domingo, 14 de dezembro de 2014

Vinhetagem e afins





Leio um artigo num blog (thephoblographer) onde se faz o elogio da vinhetagem.

Para os que não sabem, vinhetagem é o nome dado quando a cobertura da objectiva não corresponde com exactidão à área do sensor ou película e os bordos ou cantos da imagem resultante ficam mais escuros. Nalguns casos, mesmo negros, com ausência de conteúdo.

Isto pode suceder porque a objectiva foi concebida para um formato menor que o usado (uma objectiva construída para APS-C usada em Full Frame, por exemplo) ou, mesmo que isso não aconteça, por limitações ou “falta de qualidade” da objectiva. É mais notório quando os ângulos de visão são grandes (grande angular) e costuma ser controlado com recurso ao fechar o diafragma, não o usando na sua máxima abertura.

Diz o autor do artigo que isto é uma característica da objectiva (verdade) e que temos que saber viver com isso. Podemos até tirar partido disso. E que há quem recorra a isso como forma de expressar sensações, dando um ar vintage à imagem resultante.

Tudo isto é verdade.

Mas enquadrar sabendo que os cantos vão ficar escuros não é o que haverá de mais cómodo. Nem sequer satisfatório, ao ver-se o resultado final.

Usar desta “limitação” da objectiva será o mesmo que recorrer ao “enquadramento dentro do enquadramento” ou ao jogo de luz para evidenciar aquilo que queremos que seja o centro de interesse. Tanto uma como outra são técnicas mais que batidas, usadas se e quando queremos.

Por mim, quero objectivas que cubram todo o sensor ou película uniformemente. Sem zonas escuras nos cantos ou bordos.

Se e quando quiser esse efeito, tratarei de usar uma máscara na objectiva ou no tratamento posterior da imagem. Porque, em não querendo esse efeito, terei uma trabalheira enorme em o retirar, nem sempre com bons resultados.

Alguém se recorda do velho efeito da meia de vidro esticada à frente da objectiva, dando o tal “boquêt” de que hoje tanto se fala ou simulando mesmo fungos entre os vidros? Ou do David Hamilton, que “despolia” o elemento frontal da objectiva para obter o efeito desejado?

É que uma coisa é querer ter uma dada imagem, com um dado aspecto. Outra coisa é estar condicionado por limitações do equipamento.

Saber viver e contornar limitações e dificuldades é bom e recomenda-se. Mas melhor ainda é conseguir-se o efeito que se quer e não o que os fabricantes não foram capazes de eliminar.



Acredito que o autor do artigo acordou sem inspiração e saiu-lhe aquilo. 

By me

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