Ao longo dos anos
tenho intervindo em variadas lutas. E das mais variadas formas. Mais
individuais, mais colectivas, mais pacíficas, bem pouco pacíficas.
Nalgumas ganho,
noutras nem tanto, numas saio incólume, noutras a lamber feridas.
Mas a grande
vantagem de ter estado em todas elas é a experiência. É o antever com algum
rigor o resultado que delas pode acontecer. Infelizmente, não é raro acertar em
cheio.
É a vantagem de se
por cá andar há já mais de meio século.
E do que aconteceu
hoje em Portugal, esta jornada de luta a que se deu o nome e a forma de “Greve
geral”, sei eu um resultado, pelo menos:
Gente houve que
aproveitou a luta e o “dar o corpo ao manifesto” de muitos para disso tirar
proveito pessoal.
Gente houve que,
mais que usar do direito inalienável de não fazer greve, fez o que pôde para
reduzir ao mínimo os efeitos da greve dos outros, ultrapassando as suas próprias
competências, fazendo o seu trabalho e o dos outros, sorrindo, mesurando e
lisonjeando as estruturas laborais a que pertencem, e outras, deixando de parte
a ética e a lei,. E, com isso, tirar proveitos que, noutras circunstâncias,
nunca conseguiria, como promoções a destempo, favores especiais, férias extra, prémios,
etc.
Como sei isto, com
tanta certeza, tendo estado em greve e não tendo comparecido no local de
trabalho? (não tive transportes que me permitissem estar nos piquetes de greve)
Fácil! Já o vi
mais vezes do que gostaria de me lembrar. E conheço mais ou menos bem aqueles
com que trabalho.
Esquecem esses, no
entanto, que as memórias nem sempre são tão curtas quanto eles gostariam.
Esquecem eles também
que em morrendo, mais caveira menos cinzas, ficaremos todos iguais.
Tal como eu
gostaria que fossemos em vida, nos direitos e nos deveres. Se possível, até,
sem uns nem outros.
Texto e imagem: by
me
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