Enquanto ía
matando o tempo à espera do meu comboio, na estação do Rossio em Lisboa, ía
fumando um cigarrito e olhando em redor, tentando encontrar algo que
justificasse o ter a câmara fotográfica comigo.
A tarde estava
quente e pacata e, no pátio exterior da estação, mais alguns ali estavam.
Nenhum calado. E tão pouco calados que não pude deixar de ouvir algumas
conversas, ou fragmentos delas.
“Shall we take one
with the castle, before we go?”, dizia ela para ele, ambos novitos e com um tom
de pele que, mesmo em silêncio, denunciava o serem “turistas de fora.
Um pouco ao lado,
uma mocita ao telefone contava a alguém uma primeira experiência em grupo com drogas
e como os amigos tinham reagido.
Já um outro, trintão,
explicava a uma senhora que atitude ter na renegociação de um contracto de
trabalho e que nunca, por nunca ser, se deve aceitar a primeira proposta do
patrão mas sim regatear valores e condições. Que só os que ganham muito bem se
podem dar ao luxo de não o fazer.
Uma outra, junto a
um cinzeiro, descrevia via telemóvel, os seus receios do que a filha (criança
pelo que percebi) pudesse fazer ao já saber ligar o telemóvel ao computador e
transferir ficheiros de uma lado para o outro. “Sei lá que coisas pode ela
passar na net do meu telemóvel ou para ele?” perguntava.
Em cada janela um
segredo de amor, de aventura, de medos, de conflitos…
By me
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