sexta-feira, 31 de julho de 2009

Como se faz?


Já fotografei gente de todas as cores e continentes, idades e condições sociais.
Quer seja no deambular em busca de, quer seja no ficar quedo à espera que, o género humano vai ficando registado nas minhas películas, pixels ou neurónios.
Há, no entanto, um grupo de pessoas que nunca fotografei, para quem nunca dirigi a minha objectiva e com quem não sei se alguma vez me relacionarei fotograficamente.
E não apenas pelo pouco, se algum, interesse que essas pessoas têm pelo que faço mas, e principalmente, pelos escrúpulos que tenho em os fotografar. Que fotografar alguém sem o seu consentimento ou, no mínimo, sem o seu conhecimento, não é nem bonito nem respeitoso da sua liberdade de existir e viver.
E muito menos o será se os fotografados não puderem, de algum modo, reagir ao resultado do que faço, quer seja pelo agrado ou desagrado, quer seja pelo simples facto de lhes não ser possível ver as respectivas fotografias. Em circunstancia alguma.
Refiro-me a cegos!
Como se pode pedir a um cego que seja fotografado?
Como se pode “roubar” uma fotografia a alguém se esse alguém nem sabe o que lhe foi “roubado”?
Assim, aqui vos deixo a única fotografia que tenho coragem de fazer de um cego.
Talvez um dia, se inventarem fotografias em Braille…


Texto e imagem: by me

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Para mais tarde recordar, ou talvez não


O normal de acontecer em torno da minha câmara de madeira é boa disposição e sorrisos, por vezes mesmo gargalhadas.
O que antecede e sucede ao click da função, faço eu para que assim seja, quer aproveitando a surpresa sorridente do fotografado, quer porque tiro partido das recordações agradáveis que a câmara e eu mesmo provocamos, ali se passam uns bons minutos de satisfação.
Foi o caso de um homem, já na casa dos noventas, que me confessou que a primeira fotografia que fez foi numa câmara destas, tinha ele 14 anos, vestindo o primeiro fato que possuiu. Foi fazê-la ao Campo Grande, em Lisboa, que era mais barato que nos outros fotógrafos de rua e muito mais barato que nos de loja. E fez, a pé, o percurso do Bairro Alto ao Campo Grande para não pagar o bilhete, que trabalhava 18 horas por dia numa taberna do bairro, morando por cima, emprego bom, à época, para quem chegou da província para sobreviver.
Faz tempo que não o vejo por ali, pelo Jardim da Estrela.
Foi também o caso daquela senhora idosa, frequentadora diária daquelas sombras e bancos de madeira, que comentou, um destes dias, para as amigas com quem estava, que já ali havia feito uma fotografia. E, em tom bem mais alto, para que eu a ouvisse, afirmou: “Ainda a tenho! É uma recordação…!”
Falta-me saber o que aquela fotografia lhe recorda, já que foi feita ainda não há três meses.
Mas nem sempre o que acontece por ali, relacionado com a minha “Oldfashion”, é assim agradável ou bom de recordar.
Um destes, dias, a uns bancos de distância do meu poiso, um homem e uma mulher discutiam. A bem dizer, era mais um monólogo que uma discussão.
Ele, com uns bons 25 anos a mais que ela, estava sentado, sem dizer o que quer que fosse, intercalando o olhar distante para o horizonte urbano com o levar à boca para umas goladas a garrafa de vinho que tinha na mão.
Ela, de pé à sua frente, reclamava ora em tom baixo, ora audível de onde eu me encontrava, que queria o cartão, que o cartão era dela.
A dado passo, oiço-o retorquir-lhe. “Olha! Vai mas é ali fazer uma fotografia!”, ao mesmo tempo que acenava com a cabeça para o meu lado.
Foi uma estreia, já que do muito que já ouvi sobre fotografia no geral e sobre a minha câmara em particular, nunca nada foi em tom de insulto ou como substituto de palavrão. E fiquei sem saber de que cartão se tratava, se de telemóvel se de Multibanco, que se foram embora sem que a questão ficasse resolvida, ao que me pareceu.
Mas, mais ou menos na mesma altura, não me recordo do dia exacto, um casal com criança de colo passam por mim. Ela a falar em tom baixo, mas ríspido, ele a tentar sorrir enquanto empurrava o carrinho da cachopita.
Parou ele, questionou o que é costume questionar e quis fazer o retrato. De família. Todos a sorrir como é da tradição. Esforço vão, que ela não o quis e a fotografia ficou-se por dois terços dos visitantes. Enquanto ela, de parte, mantinha o cenho franzido.
E mais ficou quando a viu, à fotografia, e confirmou o preço pedido: coisa nenhuma.
Quando se afastaram, continuou ela o discurso interrompido, por palavras e gestos, e continuou ele a tentar sorrir.
Desta feita, o fazer de uma fotografia não provocou nenhum sorriso. E não creio que, passados tempos, meses ou anos, sorriam pela recordação. Que há coisas que não são “Para mais tarde recordar!”


Texto e imagem: by me

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sobre uma notícia


E o texto, lido ontem no telemóvel sentado no comboio a caminho do trabalho, era este:

“Professor condenado a 14 anos por duplo fratricídio

Porto, 27 Julho (Lusa) – O tribunal condenou hoje a 14 anos de prisão o professor que a 12 de Março matou os seus dois irmãos numa padaria, golpeando-os com uma faca.
Ficou provado que Arnaldo F., professor de 54 anos, se deslocou à padaria Formosa, (propriedade da família) na Foz, com o intuito de se reunir com os seus dois irmãos para tratar de assuntos de herança.
Porém, por razões que não foi possível apurar, gerou-se uma discussão durante a qual o arguido empunhou uma faca e atingiu com golpes que lhes provocaram a morte.!”

E a pergunta é a seguinte:
Porque motivo, num texto sintético de 103 palavras sobre um julgamento e os factos com ele relacionados, existe por três vezes a palavra “professor”?
A identificação da actividade profissional do condenado em nada acrescenta ou retira seja o que for aos factos. Ter sido incluída uma vez, para identificar o estrato sócio-económico da pessoa em causa, teria sido suficiente, ainda que na classe de professores existam diversas condicionantes extra para o definir com rigor: o grau de ensino em que exerce, onde o exerce, há quanto tempo, etc.
Estou em crer que a tripla repetição de tal identificação não será inconsequente, tendo como intuito escondido ou motivo inconsciente, o denegrir esta classe profissional que, coincidência ou não, tem sido a que mais contestação tem feito ao actual governo e cujas consequências dos seus actos reinvidicatórios, afectando milhares de famílias por todo o país ao fazerem qualquer tipo de greve.
É assim, com pequenos detalhes quase imperceptíveis, que vai sendo moldada a opinião pública. E o pacato e desatento cidadão, engole o isco, o anzol e a chumbada, ficando assim intoxicado para o acto eleitoral seguinte.
O quarto poder, não democrático porque não sufragado, é exercido de acordo com interesses não confessos, poucas vezes respeitando a ética jornalística que, por sinal, até que está bem descrita nos livros de escola onde o ofício se aprende. Ensinado por professores, pertencentes à tal classe que aqui é denegrida bacocamente.

Texto: by me
Imagem: edit by me

terça-feira, 28 de julho de 2009

É preciso azar


É preciso azar!
Instalada ainda não há dois meses, esta lomba rodoviária já está neste estado!
Não sei o que acontecerá com as restantes obras que têm decorrido na Av. Alvares Cabral, em Lisboa. Têm acontecido na sequencia da velha tradição que implica a existência de visíveis e complicadas obras públicas em ano de eleições. E, neste ano, acontecem mais que uma delas.
Mas, neste caso, por muito boas intenções dos autarcas de novo candidatos, a verdade é que nem duraram até ao dia da votação, deixando um aspecto de desmazelo ao invés de modernidade e perfeição.
Como diz o povo, “Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo”.
Mas é preciso azar!


Texto e imagem: by me

Eu sou Tótó!


Pelo menos é a opinião que cerca de noventa por cento das pessoas com quem conversei. Mas eu conto.
Avariou-se uma peça de um equipamento vital para um trabalho que tenho em mãos. Esse equipamento tem características únicas e, ao que sei, deixou de ser fabricado.
Procurando pela peça em causa junto do fabricante, via web e telefone, não a encontrei. A sua substituição por outra, construída ou adaptada por mim é possível mas cara, difícil e morosa.
A solução encontrada foi a de comprar um equipamento completo, onde essa peça constasse, ainda que sabendo que o conjunto não respeitaria as especificações e necessidades que o meu projecto tem. Mas sempre aproveitaria a tal peça para substituir a avariada. E encontrei o que procurava. A peça funciona com quero mas o equipamento, no seu todo, estava avariado com um defeito de fabrico.
Para solucionar a questão, fiz o que se me afigurou por mais lógico e correcto: contactei a loja, expliquei o problema – a avaria e a minha necessidade da peça – e propus trocar todo o conjunto por um novo, que haveriam de mandar vir de outra loja ou do representante. Assim ficou combinado e é uma questão de dias.
Em contando toda esta situação a diversas pessoas, fiquei surpreendido com o que me foi aconselhado fazer:
Discretamente trocar a peça que eu queria na embalagem do equipamento e devolver o conjunto. Ser-me-ia devolvido o dinheiro do negócio e eu ficaria com a peça nova sem que, na loja, se apercebessem da coisa, até porque, em regra, nessas lojas pouco sabem dos detalhes do que vendem.
Claro que fiquei, mais que surpreendido, incomodado com a proposta! Sendo exequível é também desonesta! E, se o tivesse feito, mais que ter resolvido o meu problema, ficaria com um peso na consciência e dificuldade em dormir por uns tempos largos!
Mas esta estória – o meu problema e a solução que muitos me apresentaram – serviu para outra coisa: ficar a conhecer com mais profundidade algumas das pessoas com quem me relaciono: o seu “Chico-Espertismo” e o seu grau de honestidade.
E honra seja feita aos dez por cento dos meus interlocutores que assumiram uma atitude de honestidade natural que, se na altura nada me disse, agora me faz sorrir de satisfação.
Quanto aos outros noventa por cento, que me chamaram Totó, sempre lhes digo que tenho orgulho em o ser por estes motivos!

P.S.
Depois de escrito o rascunho do acima escrito, fui acertar o negócio na loja, que o equipamento novo e completo já tinha chegado.
Para azar meu e espanto conjunto, o novo que havia chegado tinha exactamente a mesma avaria, sem tirar nem por. Nem eu nem quem me atendeu, com idade para ser meu descendente, queríamos acreditar no que estávamos a ver. E ficámos a olhar um para o outro e para a avaria, sem saber que fazer.
Até que, do outro lado do balcão, me foi sugerido que fizesse aquilo mesmo que eu não havia querido fazer. Dito à boca pequena, não fosse mais alguém ali ouvir.
E, com desgosto meu, acabei por ser desonesto: voltei a casa, troquei a peça na caixa do equipamento, e voltei à loja, onde entreguei o conjunto e me foi devolvido o dinheiro.
A loja, mero intermediário entre fabricantes e clientes, em nada ficará a perder, que o devolverá ao representante. Este, de um grande e internacional produtor, considerará esta avaria como uma gota de água no seu orçamento imenso e nem lhe dará atenção. Eu, fiquei com o meu problema resolvido e a custo zero. Prejuízo nulo para os intervenientes!
Excepto para a minha consciência, que continuará a dizer que fiz um acto desonesto, consciente e com a recomendação e cumplicidade da sociedade em que me insiro. Que me chama Totó por não o ter querido fazer.
Que os deuses me perdoem por o ter feito!


Texto: by me
Imagem: be by me

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Se a moda pega...


Compra de siderurgia anulada após a crime
Ameaçados com despedimento, trabalhadores chineses espancam director até à morte

A compra da siderurgia pública chinesa Tonghua Iron and Steel foi anulada depois de o seu director-geral ter sido espancado até à morte por trabalhadores a quem acabava de anunciar despedimentos, noticiou hoje a imprensa chinesa.
Trata-se de um caso inédito na China, apesar de os conflitos sociais no país serem cada vez mais frequentes e por vezes violentos.
Os factos ocorreram sexta-feira na siderurgia Tonghua, principal produtor da província de Jinlin (nordeste), quando cerca de 3 mil operários pararam a produção e atacaram o director-geral, Chen Guojun, que acabava de os informar do despedimento de até 30 mil trabalhadores devido à compra da siderurgia pelo grupo privado Jianlong.
"Chen desiludiu e provocou os operários ao anunciar que a maior parte deles seria despedido nos três dias seguintes. A multidão enfureceu-se quando Chen disse que o número total de trabalhadores ia ser reduzido para 5 mil", escreve o jornal China Daily.
Depois de espancarem violentamente o director-geral, os trabalhadores da Tonghua enfrentaram a polícia e impediram uma ambulância de se aproximar de Chen. Gravemente ferido, o director-geral acabou por morrer no hospital quando ao fim da tarde o conseguiram retirar da fábrica.
Um porta-voz do governo provincial de Jilin confirmou a morte do director-geral, mas recusou adiantar qualquer pormenor.
"O governo provincial decidiu suspender a fusão. A polícia está a investigar o homicídio", disse o mesmo porta-voz.
Segundo a agência Nova China, a compra da Tonghua foi suspensa "para impedir um agravamento da situação".
Esta era a segunda tentativa do grupo privado, com 17 filiais na China e sede em Pequim, de comprar a siderurgia, classificada no 244.º lugar na lista das 500 maiores empresas do país.


Texto: in público.pt
Imagem: by me

sábado, 25 de julho de 2009

Comparações





Now:
How was it done?
On the field:
Mavica FD 71 versus Pentax K100D + 70-300 Sigma.
Full automatic: exposure, sensibility and focus. Pentax was on “day light” pre-selection.
Same perspective and framing, or almost, first taken with Mavica, then with Pentax.
Mavica with “Best quality”, Pentax with RAW.
Post-production:
No adjust what so ever but size on Pentax’s pictures to Mavica’s pictures size, background and shadow (just for the fun!)

And now tell me if an over 12 years old camera, with 640x480 pixels, can or can not surprise us?


Texto e imagem: by me


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Photo friends


Not long after I got my first computer, I start working with my first digital photo camera.
By then there were few models on the market and it took me some time until I decided on what to buy. And the chosen one was this: a Sony Mavica FD 71. And for several motives:
It uses as media 3 ½ fllopy disks. Then, it was a must, since each branch use his own system and we had to install some kind of software to see their pictures every time we want to see them on a new computer. And, some times, we can’t do that.
This camera also allow us to do manual focus, something I consider indispensable to have. Further more, this manual focus was done using the focus ring at the lens and not some electronic control. Not so many cameras did that, then.
Third: it have a 10x lens, quite good and having a maximum aperture of f/1.8, Can you find a medium quality camera, now a days, with such aperture?
We can also turn off the back light of the screen, allowing to save power in day light. Clever system!
Besides being a digital and not a film one, two things were quite different from what I was used to do:
We can’t lend it on the face but have to use it at some 20 cm away. And that was something really new, then;
The lens isn’t on the centre of the devise but at the top left. It was strange working with a camera with the lens off centred.

Why all this?
Well, some years latter, I sold the camera, since I got the Olympus Z3030. But, as always, some time after I regret the trade. I have some attachment to my cameras and I miss those I sold. I still miss my Linhoff ones!
But, lucky me, the business was done with a colleage, at work. And, after all this years and a phone call, I was able to have it back on my hands. I paid him what he asked me, 30 €, and it was a good for both of us: He didn’t use it any more, I got my “precious” camera back.
Believe it or not, this 12 years old camera still works as new, with it’s 640x480 picture, accurate light measure, fast and effective auto-focus having nice colours and perfect light balance.
But the funniest thing of all was laying my hands on it, after all this years away, and find out that they – my hands – knew by heart every buttons and shapes. As if I have being using it until yesterday.

It will be kept safely stored, away from dust and moisture, together with some others old friends, like the Kodak 110, the Lomo (made in USSR and not Russia), the loyal Olympus and so. My Pentax LX is always in my second bag. Some of the others are my today’s lovers: all the time with me, making love!
But, as I do with the others, once in a while I’ll pick it up, recharge its battery and take some pictures.
After all, a friend (even old) is forever!



Texto e imagem: by me

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Homenagens arrepiantes


Foi notícia um destes dias:
Na Alemanha, com direito a cerimónia oficial e solene, foi homenageado um oficial alemão por ter tentado assassinar Adolf Hitler. Ao que recordo, tratava-se de um oficial superior, que o tentou fazer com uma bomba ocultada numa pasta que terá levado para uma reunião de estado-maior, já em 1945. E, pelo que a história nos conta, a bomba explodiu mas falhou o alvo principal. O oficial em causa foi, pouco depois, detido e executado.
Esta notícia, confesso, deixa-me arrepiado. Não porque nutra alguma simpatia por Adolf Hitler, o seu regime ou mesmo o seu ideal de sociedade. Nem pouco mais ou menos.
Mas fico incomodado por se homenagear alguém que tentou matar um ser humano. Nos tempos que correm, na sociedade que construímos e vivemos, homenagear uma tentativa de assassinato, ainda que pelos melhores motivos, não é consentâneo com os conceitos de paz, harmonia, tolerância, evolução social que se apregoa pela Europa fora.
Indo mais longe, tratou-se de uma tentativa falhada. Ainda que bem planeada, as circunstâncias alteram-se fortuitamente e o ditador sobreviveu à bomba. Assim, não apenas se homenageou um assassino como um falhado. Uma homenagem a um fracasso, ainda que pago com a vida.
Mas a cereja no topo do bolo é que o assassino, que falhou, era um oficial de confiança do alvo do atentado. Só conheço um termo que classifique condignamente este acto: traição!
Assim, ainda que os motivos possam ter sido os melhores, e foram-no, homenagearam um assassínio falhado, resultante de uma traição.
Serão estes actos – assassínios, falhanços, traições – os exemplos que queremos que sejam respeitados e copiados no futuro? Serão estas as lições que queremos que as crianças de hoje aprendam como os comportamentos certos a terem quando crescidas?
A juntar a tudo isto, recorde-se que a homenagem decorreu mais de meio século passado sobre a II Guerra Mundial. Uma homenagem bem à distância.
Mas, neste aspecto, não podemos nós – portugueses – ser exemplos de comportamento. Não apenas o nosso primeiro rei e fundador da nacionalidade o foi porque entrou em guerra com sua mãe como, recentemente, lhe foi atribuída uma medalha, entregue e ficando à guarda da presidência da república. Novecentos anos passados.
Efectivamente, são homenagens que me arrepiam. E que me deixam preocupado sobre os exemplos que damos aos vindouros!

Texto e imagem: by me

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sugestão


Ultrapassando as grades e entrando no túnel, conseguimos ver a luz ao fundo.
Claro que depois há sempre mais grades, e mais túneis, e mais grades, e mais…
Sugestão: tragam convosco uma lanterna e uma marreta. Terão sempre ocasião de as usar!

Texto e imagem: by me

sábado, 18 de julho de 2009

Imagine


Imagine spending all your working day in a big space, with no sun light, all the time breathing and earing air conditioned, seeing, earing, living of and showing others lives through the magic box.
Now you know the life of a tv cameramen or a vision engineering, on a tv news studio. With no sun all the time!
But, today, I found out that just before the sun set, if we open two iron doors near the stairs, we get this bit of sun. Almost square but real sun light!
Maybe, with some mirrors and hard work, we can transform our studio into something more pleasant.


Texto e imagem: by me

Ghost


Por longa que seja a caminhada, espera-nos sempre uma moldura vazia.

Colocamos-lhe uma imagem, deixamos a nossa marca e seguimos.

De nós mesmos?

Dos outros?

De coisa nenhuma?

A cada um a sua resposta!

Sintomas...

... dos tempos que correm!
Num talho, num bairro bem popular de Lisboa

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Just a botle


Just an empty bottle.
In a near past it had some soft and fresh lemonade. And was left over on a seat of a train.
It was a really hot day!
But the smile on the lady’s face, next seat, while I keep shooting this, make it cooler.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Fachadas


E o que tem este prédio de especial?
Praticamente nada!
Não conheço ninguém que lá resida ou tenha vivido; não foi objecto de nenhum prémio ou distinção especial; está localizado na Av. Casal Ribeiro, ali às avenidas novas, em Lisboa, e está condenado a uma demolição próxima. Terá uns cinquenta anos de idade e um desenho típico dessa época.
O que faz, então, com que seja digno de nota? Precisamente o seu desenho!
Prestando um pouco de atenção a esta fachada condenada, constatar-se-á que cada um dos andares é diferente dos demais.
Diferenças notórias, como sejam o número de varandas ou janela singelas, ou diferenças subtis, como o remate superior das janelas ou uma decorativa falsa sustentação das varandas. Cada andar tem o seu desenho próprio, a sua identidade única, quase que uma personalidade.
Se se prestar um pouquinho mais de atenção, reparar-se-á que estas diferenças não são tão importantes que acarretem acréscimos de custo significativos. As madeiras são iguais em todas as janelas, o ferro forjado das janelas e varandas igualmente. As diferenças estão mesmo na pedra, material nobre cada vez menos usado em detrimento dos sintéticos, alumínios e plásticos.
Ao olhar para este prédio em fim de vida, construído para ser habitação de famílias, sabe-se que cada família teve uma vida diferente. O próprio espaço construído o permitiu, usando um desenho estrutural uniforme, por motivos de custo, a individualidade de cada uma. À chegada a casa, cada residente olharia para a fachada e, sem grande esforço, identificaria o seu próprio “ninho”, ainda que edificado nas fragas de alvenaria.
A esta facilidade, definida pelo arquitecto, acrescentaria-se, certamente, os materiais e cores das cortinas ou reposteiros e algum eventual vaso de sardinheiras, típico da capital lusa.
O espaço de residência ficaria assim bem definido, criando uma empatia entre ele e os moradores. “Eu vivo ali e gosto disso, é a minha casa!”
Nos tempos que correm, os arquitectos e as directrizes municipais quase parecem impedir esta satisfação. Cria-se o desenho exterior de um dos andares e depois é só reproduzi-lo tantas vezes na vertical quanto a volumetria do local e o investimento do construtor permitem. O anonimato dos bairros, das ruas, dos prédios é cada vez maior. Viver numa cidade actual ou numa povoação ou bairro suburbano tornou-se, por via desta descaracterização do espaço, apenas a satisfação da necessidade básica de abrigo. Grandes ou pequenos, os prédios actuais são o reflexo exterior do factor número que a sociedade cada vez mais impõe aos seus elementos.
Personalidades, aspectos, gostos, vivências, preferências, tudo isto fica, a cada dia que passa, mais normalizado, standardizado, padronizado.
A própria arquitectura, uma das belas artes, está corrompida por esta filosofia de anular o indivíduo ou o grupo básico, negando-lhe o direito à diferença, à afirmação de si mesmo como elemento autónomo.
E os exemplos do passado, onde cada um era um e não apenas mais um, vão caindo no esquecimento, demolidos porque velhos ou incómodos.
Se passardes na Av. Casal Ribeiro, em Lisboa, ou em qualquer outra rua, olhai para os prédios velhotes, alguns já entaipados. E honrai o esforço de alguns arquitectos na criação do espaço individual, em luta com a normalização. E, se prestardes um pouco de atenção ao que as paredes vos contarem, talvez consigais imaginar nesta janela o fazer de um bebé, naquela o ler de um livro, um pouco mais acima a reunião em torno do repasto familiar, na outra o…
E tentai fazer o mesmo num edifício moderno!

Texto e imagem: by me

quarta-feira, 15 de julho de 2009

6:00 am


Waking up at 3:30 am and start working at 6:00 am has its advantages:
We can say “Hello!” to sunrise!

terça-feira, 14 de julho de 2009

É triste


A notícia era assim:

“Advogado de Bibi suspenso por três anos
A Ordem dos Advogados condenou José Maria Martins por violar os estatutos da profissão. O advogado já recorreu
José Maria Martins, advogado de Carlos Silvino (Bibi), o principal arguido do processo Casa Pia, foi condenado pelo Conselho de Deontologia de Lisboa da Ordem dos Advogados (OA) a uma pena de três anos de suspensão. Na origem do processo estará a violação de vários artigos do estatuto da Ordem. José Maria Martins é acusado de ignorar situações de conflito de interesses, de falta de honestidade e violação da confiança de colegas e clientes, entre outros
…/…”
in: ionline.pt

Soube dela porque além ma referiu, dizendo em tom bem jocoso que ela em nada espanta, já que se trata de um advogado.
A piada nada tem de novo, até porque a opinião generalizada sobre os advogados não é a melhor.
Mas fiquei triste quando a li, mais tarde, em versão de papel e em versão electrónica.
É que a pessoa aqui referida, José Maria Martins, quase que se dilui perante o nome tristemente sonante de um seu representado, Bibi. É este referido no título e no primeiro parágrafo quase tantas vezes quantas o nome da pessoa noticiada. E isto é triste.
Não que porque a pessoa em causa tenha sido alvo de tal sanção por parte dos seus pares, na ordem dos advogados. Por aquilo que sei da pessoa em causa, nos media e do que tive oportunidade dele conhecer no decurso da minha actividade profissional, não é pessoa que me inspire simpatia ou confiança. Nada de mal me fez, directamente, mas é uma questão de empatia quase animal. No caso, negativa.
Mas é triste que alguém que, de uma forma notória, procurou a publicidade nos media, com entrevistas e declarações pouco convencionais, para mais não adjectivar, seja identificada por ser advogado de alguém e não tanto por si mesma.
Até mesmo a imagem dessa pessoa publicada no jornal não é uma fotografia mas tão somente um desenho. Quase que como se não valesse a pena usar uma imagem real da pessoa em questão.
É triste ser-se advogado e ficar-se conhecido por um cliente famoso e um desenho. Acaba por ser uma notoriedade emprestada e imaginada.
É triste!


