segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Sons





Lembro ter lido, já não sei onde e há muito tempo, que o som que com menos volume e que mais facilmente acorda um ser humano de um sono profundo é o vagido de uma criança.

Não me importa quais as condições climatéricas! A minha rotina de fazer os cigarros do dia acontece na cozinha e sempre com a janela aberta. Integralmente se estiver calor, só uma fresta se estiver frio, mas esta janela está sempre aberta.
Assim, e na rotineira tarefa de os encher, a minha mente voa para o exterior, por vezes deixando-se levar muito para além daquilo que poderia ver se voltasse a cabeça. Levado pelo marulhar das árvores, pelo monótono roncar dos motores lá mais ao fundo, por algum pássaro que chama por companhia ou celebra a alegria de estar vivo.
O único som que me faz parar o que faço e espreitar p’lo vidro ou p’la balaustrada é o chorar de uma criança, por vezes porque caiu, por vezes porque embirrou. Por vezes porque é arrastada p’la mão de um adulto em direcção à escola, duas esquinas abaixo.
Constatada a inocuidade do queixume, regresso à rotina. E nem sempre os pensamentos regressam onde estavam.
Porquê desta imagem? Bem, caos é caos, interior ou exterior.

By me

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