sexta-feira, 27 de abril de 2012

Impulsos




Vi a coisa na montra de uma tabacaria. Uma daquelas de centro comercial que, para além de tabaco, vendem jornais e revistas e que têm a montra e as prateleiras interiores repletas de inutilidades. Objectos para que olhamos e que nos perguntamos para que servem além de ser uma “prendinha” ou “lembrança”. Que, recebidas com um sorriso meio amarelo, irão acabar numa gaveta ou caixa já que, e como disse, são inutilidades.
Pois quando vi aquilo a minha primeira reacção foi franzir o sobrolho. De seguida, entrar e comprar a coisa, para usar numa fotografia. O terceiro impulso foi o de entrar e comprar aquilo, bem como todos os outros iguais que lá houvessem, levá-los para casa e destruí-los, para ter a certeza que ninguém lhes daria uso, mesmo que inútil. Acabei por optar por nada fazer: nem comprar nem destruir.
Desta forma ficou o desejo de que ninguém o compre e, ao mesmo tempo, quem o idealizou, produziu e colocou no mercado não ganhe nem um cêntimo com isso. Talvez assim aprenda que há coisas que não se pensam, que não se fabricam e cuja compra se não incentiva. Que não passam de verdadeiros insultos ou ameaças à sanidade mental de adultos e crianças.
De que falo?
Um pequeno objecto de loiça, com uns cinco por dez centímetros, para colocar na vertical numa mesa ou prateleira. Em relevo, os seguintes dizeres, com este aspecto:
“Amo-te hoje…
… e sempre que me dás uma prenda.
Feliz dia da Mãe”

Tenho em casa um martelo. Um pesado martelo de pedreiro. O melhor uso que lhe poderia dar não seria na destruição de tais objectos mas antes repetidas e fortes pancadas no alto da cabeça de quem tal absurdo concebeu!

By me

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