sexta-feira, 31 de julho de 2009

Como se faz?


Já fotografei gente de todas as cores e continentes, idades e condições sociais.
Quer seja no deambular em busca de, quer seja no ficar quedo à espera que, o género humano vai ficando registado nas minhas películas, pixels ou neurónios.
Há, no entanto, um grupo de pessoas que nunca fotografei, para quem nunca dirigi a minha objectiva e com quem não sei se alguma vez me relacionarei fotograficamente.
E não apenas pelo pouco, se algum, interesse que essas pessoas têm pelo que faço mas, e principalmente, pelos escrúpulos que tenho em os fotografar. Que fotografar alguém sem o seu consentimento ou, no mínimo, sem o seu conhecimento, não é nem bonito nem respeitoso da sua liberdade de existir e viver.
E muito menos o será se os fotografados não puderem, de algum modo, reagir ao resultado do que faço, quer seja pelo agrado ou desagrado, quer seja pelo simples facto de lhes não ser possível ver as respectivas fotografias. Em circunstancia alguma.
Refiro-me a cegos!
Como se pode pedir a um cego que seja fotografado?
Como se pode “roubar” uma fotografia a alguém se esse alguém nem sabe o que lhe foi “roubado”?
Assim, aqui vos deixo a única fotografia que tenho coragem de fazer de um cego.
Talvez um dia, se inventarem fotografias em Braille…


Texto e imagem: by me

Sem comentários: