A conversa estava
animada. Não! Devo dizer antes que a discussão estava acesa. O que, aliás, é
natural tendo em conta o assunto: impostos. Que sempre se protesta contra os
impostos por isso mesmo: são impostos.
Desta vez
falava-se sobre um imposto criativo que entrará em vigor no ano que vem: vinte
por cento dos prémios de totoloto e euromilhões (suponho que lotaria também)
superiores a cinco mil euros.
Argumentava-se,
com alguma razão, que é imoral taxar a sorte, ainda que seja um bom rendimento
para os cofres do estado.
Claro que, e uma
vez mais, eu não podia estar completamente de acordo com a opinião
generalizada.
Por um lado, não
me importaria de pagar mil euros de imposto todas as semanas. Nem me
importaria, aliás, de pagar o dobro. Considerando a taxa de esforço e o
investimento, nem sequer seria muito penoso.
Por outro, seria
uma forma equitativa de distribuir os sacrifícios. Com a sorte batendo à porta
de um, este ficaria solidário com os restantes, continuando ainda assim a poder
ser chamado de sortudo.
O único aspecto
que entendo por imoral neste novo imposto é a falta de justiça!
Se sobre jogos de
sorte e azar o estado se debruça sobre os que foram bafejados pela primeira,
cobrando, deveria fazer o mesmo com os que foram visitados pelo azar, ajudando-os.
Como disse, foi
uma discussão acesa. Não consegui, no entanto, fazer passar os meus pontos de
vista e terminei vencido. Como, aliás, em quase tudo o que se relaciona com o
estado e os impostos.
A menos que
façamos algo de sério para mudar o rumo da sorte. A de todos nós!
By me
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