O tema é
recorrente e, volta e meia, aparece nas revistas e sites: deve ou não usar-se
um filtro UV ou Skylight?
Existem
argumentações de ordem vária, da técnica à estética, passando pelas tradições.
Sobre o assunto,
conto uma estórinha na primeira pessoa, antes de dar a minha opinião.
Uma ocasião, há
uns anos valentes, em saindo de casa para ir tomar o café matinal virei à
esquerda e não à direita como de costume. Algo me dizia que haveria algo que
valeria a pena fotografar. E como tenho sempre a câmara comigo…
Nesse dia, nem sei
dizer porque motivo, tinha a câmara pendurada no pescoço. Não a costumo usar
assim. Não é lá muito compatível com a minha muito proeminente barriga e
atrapalha-me com os óculos que costumo, esses sim, ter pendurados ao peito. O meu
hábito é tê-la pendurada no ombro esquerdo, com a objectiva virada para baixo.
Qualquer raio-X à minha coluna mostra o meu hábito de usar coisas penduradas no
ombro esquerdo.
Pois ao fim de
alguns metros de calma caminhada, com os olhos e a alma abertas ao que me
circundava (a minha rua), oiço um valente “plink” vindo da minha barriga.
Estranhei, olhei, e lá estava: o belo do filtro partido, tal como se vê na
imagem.
Levei uns minutos
a perceber o que se tinha passado. Um carro havia passado e, de entre uma das
rodas e o asfalto, saltara uma pedrinha, pequena por certo, mas suficientemente
grande para fazer este estrago.
Imagine-se que não
tinha o hábito de usar um filtro em todas as objectivas que possuo?
É verdade que um
filtro, mesmo os de muito grande qualidade, são elementos ópticos extra que, de
algum modo, diminuem a qualidade da imagem no que a resolução concerne.
Também é verdade
que um filtro, mesmo os melhores, são sempre um elemento óptico uns milímetros
mais à frente que o elemento frontal de origem, sendo sempre passível de
provocarem mais “flares” com luzes “parasitas” a menos que o pára-sol seja
ajustado à sua presença.
É igualmente
verdade que um filtro, mesmo tratando-se de um “UV” ou de um “Skylight”, retém
algumas das frequências da luz, ou não seria filtro. Nalguns casos
recomenda-se, como será o fotografar na montanha ou na praia sob sol bem forte
mas, na maioria dos casos, é inútil. Quiçá prejudicando a fiel reprodução
cromática do assunto. Nada que os actuais editores de imagem não possam
corrigir, mas “danificando” um nico a pureza da imagem original.
Mas também é
verdade que o elemento mais frágil de uma câmara, se excluirmos o sensor e o
obturador, é o elemento óptico frontal.
Porque é o que é
sujeito a pancadas;
Porque é onde se
depositam as poeiras, vapores e gorduras que passamos o tempo a limpar e, nesse
limpar, por muito cuidadosos que sejamos, estamos sempre em risco de provocar
riscos. E esses riscos, ninguém duvida, são realmente prejudiciais;
Porque é, em
última análise, onde vão bater as pedrinhas que saltam de sob as rodas.
É certo que
aqueles que só fazem trabalho em estúdio repudiam o uso destes filtros. Eu
mesmo, quando nessas circunstâncias e se me lembro da coisa, os tiro.
Colocando-os no mesmo espaço onde guardo a objectiva e com o mesmo cuidado,
para que me não esqueça de o repor em a guardando.
Porque na rua,
tenham lá santa paciência, está sempre um colocado, desde que a objectiva o
possa ter.
O meu orçamento,
que não sou profissional da fotografia, agradece-me o substituir de quando em
vez um filtro ao invés de substituir de quando em vez a objectiva. E algumas há
que não quero, de todo, substituir, de tanto que gosto delas.
Quanto ao filtro
partido propriamente dito:
O acidente deu-se
há uns sete ou oito anos. Na altura fiz a imagem que aqui se vê. E guardei-o
como prova inequívoca da aventura.
Há uns dois anos
quis repetir a fotografia. No manuseio, asneira minha, toquei no vidro e
desfez-se por inteiro. Tenho só guardado, algures, o respectivo aro, que já só
conta uma parte minúscula da história.
Já quanto a objectivas
partidas, estaladas, riscadas… não tenho nenhuma.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário