Ontem uma colega,
com quem trabalho só de quando em vez, compareceu no trabalho com um saquinho
de bom-bons/caramelos. Ou vive versa.
E deu-lhe para
distribuir por quem estava ali a trabalhar.
Foi simpático,
agradável e saboroso.
Quando, pela segunda vez, os distribuiu, fiquei a olhar
para ele. Já desembrulhado, e ainda antes de lhe ferrar o dente, tremi, como se
vê na imagem, com uma recordação igualmente bonita e saborosa. Velha de uns
anos valentes.
Tocou em sorte à
minha equipa ir fazer um trabalho à embaixada do Iraque. O país estava na moda,
e não pelas melhores razões, e impunha-se o que ali fomos fazer.
Com a tralha já
montada e a minutos de iniciarmos o que ali nos levara com o embaixador, surge
a sua esposa.
Trazia ela uma
bandeja com tâmaras cobertas com chocolate. Que nos foi oferecendo, com a
indicação que tinham sido preparadas por ela para a ocasião, tal como o chá que
o empregado trazia atrás dela e que a senhora fez questão de nos servir.
Claro está que, após
a primeira ronda, a senhora afastou-se, deixando a questão para o empregado, de
libré, bem como o recolher da loiça usada.
Tocou-me.
Tocou-nos!
Aquela senhora
fizera questão de ter esta atenção personalizada para com uns meros
profissionais que ali estavam apenas nessa qualidade e não como especiais
convidados da casa ou do país que representava.
Não creio que a
esposa de um qualquer embaixador de um qualquer país ocidental tivesse tal
gesto. Com boa vontade, encarregaria os seus empregados de o fazer, mantendo-se
à distância na cozinha e no servir.
Também sei que
este gesto, talvez que simples e natural para esta senhora, simboliza
indubitavelmente o papel feminino no seu país de origem: dedicada às tarefas
domésticas (cozinha, limpeza, filhos) deixando as coisas “sérias” para os
homens.
Mas os bom-bons
insuspeitos e imprevistos que ontem comi fizeram-me recordar esta senhora que,
bem longe do seu país e que estava a ferro-e-fogo, não deixou por mãos alheias
a hospitalidade e simpatia.
Não sei o nome.
Mas daqui lhe envio, uma vez mais, um sentido obrigado.
Quanto à minha
colega, tive ontem mesmo oportunidade de lhe agradecer a doce gentileza.
By me
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