quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Tradições





É verdade que sim: estamos em Dezembro e falta menos de duas semanas para o Solstício de Inverno. Ou de Verão, no hemisfério sul.
Data celebrada há milénios, muito antes de se terem inventado as religiões monoteístas, com ou sem figuras humanas. Disso temos vestígios megalíticos, um pouco por todo o mundo, onde quer que o Homem existisse nessas épocas.
A noite mais longa do ano convida ao convívio em torno do lar ou do lume e, em não sobrevindo o sono, convida a que se contem histórias. Umas mais divertidas, outras mais místicas.
E sendo o Homem um animal de hábitos, nesta noite especial contavam-se (contam-se) as mesmas histórias, servindo também isto para manter tradições e cultura. Muito antes de a alfabetização ter chegado a todos lares e o saber escrito fazer parte dos objectos domésticos.
Assim, e mantendo as tradições, aqui fica uma estórinha apropriada à época contemporânea, velha de menos de uma dezena de anos, e com a mesma idade da fotografia.



Há muito, muito tempo, numa terra muito, muito longe, o sr. Pilim e a srª Narta tiveram um filho. Carinhosamente deram-lhe o nome de Dinheirinho.
Sabendo do acontecimento e exultantes com a boa nova, de imediato três magos de reinos distantes se dispuseram a venerar e ofertar. Vinham eles do reino do Fisco, do reino da Banca e do reino do Comércio.
Ajoelhando-se à chegada, logo lhe entregaram o que traziam: um cartão de crédito, um cartão de cliente e um cartão de contribuinte. E disseram-lhe:
“Aqui tendes as nossas oferendas. Acreditamos que com elas sereis maior e mais poderoso. Usai-as como entenderdes.”
E assim aconteceu: o recém-nascido cresceu, a sua palavra e influência espalhou-se pelos quatro cantos do mundo e tornou-se omnipotente, omnipresente e omnisciente. 
Os magos, por sua vez, deram graças pelo seu desenvolvimento e trataram de erguer, em tudo quanto é lugar, templos de veneração: Repartições de Finanças, Instituições de Crédito e Centros Comerciais.
E hoje todos acorrem aos locais de culto em datas como esta, fazendo as suas preces e doando as suas oferendas, num ritual sempre acarinhado pelos sacerdotes.

By me

Sem comentários: