domingo, 7 de dezembro de 2014

Doces e tremidos



Ontem uma colega, com quem trabalho só de quando em vez, compareceu no trabalho com um saquinho de bom-bons/caramelos. Ou vive versa.
E deu-lhe para distribuir por quem estava ali a trabalhar.
Foi simpático, agradável e saboroso.
Quando, pela  segunda vez, os distribuiu, fiquei a olhar para ele. Já desembrulhado, e ainda antes de lhe ferrar o dente, tremi, como se vê na imagem, com uma recordação igualmente bonita e saborosa. Velha de uns anos valentes.

Tocou em sorte à minha equipa ir fazer um trabalho à embaixada do Iraque. O país estava na moda, e não pelas melhores razões, e impunha-se o que ali fomos fazer.
Com a tralha já montada e a minutos de iniciarmos o que ali nos levara com o embaixador, surge a sua esposa.
Trazia ela uma bandeja com tâmaras cobertas com chocolate. Que nos foi oferecendo, com a indicação que tinham sido preparadas por ela para a ocasião, tal como o chá que o empregado trazia atrás dela e que a senhora fez questão de nos servir.
Claro está que, após a primeira ronda, a senhora afastou-se, deixando a questão para o empregado, de libré, bem como o recolher da loiça usada.
Tocou-me. Tocou-nos!
Aquela senhora fizera questão de ter esta atenção personalizada para com uns meros profissionais que ali estavam apenas nessa qualidade e não como especiais convidados da casa ou do país que representava.
Não creio que a esposa de um qualquer embaixador de um qualquer país ocidental tivesse tal gesto. Com boa vontade, encarregaria os seus empregados de o fazer, mantendo-se à distância na cozinha e no servir.
Também sei que este gesto, talvez que simples e natural para esta senhora, simboliza indubitavelmente o papel feminino no seu país de origem: dedicada às tarefas domésticas (cozinha, limpeza, filhos) deixando as coisas “sérias” para os homens.

Mas os bom-bons insuspeitos e imprevistos que ontem comi fizeram-me recordar esta senhora que, bem longe do seu país e que estava a ferro-e-fogo, não deixou por mãos alheias a hospitalidade e simpatia.
Não sei o nome. Mas daqui lhe envio, uma vez mais, um sentido obrigado.

Quanto à minha colega, tive ontem mesmo oportunidade de lhe agradecer a doce gentileza.

By me

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