Vamos brincar à
caridadezinha
Festa, canasta e
boa comidinha
Vamos brincar à
caridadezinha
A senhora de não
sei quem
Que é de todos e
de mais alguém
Passa a tarde
descansada
Mastigando a
torrada
Com muita pena do
pobre
Coitada
Vamos brincar à
caridadezinha
Festa, canasta e
boa comidinha
Vamos brincar à
caridadezinha
Neste mundo de
instituição
Cataloga-se até o
coração
Paga botas e
merenda
Rouba muito mas dá
prenda
E ao peito terá
Uma comenda
Vamos brincar à
caridadezinha
Festa, canasta e
boa comidinha
Vamos brincar à
caridadezinha
O pobre no seu
penar
Habitua-se a
rastejar
E no campo ou na
cidade
Faz da sua
infelicidade
Alvo para os
desportistas
Da caridade
Vamos brincar à
caridadezinha
Festa, canasta e
boa comidinha
Vamos brincar à
caridadezinha
E nós que queremos
ser irmãos
Mas nunca sujamos
as mãos
É uma vida decente
Não passeio ou
aguardente
O que é justo
E há-que dar a
toda a gente
Não vamos brincar
à caridadezinha
Festa, canasta é
falsa intençãozinha
Não vamos brincar
à caridadezinha
Não vamos brincar
à caridadezinha
Não vamos brincar
à caridadezinha
José Barata Moura,
1973
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