sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Maldades



Não! Como devem imaginar, nunca o fiz.
Aliás, nem nunca o vi fazer.
Apenas soube que se fazia, e em tempos tão recuados como setenta ou bem mais anos.
Pegavam-se em quatro metades como estas, de nozes, enchiam-se de pez, e colavam-se nas patas de um gato que se apanhasse ou se deixasse apanhar. Depois, soltava-se o gato.
Agora imagine-se o comportamento do pobre bicho, ao sentir aquilo colado nas patas, a ausência de tacto que provocaria e, pior que tudo, o barulho que faria ao caminhar. E quanto mais rápido andasse, mesmo corresse, mais barulho faria e mais o assustaria.
Contou-me quem o fez e o viu fazer que acabavam por apanhar o pobre bichano, exausto e aterrorizado, algumas horas depois, num qualquer canto onde se refugiasse. Ou mesmo em “campo aberto”, quando lhe faltassem as forças para fugir.
Frequentemente, os autores da “brincadeira” acabavam por apanhar uma valente coça do dono ou dona do gato. Mas era preciso que os apanhassem ou soubessem a autoria.
Maldades de antanho, pouco consentâneas com o “politicamente correcto” ou o espírito ecológico e de protecção dos animais que hoje vigora.
Felizmente!


By me

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