Enquanto esperávamos,
portas a dentro do café, que a bátega insuspeita passasse, fomos trocando umas
piadas avulsas.
Éramos cinco, dois
casais e eu, e não nos conhecíamos.
No televisor, ao
fundo, o noticiário ia desfiando o rosário do costume em silêncio e, a certa
altura, surgiram imagens do prisioneiro da moda.
Claro que a
conversa, quisesse-o eu ou não, enviesou para o tema.
Abordou-se a
justiça, as maldades que ela faz e os privilégios de alguns, e retomei um
assunto de que gosto: utilização alternativa dos candeeiros da rua.
Que tenho alguns
favoritos, apesar de gostar muito do arco da Rua Augusta e que, se necessário,
ensino o fazer do nó.
Acharam,
naturalmente, que o tipo das barbas estava a exagerar, que isso das execuções públicas
é bárbaro, pouco civilizado e nada consentâneo com os tempos que correm.
Ainda da porta,
apontei-lhes aqueles dois que estavam a catar do interior dos contentores do
lixo, mesmo debaixo da chuva que caía e que, como nós, não tinham guarda-chuva.
E perguntei-lhes se aquilo era civilização e se era o que desejavam para a
criança que ainda estava na barriga de uma das senhoras presentes.
Calaram-se!
E eu enfiei a
cabeça entre os ombros, apertei o casaco e, com o saco do pão na mão, enfrentei
a chuva.
By me
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