Durante quase meio
século o povo português foi vivendo no limiar da pobreza, com uma ditadura
apoiada em censura e polícia política.
Vivíamos voltados
para dentro, quase nem desconfiando que havia outras formas de viver e outras
coisas que comer.
Apoiámos,
discretamente, várias ditaduras, alimentámos um império colonial e uma guerra
para o defender. Inútil, como sabemos.
Hoje, o regresso
ao “pão e circo”, temperado de ignorância, com que nos alimentaram será bem
mais difícil. Não estaremos limitados ao que alguns ouviam às escondidas nas
emissões da BBC nem aos livros e panfletos distribuídos clandestinamente.
Cada cidadão é
hoje, graças às novas tecnologias de informação, um jornalista e um delator, que
vai divulgando o que sabe, porque o leu algures, porque o assistiu ou porque o
viveu.
Quando a fome – de
comida, de justiça, de liberdade – apertar ainda mais, não creio que a
tradicional opinião de “mansos portugueses” se mantenha.
E não serão
barraquinhas de churros e farturas às portas dos bancos que apaziguarão os ânimos!
Texto e imagem: by
me
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