Há dez anos que
sou bloguista. Ou, se preferirem, photocronista, que é como gosto de me
intitular.
Escrever uns
textos, um pouco mal-amanhados, acompanhados por umas fotografias de muito
duvidosa qualidade. Ou rigorosamente o contrário: escrever sobre fotografias
toscas palavras mal-arrumadas.
Aquilo que começou
por uma brincadeira cedo evoluiu para algo de mais sério, sempre com algum
fundo para ser lido ou entre-lido, para além das letras ou riscas de luz que
exibo.
De início usei um
servidor de blog que já fechou. Reabriu, entretanto, com o mesmo nome e outros
donos e filosofias. Coisas da net e dos negócios.
Em qualquer dos
casos, nesse servidor mantive dois espaços distintos. Bem distintos.
Um intitulava-se “Pedaços
de que gosto”, o outro “O que mais gosto na televisão são os pássaros nas
antenas”. Esta frase não é minha, mas adoptei-a.
Diferiam um do
outro nos conteúdos. Se no primeiro fazia questão de publicar coisas positivas,
bons exemplos, textos e/imagens agradáveis e reconfortantes, no segundo contava
aquilo que me incomodava, aquilo que criticava, aquilo que condenava.
Os tempos
passaram, mudei de plataformas e, agora, uso esta (e mais duas, que os públicos
são diferentes) passei a misturar o agradável com o desagradável, o bonito com
o feio, por vezes sem que eu faça a classificação. Fica ao critério de quem lê
fazê-la.
Tal como mudaram
os suportes fotográficos e caligráficos que uso, fruto da modernidade, de algum
conservadorismo e rapidez de resultados.
O que não mudou,
isso garanto, é a minha enorme dificuldade em inventar situações. Entendo que a
realidade ultrapassa em muito e por muitos lados aquilo que sou capaz de criar
e há muito que desisti de o tentar. Limito-me a deixar que as emoções
sobrevenham em torno do que assisto ou oiço, fazendo um registo mental e, mais
tarde, traduzir isso mesmo para letras e luz.
99% do que
encontrarem aqui contado é verdade. As situações são verdade, as fotografias são
verdade, mesmo que não correspondam, por inteiro às palavras ou vice-versa.
Não sou um fotógrafo,
não sou um escritor. Sou, quanto muito, um photocronista, ou cronophotógrafo, que
se limita a dar corpo ao mundo que o cerca.
Deixo para os
artistas a invenção e a criatividade.
By me
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