sábado, 28 de setembro de 2013

Não sou fotógrafo!



Mais que fazer registos do que vejo, preocupo-me em usar a luz que incide no que me cerca para reflectir as emoções que sinto ou suponho sentir.
Não percorro o mundo, nem mesmo a minha cidade em busca daquela situação, daquele enquadramento ou daquela luz. Limito-me a fazer o que tenho a fazer, com um bloco de apontamentos comigo.
Raras vezes registo gente. Quando o faço, é sempre uma cumplicidade, raras vezes um espontâneo.
Que tenho pudor em guardar um nico da vida dos outros. Que se eles não souberem de mim ou da minha câmara, o que fazem e vivem é deles. Os troféus que possa trazer serão roubados, por muito bonitos ou expressivos que possam ser. Não o faço.
Quanto ao mais, prefiro assistir ao que acontece e fazer, com a câmara um ícone do que tentarei contar com a imagem.
Que estes registos, nunca contam tudo. Que lhes escapa sons, e cheiros, e paladares, e memórias. O mais que podem mostrar é luz e as texturas e volumes por ela escondidos ou desvendados. O resto das histórias ou estórias, ou bem quem as memorizo para mais tarde as contar ou bem que se me escapam.

Não sou fotógrafo. Na melhor das hipóteses serei um iconógrafo com luz.

By me 

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