidão do flash. Alguma delas estará boa. Depois logo se verá!”
A aprendizagem, através da “tentativa e erro” é francamente mais lenta. O guardar na memória electrónica daquilo que o sensor vê é feito com muito menos certezas e muito mais por acasos.

Talvez por tudo isto eu seja um pouco “conservador”!
Ainda que, no momento, quase só utilize equipamento digital e, com ele, siga um pouco “na onda” do acima descrito, sinto alguma nostalgia das câmaras clássicas de película. Em particular as de médio e grande formato.
O custo de cada imagem, tanto a nível do original como do laboratório, implicava algum grau de certeza no acto de fotografar. E a complexidade do equipamento e o seu peso e tempo usado antes e depois da tomada de vista eram tais que só se disparava o obturador pela certa. Gastar trinta ou mais minutos numa fotografia para “deitar fora” não é apelativo!
Estas câmaras, e o seu manuseio, tinham implicações - limitações, desvantagens, vantagens? - que nos levavam a pensar o assunto, na sua forma e conteúdo, que nos levavam a estudar a técnica e a estética de cada imagem antes de a fazer. Que nos obrigava a “VER” a imagem, antes de a obter.
Não significa isto que as imagens produzidas por estas câmaras e métodos fossem melhores que as actuais. A qualidade das fotografias - e do trabalho do Homem - não depende da ferramenta mas dele mesmo e do uso que lhes dá!
Mas levava a uma maior disciplina interior que hoje cada vez mais se vê menos.
No caso da fotografia, cada vez mais se vêem imagens que, sendo bastante razoáveis e tendo grande potencial, poderiam ser muito melhores se o fotógrafo tivesse “pensado” e “visto” a imagem antes de a fazer.
O facilitismo e a quantidade nem sempre - ou raras vezes - significam um aumento da qualidade na mesma proporção.


E contra mim falo, entenda-se!

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sexta-feira, 5 de maio de 2017

Velharias



E quando oiço “Isso é coisa de velhos, já não se usa!”, lembro-me do Universo, da sua idade, de existirmos nele e de dele dependermos.

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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Photographia



“O monumento tem por finalidade fazer reviver no presente um passado engolido pelo tempo.”, leio no livro “A alegoria do património”, de Françoise Choay.
Em contrapartida, a photographia tem por finalidade perpetuar no futuro a efemeridade do presente, digo-o eu.


Coisas!

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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Rosas e Gerberas



Amam-se as rosas e amam-se as gerberas.
Amam-se os Ferraris e amam-se os 600.
Ama-se o Sushi e amam-se as francesinhas.
Amam-se as sandálias e ama-se o perfume.

E, no meio de tantos amores e desamores, onde ficam os afectos?
Onde ficam as pessoas?
Onde ficam as companheiras ou companheiros?
Onde ficam os abraços e os amassos, os beijos e os abreijos?

Tal como “obrigado” e “desculpe” estão a sair de moda, já pouco se ouvindo, também o verbo “amar” está demasiado banalizado, aviltado, prostituído.

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