Procurava
eu algo de muito concreto e especializado. E fui a uma loja do centro da
cidade, conhecida por ter uma secção dedicada a este tipo de artigos.
Ao
entrar, e olhando em redor, vi o que procurava, mas de um tamanho que, de forma
alguma, me convinha.
Dirigi-me
ao balcão e disse ao caixeiro que aí estava:
“Bom
dia. Procuro uma coisa daquelas, mas de tamanho bem menor, que aquilo é um “monstro”
para o quero fazer.”
“Não
temos.” disse-me ele, olhando para o expositor em causa.
“Ah!
E sabe quem possa ter?”
“Não
sei.”
“Ah!
E sabe se a loja “Tal”, no Chiado, terá disso?”
“Não,
não sei.”
“Certo.
Então, bom dia.” e saí. Saí e bem chateado com a falta de assistência que
aquele homem, numa loja especializada, me tinha dado. Ter entrado nela, casa
específica e de renome, com porta para a rua e tudo, ou ter entrado numa
indiferenciada de um qualquer centro comercial foi a mesma coisa em termos de
tratamento.
Fui
à tal outra loja “Tal”. Aí, a menina disse-me que não tinham, que já era peça
difícil de encontrar porque a procura diminuta, e que a loja “Coiso” talvez
tivesse. Acabei por trazer dali mesmo métodos alternativos que, não sendo
exactamente o que procurava e implicando um pouco mais de trabalho da minha
parte, haveriam de fazer o que eu queria. Que ainda sei da poda o suficiente
para tal.
Horas
depois, e por mero acaso, passo, no Rato, por outra loja do mesmo grupo da
primeira. “Mal não tem que pergunte!”, disse com os meus botões. E entrei.
Não
tinham. Mas a senhora não me deixou sem resposta e pediu-me para aguardar um
nico, indo consultar o computador.
Levantou
os olhos, sorridente, e disse-me:
“Na
nossa loja junto ao Técnico há um. Quer que mande vir?”
“Deixe
estar. É mais fácil se eu passar por lá, que não é longe.”
“Então
deixe-me só confirmar.”
E
ligou para a loja, confirmou, reservou, perguntou-me em nome ficaria e desligou,
sempre sorridente.
Agradeci-lhe,
contei-lhe o episódio da loja da Baixa que lhe apagou o sorriso, fiz um elogio
ao seu desempenho, demos mais dois dedos de conversa e umas larachas que lho
acenderam de novo e saí.
Fui
onde combinado, encontrei, e a bom preço, o que procurava, ainda tive
oportunidade de saber que fazem ali um outro artigo incomum mas que gosto e
consumo (a Âmbar, a fábrica que os fazia, fechou), e continuei o meu passeio, já
em fim de tarde.
Tenho
para mim que um caixeiro, empregado de balcão, vendedor, o que lhe queiram
chamar, tem que deixar o cliente satisfeito. Mesmo que não tenha para venda o
que o cliente procura, deve encontrar modo de o deixar satisfeito. Se não com o
artigo, pelo menos com alternativas possíveis e um sorriso. Ou, no mínimo dos mínimos,
com algo mais que o laconismo que recebi na primeira loja.
Falta
referir que a cadeia de lojas dá pelo nome de “Papelaria Fernandes”, uma das
referências da cidade, que esteve em graves dificuldades económicas, a ponto de
ter que fechar algumas das lojas que possuía e que, por aquilo que vou sabendo,
está a conseguir reorganizar-se pela positiva. Hajam bons exemplos de sucesso.
Mas,
claro, sendo que continuarei cliente desta loja à da baixa não voltarei.
By me
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