Leio
um artigo num blog (thephoblographer) onde se faz o elogio da
vinhetagem.
Para
os que não sabem, vinhetagem é o nome dado quando a cobertura da objectiva não
corresponde com exactidão à área do sensor ou película e os bordos ou cantos da
imagem resultante ficam mais escuros. Nalguns casos, mesmo negros, com ausência
de conteúdo.
Isto
pode suceder porque a objectiva foi concebida para um formato menor que o usado
(uma objectiva construída para APS-C usada em Full Frame, por exemplo) ou,
mesmo que isso não aconteça, por limitações ou “falta de qualidade” da
objectiva. É mais notório quando os ângulos de visão são grandes (grande angular)
e costuma ser controlado com recurso ao fechar o diafragma, não o usando na sua
máxima abertura.
Diz
o autor do artigo que isto é uma característica da objectiva (verdade) e que
temos que saber viver com isso. Podemos até tirar partido disso. E que há quem
recorra a isso como forma de expressar sensações, dando um ar vintage à imagem resultante.
Tudo
isto é verdade.
Mas
enquadrar sabendo que os cantos vão ficar escuros não é o que haverá de mais cómodo.
Nem sequer satisfatório, ao ver-se o resultado final.
Usar
desta “limitação” da objectiva será o mesmo que recorrer ao “enquadramento
dentro do enquadramento” ou ao jogo de luz para evidenciar aquilo que queremos
que seja o centro de interesse. Tanto uma como outra são técnicas mais que
batidas, usadas se e quando queremos.
Por
mim, quero objectivas que cubram todo o sensor ou película uniformemente. Sem
zonas escuras nos cantos ou bordos.
Se
e quando quiser esse efeito, tratarei de usar uma máscara na objectiva ou no
tratamento posterior da imagem. Porque, em não querendo esse efeito, terei uma
trabalheira enorme em o retirar, nem sempre com bons resultados.
Alguém
se recorda do velho efeito da meia de vidro esticada à frente da objectiva,
dando o tal “boquêt” de que hoje tanto se fala ou simulando mesmo fungos entre
os vidros? Ou do David Hamilton, que “despolia” o elemento frontal da objectiva
para obter o efeito desejado?
É
que uma coisa é querer ter uma dada imagem, com um dado aspecto. Outra coisa é
estar condicionado por limitações do equipamento.
Saber
viver e contornar limitações e dificuldades é bom e recomenda-se. Mas melhor
ainda é conseguir-se o efeito que se quer e não o que os fabricantes não foram
capazes de eliminar.
Acredito
que o autor do artigo acordou sem inspiração e saiu-lhe aquilo.
By me
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