segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Celebrando




Só fotografo em duas ocasiões: quando estou bem-disposto e quando não estou bem-disposto.
Esta fotografia foi feita na primeira das duas circunstâncias.
Para além de tudo o mais que me aconteceu ao longo do dia, motivos mais que bastantes para ficar bem-disposto, o início da noite foi brilhante. Bem mais que a imagem!
Nas Escadinhas do Duque, entre o Rossio e o Bairro Alto, e enquanto aguardo por vontade de regressar a casa, vejo um alfarrabista.
“Mal não tem que pergunte”, digo para os meus botões. E entro para saber se teriam um dado livro. Não tinham. Pergunto também pela secção de fotografia, a que dei uma olhada. Interessantes, alguns dos lá estavam, mas nada que me fizesse gastar dinheiro.
Em último recurso, pergunto pela edição da colecção “Argonauta” da obra “Um estranho numa terra estranha”, escrita por Robert A. Heinlein. E não é que tinham mesmo?!
Em óptimo estado, ainda que usados, todos os três volumes vieram direitinhos para o meu bolso, coisa que desejava fazer há bem mais de vinte anos.
Esta obra tem estado no mercado, editada por outra editora, mas também traduzida por outro tradutor. Este que agora veio comigo foi traduzido pelo saudoso Eurico da Fonseca, que conseguiu dar o “toque poético” ao romance que ele merece.
Paguei o que me pediram, não muito, e saí, assobiando uma ária de “Carmen”, que reservo para momentos festivos e afins. E, à porta, dou com isto. Não resisti e fotografei, bem encostadinho à ombreira da porta que a luz não abundava.
Nada que se compare com a beleza e elevação de “Um estranho numa terra estranha”, mas foi o melhor que encontrei para celebrar.

Não sei se terão oportunidade de descer do Bairro para o Rossio, passando por onde ficava o mítico “Freire”, de boa memória, ou a loja do Vasco Granja, também de boa memória, e ver esta luz.
Mas se virem “Um estranho numa terra estranha” à venda (seja qual for a edição), não o percam, se querem saber o que é um bom livro!

Texto e imagem: by me

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