A vida não é um
livro de “deve e haver”, em que as duas colunas têm que estar equilibradas e,
no fim do ano, com saldo zero ou positivo.
A vida é, antes
sim, um fluxo contínuo de atitudes e estados de alma, sem olhar a retribuições,
juros ou equilíbrios. Pelo menos a minha vida é assim.
E quando entendo
que devo fazer algo, faço-o.
Há uns tempos alguém
viu-se privado de uma peça fotográfica. Situação acidental e que me incomodou,
p’los motivos óbvios aos olhos de quem me conhece.
E o meu incómodo
foi tanto maior quanto o eu saber que, por motivos que aqui não interessam em
particular, a substituição dessa peça era difícil.
Pus-me em campo e
propus o resolver a situação, usando como forma de fazer o negócio uma troca: a
peça em questão por um objecto à escolha da pessoa.
O “negócio” foi
aceite, tratei da minha parte, encontrando e enviando a peça em questão. Em
troca recebi um obrigado electrónico e… coisa nenhuma. Até à data coisa
nenhuma.
Acredito que a
pessoa em questão estará satisfeita: resolveu o seu problema e terá na parede
da sua sala a esfinge de mais um lorpa.
Que saiba a pessoa
em questão que me não considero “lorpa”. Continuarei a fazer o que faço, com a
alegria de saber que a minha mão estendida ajudará alguém na medida do que me é
possível. Sem “deve e haver” mas tão só porque o quero fazer.
A minha única
tristeza neste caso é o saber que a outra parte neste negócio não entendeu que
a alegria de ajudar e ser útil sem olhar a quem é sempre muito maior que a de
ludibriar outrem.
E eu faço questão
de tentar estar alegre na vida, seja qual for o saldo ao fim do ano.
By me
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