segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fachadas




Tinha acabado de comprar cigarros no quiosque da estação. E faltavam bem quinze minutos para o comboio seguinte. Deixei-me ficar por ali, que nunca se sabe o que aparece. E apareceu!
Aqueles dois polícias, um ele e uma ela, faziam parte com certeza do novo contingente que vamos vendo pela cidade. As divisas, o ar jovem, o uniforme e acessórios acabadinhos de estrear…
Aproximou-se deles um homem. Pela mão, uma criança, quatro a cinco anos. Trocaram três ou quatro palavras e partiram juntos.
Estranhei! Nem um cumprimento, nem uma conversa longa de quem se queixa… Tinham ali encontro marcado para seguirem, a pé, para outras paragens.
E eu, que sou cusco e voyeur porque fotógrafo, fiquei a ver.
Atravessaram a rua e aproximaram-se de um prédio, em cuja porta o homem tocou uma campainha. À distância pareceu-se ser apenas uma vez, mas a porta não se abriu nem os quatro trocaram palavra, que os agentes da PSP mantiveram-se a alguns metros.
Minutos depois, poucos, a porta do prédio abre-se e delas saem duas mulheres. Uma delas toma a criança pela mão e regressam os três ao interior do prédio.
A porta fechou-se, o homem e os polícias acenaram cabeças, o primeiro segue para um lado, os outros atravessam a rua em minha direcção.
Momentos depois fiquei a saber que uso tinha dado um dos agentes ao rádio, enquanto estavam à porta do prédio: chegou um carro patrulha a recolhê-los. Antes de entrarem, o agente apeado fez um “ok”, hoje apelidado de “like” para o interior. E partiram.

Por muito simpática que seja a fachada de um prédio suburbano, mesmo com palmeiritas a crescer-lhe em frente e cartazes de “vende-se” em duas janelas, haverá sempre dramas escondidos atrás das portas. Alguns a necessitarem de agentes policiais para testemunharem os factos.

Texto e imagem: by me

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