quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Para pensar um pouco




Tive o raro privilégio de conhecer e ser tratado por “tu” por um dos protagonistas do dia 25 de Abril de 1974.
Ficou no anonimato, ainda que todo o país, de então e de agora, tenha para com ele uma dívida que nem se desconfia. Mas essa história, porque não é minha, não a conto aqui. Que a modéstia do protagonista tem que ser respeitada.

Em qualquer dos casos, uma ocasião comentava eu com ele que estava satisfeito por ter sido abolido o Serviço Militar Obrigatório, permitindo com isto que menos gente soubesse do ofício de matar o seu semelhante.
A sua resposta deixou-me a pensar, então e agora, talvez mais ainda agora por estes dias.
“Permitir que as Forças Armadas sejam compostas apenas de profissionais é ajudar a criar uma elite armada e quebrar a ligação íntima entre ela e os demais cidadãos. Que os milicianos levam para o mundo castrense a sensibilidade dos civis e trazem para o mundo comum o sentir dos militares. O Serviço Militar Obrigatório não deve ser extinto, sob pena de os dois mundos não se conhecerem nem actuarem em conjunto.”
Passados que são estes anos, não posso afiançar que as palavras tenham sido exactamente estas, mas era este o sentido.
Hoje, mais que nunca, tenho que concordar com esta tese, por muito que entre em conflito com o que penso da actividade militar.

Texto: by me
Imagem: algures na web

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