quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Caminhos cruzados



Este é o cruzamento da Av. Da República com a Av. Duque de Ávila, em Lisboa.
Esteve muito tempo em obras, com o prolongamento da linha do Metro e, em estado terminado, até está bonito.
Semáforos novos, de leds, altos e bem visíveis, incluindo para bicicletas. E isto porque ao longo da renovada Av. Duque de Ávila foi criada uma ciclovia. Não sou ciclista, mas ó posso aplaudir!
O que não posso aplaudir, bem pelo contrário, é o ser impossível que um peão, caminhando normalmente, consiga fazer a travessia deste cruzamento de uma só vez, respeitando os semáforos. O tempo que estão “verdes” para os peões é de tal modo curto que apenas quem corra o consegue fazer. Caso contrário, fica retido e entalado numa das placas centrais, com o trânsito a passar-lhe à frente e atrás.
No quarteirão seguinte, para a direita, fica a Prç. Duque de Saldanha. Também aqui é impossível a quem caminhe atravessá-la de uma só vez. Com o acréscimo, absurdo, de o ter que fazer em “U”, já que os semáforos obrigam a ir às placas centrais e pilaretes impedem o atravessamento a direito nas avenidas que nela desembocam.
O limite do caricato é estar nesta praça um cartaz de um candidato à presidência da câmara municipal. Não seria estranho não fora que nele se promete fazer um túnel, mais um, para que trânsito atravesse a praça enterrado.
Já não quero falar dos custos nem das polémicas que tal obra poderá vir a criar. Se se concretizar. A história recente da cidade tem vários exemplos disso.
O que me deixa furioso é os políticos e decisores considerarem prioritário a solução do trânsito rodoviário, ficando de fora a questão dos peões e de que forma habitam a cidade. Como se os peões não fossem os munícipes, que habitam, consomem e pagam impostos.
Não resido nesta cidade, ainda que a utilize para trabalhar. Mas se aqui estivesse inscrito como eleitor, preferiria um candidato que priorizasse o cidadão e a sua mobilidade enquanto peão. E que encontrasse soluções práticas, quiçá conjugadas com autarquias circundantes, para realmente reduzir o trânsito automóvel, dando relevância ao transporte colectivo em desfavor do transporte individual.
O candidato em questão é um daqueles saltapocinhas que, tendo esgotado os três mandatos noutra autarquia, vem agora e aqui tentar a sua sorte. Com o beneplácito de uma lei que, talvez propositadamente, foi mal concebida.
Fosse eu eleitor em Lisboa e não teria ele sorte nenhuma comigo, bem pelo contrário!



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