quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Trrrriiiiiiim!
- Quem é?, perguntaram do outro lado da porta.
- Boa noite!, disse eu, do lado de fora, no patamar da escada.
A porta abriu-se depois de duas voltas de chave, que bem as ouvi, e apareceu a minha vizinha de cima, olhando com espanto para mim, desgrenhado, com o cinto desapertado e a camisa desfraldada e apenas apertada num botão. Na mão, um cigarro aceso.
- Faz favor…?, disse-me
- Posso ajudar nas obras? É que a estas horas, onze da noite, ainda consigo ajudar a pregar e a aparafusar. E sempre era mais depressa para eu poder continuar a dormir, que mesmo por cima da minha cabeça não é o melhor som para conversar com Morpheu.
Desculpou-se, não com o ênfase que eu esperaria, com um “estávamos só a acabar aqui uma coisa”.
- Obrigado, disse-lhe e voltando-lhe as costas, mantendo o sorriso no bolso do colete, que ficara em casa.

Juro que, em havendo o azar de situação se repetir, nem visto nada e bato-lhe à porta com a mala da ferramenta numa mão, tendo na outra a serra tico-tico, ligada de preferência.

Grrrrrrrr!


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