terça-feira, 10 de setembro de 2013

Janelas



Enquanto ía matando o tempo à espera do meu comboio, na estação do Rossio em Lisboa, ía fumando um cigarrito e olhando em redor, tentando encontrar algo que justificasse o ter a câmara fotográfica comigo.
A tarde estava quente e pacata e, no pátio exterior da estação, mais alguns ali estavam. Nenhum calado. E tão pouco calados que não pude deixar de ouvir algumas conversas, ou fragmentos delas.
“Shall we take one with the castle, before we go?”, dizia ela para ele, ambos novitos e com um tom de pele que, mesmo em silêncio, denunciava o serem “turistas de fora.
Um pouco ao lado, uma mocita ao telefone contava a alguém uma primeira experiência em grupo com drogas e como os amigos tinham reagido.
Já um outro, trintão, explicava a uma senhora que atitude ter na renegociação de um contracto de trabalho e que nunca, por nunca ser, se deve aceitar a primeira proposta do patrão mas sim regatear valores e condições. Que só os que ganham muito bem se podem dar ao luxo de não o fazer.
Uma outra, junto a um cinzeiro, descrevia via telemóvel, os seus receios do que a filha (criança pelo que percebi) pudesse fazer ao já saber ligar o telemóvel ao computador e transferir ficheiros de uma lado para o outro. “Sei lá que coisas pode ela passar na net do meu telemóvel ou para ele?” perguntava.

Em cada janela um segredo de amor, de aventura, de medos, de conflitos…

By me

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