Eu sei que algumas das minhas posições e atitudes na vida não são
comuns. Por vezes, são mesmo objecto de galhofa entre os que convivem comigo
mais de perto.
Mas entre o não ligarmos ao que acontece em redor e um dia, para
grande surpresa nossa, nos virmos absolutamente triturados por uma máquina que
não controlamos ou fazer o possível por ajustar a nossa vida por forma a não
sermos peça dessa máquina, prefiro a segunda hipótese.
No que me é possível, é assim que funciono!
Aplaudi de pé e de cabeça descoberta a criação e introdução do
Euro em Portugal. Não tanto pela questão económica das transacções entre países
mas, e principalmente, porque deixei de ser controlado nas minhas deslocações,
ao não ter que fazer cambio de moeda, com a respectiva identificação perante
entidades que me são estranhas: bancos, agentes cambiais, governos… A minha
liberdade aumentou em muito com a introdução da moeda única.
De igual modo aplaudi a criação do espaço Schengen. E pelos mesmos
motivos. Deixei de ter que pedir autorização e informar que saio de um país e
pedir autorização e informar que entro num país. Pelo menos nos países que
constituem o espaço Schengen. O mundo ficou maior, para mim, que vi reduzido em
muito o controlo policial sobre a minha pessoa.
E é pelos mesmos motivos que me recuso a viajar de avião. Para além
da identificação obrigatória para o embarque, teria ainda que ser objecto da
indignidade de as autoridades policiais me considerarem um possível suspeito de
actos criminosos e ser revistado. Pessoa e bagagem. Que tenho para mim (e é um
princípio mais ou menos universal na justiça) que todo o ser humano é inocente
e boa pessoa até prova em contrário. O facto de, apenas por embarcar num avião,
ter que demonstrar que não pretendo fazer maldades ou crimes é o inverso
absoluto deste princípio. Um atentado à minha liberdade e dignidade enquanto ser
humano. Não viajo de avião.
Este desabafo ou de declaração de princípios, que vou repetindo quando
surge a oportunidade, vem agora de novo na sequência de uma notícia do jornal I
de hoje.
Segundo ele, há alguma confusão no controlo de fronteiras aéreas
em Portugal devido a uma norma europeia, transposta para Portugal, que obriga
as companhias aéreas a informar os serviços de estrangeiros e fronteiras da
lista de passageiros antes de aterrar e se vindos de fora do espaço Schengen.
Alguns aspectos são caricatos, como a não existência nos formulários
nacionais da identificação de género do passageiro, mas que os formulários
internacionais possuem. Ou o facto de, em Portugal, apenas se usar a língua
portuguesa, o que obriga a tradução por parte dos funcionários e tornando o
processo moroso.
Mas o cerne da questão – desta questão – está no penúltimo parágrafo,
que transcrevo:
“Por fim, coloca-se
ainda outra questão, que se prende com a protecção de dados: as informações
sobre os passageiros devem ser destruídas 24 horas depois da aterragem do voo em
causa. O cumprimento desta norma é quase impossível, dada a quantidade de
servidores por onde passa a informação e a localização dos data centers, muitos
deles fora da Europa, controlados por terceiros.”
Desculpem mas… Não me
apetece que quem eu desconheço e por motivos que ignoro, fique com os registos
das minhas deslocações.
Como já fui deixando
por aí, e que agora repito, uma das minhas frases preferidas é o mote do povo
Romani:
“O céu é o meu tecto,
a Terra a minha pátria, a Liberdade a minha religião”!
By me
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