Foi há uns dias e
tratou-se de um momento raro na minha existência:
Alguém que me
disse algo que me deixou sem lhe responder!
Contava-lhe eu o
meu processo mental e prático de fazer o que tenho vindo a fazer desde há anos
(imagem e texto em simbiose). O que surge primeiro, se o texto se a imagem, de
que forma uma ou outro são desenvolvidos e qual dos dois ganha primazia nesse
entretanto.
Pois perguntou-me
ele, quase que em tom de desprezo, se isto não seria antes “ilustração” no
lugar de “fotografia”.
Parei uns dois ou três
segundos. Ponderei tempo, esforço e resultados. E calei-me.
É que não adianta
explicar a alguém que o registo da luz, vulgarmente conhecido por “fotografia” é
sempre uma ilustração. Uma ilustração de um sentimento, uma ilustração de uma
ideia em concreto, uma ilustração do que se viu.
Se o que provoca
todo o trabalho, por vezes complexo, de produzir uma imagem fotográfica são estímulos
luminosos na retina que, por sua vez, provocam reacções neuro-mecânicas que
resultam numa fotografia, ou se são estímulos neurónicos de origem interna que
resultam no mesmo produto final, é-me completamente indiferente.
Há quem se exprima
com letras, com acordes, com tintas, com pedra. Eu uso a luz e a palavra. E se
o que veio primeiro foi o ovo ou a galinha… fico à espera que ele mo diga.
Tentar
explicar-lhe isto seria, entendi eu, esforço inútil. Poupei-me ao trabalho.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário