quinta-feira, 24 de novembro de 2011

No fim de contas




Ao longo dos anos tenho intervindo em variadas lutas. E das mais variadas formas. Mais individuais, mais colectivas, mais pacíficas, bem pouco pacíficas.
Nalgumas ganho, noutras nem tanto, numas saio incólume, noutras a lamber feridas.
Mas a grande vantagem de ter estado em todas elas é a experiência. É o antever com algum rigor o resultado que delas pode acontecer. Infelizmente, não é raro acertar em cheio.
É a vantagem de se por cá andar há já mais de meio século.
E do que aconteceu hoje em Portugal, esta jornada de luta a que se deu o nome e a forma de “Greve geral”, sei eu um resultado, pelo menos:
Gente houve que aproveitou a luta e o “dar o corpo ao manifesto” de muitos para disso tirar proveito pessoal.
Gente houve que, mais que usar do direito inalienável de não fazer greve, fez o que pôde para reduzir ao mínimo os efeitos da greve dos outros, ultrapassando as suas próprias competências, fazendo o seu trabalho e o dos outros, sorrindo, mesurando e lisonjeando as estruturas laborais a que pertencem, e outras, deixando de parte a ética e a lei,. E, com isso, tirar proveitos que, noutras circunstâncias, nunca conseguiria, como promoções a destempo, favores especiais, férias extra, prémios, etc.
Como sei isto, com tanta certeza, tendo estado em greve e não tendo comparecido no local de trabalho? (não tive transportes que me permitissem estar nos piquetes de greve)
Fácil! Já o vi mais vezes do que gostaria de me lembrar. E conheço mais ou menos bem aqueles com que trabalho.

Esquecem esses, no entanto, que as memórias nem sempre são tão curtas quanto eles gostariam.
Esquecem eles também que em morrendo, mais caveira menos cinzas, ficaremos todos iguais.
Tal como eu gostaria que fossemos em vida, nos direitos e nos deveres. Se possível, até, sem uns nem outros.

Texto e imagem: by me

Sem comentários: