Quando entrei no
quiosque onde habitualmente compro cigarros, disse-me a empregada, mulher de
trintas e muitos, brasileira:
- Ai, sr. Duarte!
Sabe o que vai acontecer amanhã à noite? Vai cair um enoooorme meteoro na
Terra! Sabe a que horas é? Sabe onde? Estava à espera que por cá passasse para
lho perguntar. Ai, que vai ser de nós?!
Primeiro fiquei
espantado, depois sorri, sabendo que a sua preocupação, a roçar o pânico, não
lhe deixaria notar a minha condescendência.
Lá lhe expliquei
que se tratava de um asteróide, bem identificado, com cerca de 400 metros de diâmetro
e que não, não iria cair na Terra mas sim passar entre esta e a Lua. Tal como
está previsto. E que o evento, de acordo com os astrónomos, acontecerá algures
entre as onze e a meia-noite.
- Ah! Então vai
ser aquele clarão na noite!
Pois acrescentei
que não, que não seria visível a olho nu. Contei-lhe a diferença entre cometa, asteróide
e estrela cadente e que estes ardem em contacto com a atmosfera. E este não
roça sequer a atmosfera. Exemplifiquei mostrando o tamanho de um punho como
sendo a terra e dizendo que o que aí vem será, comparativamente, menor que a
pontinha de uma agulha, bem longe do ar que envolve a Terra.
Rimo-nos os dois,
enquanto entrava mais um cliente. Saindo eu, ficou ela bem mais aliviada. E soubemos
os dois que passaria as próximas duas noites com sonos tranquilos.
Resta contar
porque esperava ela que eu viesse para mo perguntar.
Que tenho o hábito
de ir divulgando, em os sabendo, os fenómenos astronómicos visíveis e dignos de
serem vistos, os mega espectáculos que a natureza nos oferece, a custo zero. Porque
sei que as pressas e as pressões da vida urbana ofuscam a possibilidade de as
saber ou desfrutar.
Até porque só são
divulgadas pelos media quando passíveis de serem transformadas em
sensacionalismo. Ou servirem de distracção para uma qualquer medida legislativa
ou fiscal de pouco agrado.
Fiquei eu à espera
da carreira urbana que me levaria ao meu destino temporário, enquanto o
2005YU55 continuará em trânsito, com uma rotina prevista de cinco anos. Como
tudo o resto, é uma questão de escalas e paragens.
Texto e imagem: by
me
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