Os meus olhos são
uns olhos.
E é com esses
olhos uns
que eu vejo no
mundo escolhos
onde outros, com
outros olhos,
não vêem escolhos
nenhuns.
Quem diz escolhos
diz flores.
De tudo o mesmo se
diz.
Onde uns vêem luto
e dores
uns outros
descobrem flores
do mais formoso
matiz.
Nas ruas ou nas
estradas
onde passa tanta
gente,
uns vêem pedras
pisadas,
mas outros, gnomos
e fadas
num halo
resplandecente.
Inútil seguir
vizinhos,
que ser depois ou
ser antes.
Cada um é seus
caminhos.
Onde Sancho vê
moinhos
D. Quixote vê
gigantes.
Vê moinhos? São
moinhos.
Vê gigantes? São
gigantes.
António Gedeão
By me
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