terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Desidéri - A comuna de Paris



Assusta-me ver gente ligada à comunicação social, capaz de reconhecer um ministro, futebolista ou cantor, mas que não saiba o que foi a Comuna de Paris.
Eu sei que foi no séc. XIX. Que foi em Paris, França, que nada tem a ver com Portugal. Que durou pouco e foi cruelmente esmagada.
Mas, queiram-no ou não, gostem ou não do que se passou, esteve na origem de muito do que sucedeu no séc. XX e sucede ainda no nosso século.
E custa-me ver gente ligada à comunicação social, eventualmente com licenciaturas, que desconhece que nessa revolta popular foram usadas as fotografias então feitas nas barricadas para encontrar os revoltosos que sobreviveram aos combates e fuzilá-los.

Goste-se ou não, a história da fotografia está intimamente ligada à comunicação social. Nas reportagens das grandes revistas que foram marcos no séc. XX, nas reportagens feitas nas guerras do séc. XIX, na forma como os jornais, usando a fotografia, “trouxeram novos mundos ao mundo”.
O exotismo das terras distantes, as esfinges reais, a natureza… a fotografia, através dos jornais e revistas colocou o distante nas mãos de cada um, a par da palavra escrita.

Ver gente, mais decano ou mais neófito, a ignorar marcos importantes da história do seu ofício, a ignorar marcos importantes da história e das suas origens… como se pode contar ou interpretar o presente se não se conhecer o que lhe deu origem?

A fotografia?
Feita por Didérie após a Comuna de Paris, mostra alguns do Comunards executados depois da derrota.
Muitos deles foram identificados através das fotografias feitas durante a comuna, em que os revoltosos se deixaram fotografar com o orgulho próprio de quem quase não sabe o que é uma fotografia e de quem luta por aquilo em que acredita.
Hoje, e para além das fotografias, temos os vídeos dos amadores, dos profissionais e das forças da ordem, bem como as câmaras de vigilância que, supostamente, existem para nossa protecção.


Assusta-me ver profissionais da comunicação social a desconhecer isto do passado e a não reconhecer os sinais no presente.


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