Trrrriiiiiiim!
-
Quem é?, perguntaram do outro lado da porta.
-
Boa noite!, disse eu, do lado de fora, no patamar da escada.
A
porta abriu-se depois de duas voltas de chave, que bem as ouvi, e apareceu a
minha vizinha de cima, olhando com espanto para mim, desgrenhado, com o cinto
desapertado e a camisa desfraldada e apenas apertada num botão. Na mão, um
cigarro aceso.
-
Faz favor…?, disse-me
-
Posso ajudar nas obras? É que a estas horas, onze da noite, ainda consigo
ajudar a pregar e a aparafusar. E sempre era mais depressa para eu poder
continuar a dormir, que mesmo por cima da minha cabeça não é o melhor som para conversar
com Morpheu.
Desculpou-se,
não com o ênfase que eu esperaria, com um “estávamos só a acabar aqui uma coisa”.
-
Obrigado, disse-lhe e voltando-lhe as costas, mantendo o sorriso no bolso do
colete, que ficara em casa.
Juro
que, em havendo o azar de situação se repetir, nem visto nada e bato-lhe à porta
com a mala da ferramenta numa mão, tendo na outra a serra tico-tico, ligada de
preferência.
Grrrrrrrr!
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