Texto: by me
Imagem: in ionline.pt

segunda-feira, 13 de julho de 2009

domingo, 12 de julho de 2009

A menina dos cigarros


A menina dos cigarros estava ali para vender cigarros.
Venderia igualmente fósforos, não fossem os fósforos já terem uma menina nas histórias.
Mas a menina dos cigarros também poderia vender automóveis, alfaces, apartamentos ou bilhetes de cinema.
Acontece que de menina pouco já teria. Um pouco mais alta que eu, o seu sorriso, a fatiota, o recheio da fatiota e como o recheio usava a fatiota denotavam não ser novata nestas coisas do marketing, cigarros ou o que quer que seja.
Tentou convencer-me a experimentar uma nova variedade de uma conhecida marca de cigarros. Sendo que sou consumidor, faz muitos anos, de uma outra marca que até nem é americana, não me convenceu. Ainda lhe perguntei o que esta nova teria de diferente das já existentes, mas mais não disse que lhe tinha agradado quando provou, que as leis do tabaco não permitem a adjectivação nestes produtos.
E ficámos assim, sorriso para cá, sorriso para lá, a menina dos cigarros ali especada a abordar os clientes (à distancia bem que reparei que só os homens), o excêntrico das barbas indo tomar o cafezinho da ordem e entrando no recinto das compras, que tudo isto se passou no super cá do bairro.
Agora o que me convenceu, de facto, foram os olhos da menina dos cigarros. Um pouco sub dimensionados para com o resto do corpo, mas talvez por estar ali de pé, sabe-se lá há quanto tempo, estrategicamente colocada para vender cigarros novos junto com a sua imagem. E esta muitos seriam os que quereriam comprar, que menina dos cigarros era de encher o olho.
A tal ponto que eu mesmo não resisti. Com o saco de compras na mão, que poucas e leves eram, abordei-a e propus-lhe um negócio desonesto:
Compraria eu um desses novos maços de cigarros e, em troca ou como brinde, levaria comigo também uma fotografia dos seus olhos.
E nem houve que fazer grandes conversas: a menina dos cigarros deu-me logo um sim de caras. Ou porque seria uma quebra na rotina de vendedora, ou porque achou graça à abordagem, ou porque mais uma menos uma fotografia tanto se lhe dava. Que a menina dos cigarros muitas fotografias haveria já de ter feito.
Depois de quatro disparos, que o vento não ajudava com os cabelos, mostrei-lhas e ainda me soube perguntar se quereria tentar de novo. Confesso que foi este “tentar de novo” que estragou o ramalhete, que o tom era de quem estava mais que habituada a estar em frente a objectivas e que o aspecto do fotógrafo não lhe inspirava confiança.
Os cigarros estão ali, já guardados para uma situação de falta de previsão tabágica da minha parte. A fotografia está aqui, como prova factual da estória. E dela não fiquei com nome, apenas “a menina dos cigarros”.


Texto e imagem: by me

As pernas


Poderia ter usado qualquer outra fotografia de quaisquer outras pernas. Afinal, toda a gente tem duas pernas, a menos que se sofra de uma qualquer diminuição.
Mas o caso passou-se com estas mesmas pernas e fiz questão de usar as protagonistas para o contar.
Suportam elas, nos seus breves e recentes vinte anos, a ingrata tarefa de percorrerem diariamente o trajecto casa/trabalho e retorno. E é ingrata porque, pela certa, lhes apetece bem mais a diversão que a obrigação. Mas a obrigação que é o trabalho não implica teias de aranha cranianas ou formalismos castrantes.
Vai daí, estas pernas ajustam-se em termos de roupagens pelas vontades próprias da idade e da estação. Sem mais regras ou convenções que não sejam o conforto e o clima.
Acontece que esta atitude destas pernas não é a mais comum em ambientes laborais, em regra mais timidamente escondidas por vestidos engomadinhos, saias bem mais avantajadas ou calças que, não apenas podem ser práticas como são bem mais convencionais.
Mas, direi eu, que cada par de pernas se expõe ou esconde de acordo com as suas próprias vontades e que isso é problema delas, das pernas.
Mas assim não pensa a outra metade da humanidade, aquela que tem menos por onde escolher, por convenção, e que, na esmagadora maioria dos dias do ano, usa calças. Mais fato, mais treino ou mais ganga, mas calças.
E, quando as pernas sempre escondidas vêem umas que nem tanto, mais para mais recém-chegadas a um mundo onde as calças imperam, ficam cheias de inveja. E ficam elas, as pernas, e o que as encima, mais os olhos que possuem.
E é vê-los, aos donos das pernas nas calças, com eles, os olhos, esbugalhados e fixos nas pernas novas de idade e no local.
E se é verdade que as pernas não têm ouvidos, felizmente que a cabeça que encima estas que aqui vêem também não os tem, para não ouvirem o que se diz ou disse à passagem e presença delas, das pernas.
Porque aquilo que foi dito e pensado por aquilo que encima as pernas sempre tapadas sobre as pernas por vezes desnudas, nem sempre foi bonito, agradável ou mesmo cordato e educado.
Espero que estas pernas continuem a taparem-se ou destaparem-se a seu belo prazer e não em função de convenções, comentários, invejas e cobiças!

Texto e imagem: by me

sábado, 11 de julho de 2009

Looking down on a railway station


By me

Looking up on a railway station


By me

Cabelos


Bem, esta não é uma regra universal, supondo que elas existem.
Mas por cá, e suponho que não só, tem fortes probabilidades de estar certa em grande parte da população.
Mulher que seja senhora (casada, com filhos, etc) tem o cabelo mais curto e de penteado mais simplificado que as que não o são.
Esta é uma referência útil para aqueles machos que andam por aí a lançar a fateixa, dentro e fora dos ambientes de trabalho, a ver o que lhes sai na rifa.
Motivo?
Simples: A actividade profissional, mais o ser mãe, mais o ser dona de casa, - por esta ordem ou a inversa - deixa-lhe pouco tempo disponível para cuidar do cabelo longo. Lavar, secar, pentear, etc um cabelo longo é uma tarefa morosa que, para que ele tenha aspecto bonito, ocupa parte do tempo que os demais afazeres não permitem.
A solução é cortá-lo e usá-lo em modos simples e práticos.
Entenda-se, no entanto, que há mulheres que, tendo uma vida familiar, doméstica e profissional muito preenchida, ainda encontram tempo e disposição para o cuidado capilar.
E há mulheres que, não tendo nenhum desses afazeres, não têm paciência para estes “embelezamentos” e usam-nos curtos e práticos.
Cuidem-se os "chicos espertos"!
Mas, regra geral e por cá, esta teoria está certa.

Texto e imagem: by me

O anel


Ceptro ou faixa, coroa ou anel, todos são símbolos do poder.
Muito se luta em torno deles, para os possuir, para os manipular, para lhes por as mãos em cima e usar o poder que deles advém, nem que seja por uns momentos. “Mais vale ser rei por um minuto que plebeu toda a vida!”
Alguns destes símbolos, para além do poder da decisão e de influência que conferem, obrigam os demais, os súbditos, a vergar a espinha e a beijar a mão de quem possui o anel.

