Ao
longo dos tempos o ser humano tem inventado as formas mais díspares de provocar
sons para acordar. Terrível ocupação, a destes inventores.
Têm
sido estas malditas campainhas, têm sido os vindos do inferno
piiiii-piiiii-piiiii dos dispositivos eléctricos, têm sido os requintadamente
malévolos sons provindos de rádios ou televisores… Nalguns casos particulares,
até clarins se usam.
A
maior parte destes sistemas odiosos vão sendo preteridos pelas escolhas
pessoais dos possuidores de telemóveis, onde cada um coloca o que melhor
entende para a diabólica função de acordar: músicas, canhões, insultos, tudo
serve pela originalidade e eficácia no acordar.
No
meu caso, há já bastante tempo que uso o cantar de um galo. Se tenho que
acordar, que seja com algo tão natural quanto possível.
As
campainhas que aqui se vêem são o terceiro e último recurso que, a bem da
tranquilidade da vizinhança, raramente se fazem ouvir. De permeio, entre os
galos e a campainhada, ouvir-se-á - caso a noite seja difícil - uma estação de
rádio com notícias.
No
entanto é de estranhar que não saiba de ninguém que use um determinado som, mesmo
que artificial, para sair da cama na hora pretendida. Um som que, e a dar fé em
especialistas, é o que mais facilmente faz acordar com menor volume e em menos
tempo: o choro de uma criança pequena. Só mesmo quem as não teve em casa poderá
discordar de tal certeza.
Em
tempos, e numa outra casa em que vivi, tive uma disputa sonora com uns vizinhos.
Usavam e abusavam eles da potente aparelhagem que possuíam, a ponto de quase
parecer que estava por baixo a minha almofada. Da minha e das dos restantes
moradores, que lhes rogavam pragas mas pouco mais.
A
coisa acabou por se resolver a bem, já que mudaram de residência. Mas não sem
que antes me tivesse eu lembrado de lhes oferecer uma contra-partida
equivalente: Usando das engenhocas que possuo, de goelas bem abertas e com
intervalos bem irregulares, fazer com que se ouvisse o som gravado de um bebé a
chorar. Isto enquanto eu iria, tranquilamente, passar o fim-de-semana algures
em qualquer outro lado.
Não
o fiz!
Entendi
que os restantes moradores no prédio não mereciam tal tratamento.
E
não, não digo como se faz. É demasiadamente mau para ser usado!
By me
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