Mas “O anel que me deste era de vidro e se quebrou”…
O poder é efémero e dura tanto quanto o próprio anel. Já não pode timbrar documentos, já não permite decidir da vida e da morte dos servos, já não confere a autoridade de cobrar impostos e de cunhar moeda.
Quando o anel se quebra e a mão se torce, o povo julga.
Não numa sala e sem togas nem becas. Mas na rua e nos cafés, à hora do jantar ou na fila da repartição. Julga-se e condena-se. Ao ostracismo, ao ridículo, à ira e ao desprezo.
Por vezes ao poste ou à guilhotina. Mas raramente!

Aqueles que pelo poder passam, actuam a seu bel-prazer, decidindo e executando como entendem. Mesmo numa democracia, em que supostamente representam o povo, agem e decidem inconsequentemente. Na pior das hipóteses, é-lhes retirado o anel.
Excepção feita à opinião e ao julgamento popular.
Mas depois de o terem exercido, de terem o ego cheio (e algo mais eventualmente), bem pode o povo julgar, condenar, ignorar, que as suas ilustres nádegas já estiveram sentadas nas privilegiadas cadeiras, no dedo ficou a marca de tão brilhante anel.

O anel muda de mão, de cor ou de forma, mas a luz bruxuleante que atrai os insectos continua acesa, alimentada pela ingenuidade do povo.
Que pensa que ao votar está a decidir sobre quem o vai governar.
Alija a responsabilidade do seu destino sobre uns poucos que se babam alarvemente com a possibilidade de usar o anel.
E o anel na mão de uns é uma grilheta no pescoço de muitos. De todos nós.
Que achamos fácil o entregar as nossas próprias rédeas e nos sujeitamos ao beija-mão ao poder.
Entre os servos da gleba de então e a democracia de agora, a diferença está apenas na ilusão.
E no formato do anel.

Texto e Imagem: by me

sexta-feira, 10 de julho de 2009

PGR teme cerco à liberdade


PGR teme "cerco à liberdade" em nome da segurança

O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, mostrou-se ontem preocupado com o que caracteriza ser um cerco às liberdades individuais em nome da segurança. Num seminário na Universidade de Coimbra, Pinto Monteiro disse que hoje há cada vez mais "medidas excepcionais". "Temos as buscas domiciliárias nocturnas, casos excepcionais de investigação, vigilâncias de rua", disse o procurador-geral da República.
"Pouco a pouco, há uma espécie de pequeno cerco a determinadas liberdades individuais, que o cidadão em nome da segurança aceita", acrescentou Pinto Monteiro. "Penso que é perigoso ir por aí." "A liberdade sempre tem de ser tida em primeiro lugar, ou pelo menos numa situação de igualdade, aliás como exige a nossa constituição", referiu o procurador.
"Em nome da segurança não podemos esmagar a liberdade do cidadão. E em nome da liberdade não podemos descurar a segurança individual. É um equilíbrio difícil. Seria mau esmagar a liberdade para impor uma segurança reforçada", sustentou, citado pela agência Lusa. O procurador-geral da República disse ainda que "não há ninguém inocente" no que respeita à lentidão da justiça em Portugal, e que magistrados e cidadãos são igualmente culpados. "Não estão inocentes os juízes, o Ministério Público. Têm culpa os advogados pelos expedientes a que recorrem. Têm culpa os funcionários judiciais e os cidadãos, que levam a tribunal as coisas mais incríveis", sustentou.
O procurador-geral frisou, contudo, que a justiça "não funciona tão mal como se diz". "Todos temos de fazer melhor", declarou, manifestando-se contra megaprocessos como o da Casa Pia, por tenderem a arrastar-se muito tempo e pelos riscos de nulidade e prescrição.
Em resposta a uma questão colocada pela assistência sobre quando acabará o julgamento do processo Casa Pia, Pinto Monteiro respondeu, com humor: "Espero viver para ver".


Texto: in publico.pt, 10/072009
Imagem: by me

Um olhar em profundidade


By me

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Para que conste


Ao cimo da Av. Álvares Cabral. Mesmo coladinho ao Jardim da Estrela. Uma rotunda em que uma das ruas está fechada para obras.
Não vá alguém queixar-se, sinalizaram o trajecto alternativo para o outro extremo dessa rua.
Claro que não é minimamente importante que o sinal de “Desvio” tape por completo o aviso de passadeira de peões.
Afinal, bem mais importante que eles, essas coisas de duas pernas que só atrapalham, é o automobilista não se perder nas ruas da capital, agora que as obras estão aí por via das eleições.
Viva a sinalização: vertical para os carros, horizontal para as lápides fúnebres!

Texto e imagem: by me

sábado, 4 de julho de 2009

On my way to lunch


There I was, on my way to lunch, on a fast-food place, when I saw him.
And we stood there, chatting a bit and sharing the sun.
After a wile, he challenged me to have some lunch with him. And I didn’t accepted, since I had people waiting for me, up there at the restaurant.
I guess his lunch was far better than mine!


Texto e imagem: by me

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Um olhar


São coisas que se tornam difíceis de fazer: encontrar alguém com um detalhe bem fora do comum, que faça vir ao de cima a nossa cobiça de caçadores de imagens, e ter a capacidade de conseguir fazer essa imagem com o consentimento do retratado.
E é tão mais difícil quanto mais desconhecida for a pessoa.

Pois eu, lá no Jardim da Estrela, gozando da excentricidade do estar ali, aliada ao meu aspecto igualmente menos comum, de barbas cabelo já quase brancos e de tamanho pouco comum, consigo-o com relativa facilidade.
Um sorriso, um piropo polido e alimentador do ego e aí estamos, com a câmara atestada sobre uns olhos lindos e, ainda por cima, consentidamente.
Mas posso garantir que tudo depende da presença da câmara e da função. Que a mesma pessoa, com a mesma pilosidade e o mesmo linguajar, algures na cidade e sem o artefacto visível, e mais que consigo é um olhar de indiferença, senão mesmo insultuoso.


Texto e imagem: by me

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Insólitos Oldfashion


Atrás deste simpático casal e desta vetusta câmara fica uma aprazível zona de sombra, fornecida por uma frondosa árvore, onde esteve por mais de uma hora um carro patrulha da PSP, fugindo assim ao sol abrasador que hoje se fez sentir.
Ambos os agentes, um homem e uma mulher, são meus conhecidos desde o início das minhas idas regulares ao Jardim da Estrela e são elementos do programa “Escola Segura”. Ambos simpáticos e agradáveis no trato. Em havendo possibilidade, de parte a parte, damos um pouco à língua.
Pois estávamos, ele e eu, à conversa junto ao carro, quando surge uma avó. Pelo menos tinha idade para isso. E uma energia de movimentos que explicava a agilidade com que abordou o carro patrulha. Mas com uma mentalidade que parecia ser bem mais antiga que a idade que aparentava. Algures bem atrás, em meados do século passado.
Vinha ela queixar-se que na relva, naquela zona aqui meio escondida e ao sol atrás das árvores, estavam duas raparigas deitadas, uma em cima da outra, aos beijos na boca e outros maneios.
Pelo que me foi dado ver, pois que ouvi a queixa, não havia um centímetro de pele visível a mais que o que se espera ver em gente daquela idade e com o calor deste dia. Aliás, tinham mais pele tapada que muitas dondocas, algumas da idade da queixosa, quando vão a festas muito in, muito jet-set.
Pois a avozinha queixava-se que aquilo era uma pouca-vergonha, que não havia direito nenhum, como iria explicar aquilo às suas netas que estavam a ver…
A agente que estava no carro, a tratar de papelada, lá se levantou e, com bastante calma, foi falar com as mocinhas em questão. Esteve uns minutos por lá, numa conversa que àquela distância me pareceu afável, e regressou com um sorriso na cara. Enquanto que as garotas, que não teriam mais que 15 ou 16 anos, se juntavam a amigas que por ali estavam.
Ficou a conversa sobre a homossexualidade e a sua liberdade, bem como se a avozinha teria apresentado queixa se se tratassem de um rapaz e uma rapariga. O que, aliás, é comum ali ver, como em muitos outros jardins por este mundo fora.
Desta história o que retiro é que, apesar de estar extinta há muito a polícia de costumes, que fiscalizava o bom comportamento moral dos portugueses, basta haver uma queixa sobre um eventual atentado à moral pública e as forças de segurança actuam. Ainda que a moral em causa seja a de uma avozinha que, a bem da população e da paz social, não deveria ser autorizada a sair de casa para que não pudesse incomodar os demais cidadãos. A bem da liberdade de pensamento e de acção!

Agora, contada a história, podem perguntar o que esta imagem tem a ver com o relatado.
Com toda a certeza que não estavam à espera que eu fotografasse, e menos ainda que exibisse, os intervenientes no sucedido. Não apenas não o autorizariam como seria uma intromissão da minha parte.
Mas esta fotografia foi feita uma meia hora depois do contado, por um passante e a pedido, e é tão surpreendente como o atrás descrito.
Quem esperará ver, em pleno coração de Lisboa, Portugal, uma estudante Tailandesa? Menos ainda que se queira fazer fotografar por uma caixa de madeira com objectiva. E muito menos que queira ficar com uma outra imagem, desta feita junto com o fotógrafo. E eu, aproveitando o ensejo do passante, quis fazer uma com a câmara de bolso, que por acaso até anda no meu cinto. Esta!
Duas situações insólitas em meia hora e sem sair do meu lugar, entre o portão e o coreto.



Texto: by me
Imagem: by um estranho

Tântrico


Heuuuuh.... Vamos?


quarta-feira, 1 de julho de 2009

Até ao próximo episódio


Já o tenho dito vezes sem conta: cada fotografia tem uma história e uma estória.
E um bom fotógrafo consegue contá-las sem mais que com a fotografia.
Talvez porque não o seja eu, é frequênte as minhas fotografias ficarem aquém das estórias em torno delas.
E neste projecto, com quase três anos e mais de oitocentas fotografias feitas, algumas estórias acabam por, no geral, repetirem-se. Com pequenas diferenças nas abordagens, nas poses e reacções ao que recebem, para já não falar na questão do preço, mais de metade das que faço em cada dia de jardim da Estrela acabam por ser rotineiras na sua variedade.
Algumas há, no entanto, que primam por serem diferentes de todas as outras. Quer seja por aquilo que se constata na fotografia, quer seja pelas conversas tidas antes ou depois dela, quer seja pela empatia criada entre os dois lados da caixa de madeira.
Esta fotografia é, certamente, merecedora de pertencer a um álbum de selecção porque consegue, creio eu, retratar com razoável fidelidade as estórias que a antecederam e sucederam, bem como as pontes que se criaram entre os quatro intervenientes: os retratados, o retratista e a maquina de retratos.
Foi um privilégio tê-la feito e, como me foi dito em contra-ponto ao meu costumeiro “Divirtam-se!”:
“Até ao próximo episódio!”


Texto e imagem: by me