Quase ao cair do
dia. No passeio junto de uma grande estação ferroviária, mesmo ao pé de um
grande centro comercial, uma mulher pede.
Não! Uma velha.
Também não! Uma velhinha.
O seu tamanho
pequeno, o seu cabelo em desalinho e completamente branco, as suas roupas
velhas já remendadas, o lenço meio na cabeça, meio no pescoço, o seu falar
muito pouco perceptível, fazem desta mulher uma velhinha de já bastante idade.
E não se enganem! Nem
romena, nem ucraniana, nem brasileira, nem africana, nem sul-americana. Portuguesa,
tanto quanto me foi dado a perceber pelas roupas e pelo sotaque.
Aliás, o sotaque
foi o mais difícil de perceber, que do que dizia só se entendia ”quero comer”.
Isso e a mão estendida.
Enquanto o seu
corpo se apoiava no poste do semáforo que retinha ou autorizava que os
consumidores do centro comercial avançassem.
Enquanto isto,
deputados e governantes discutem quanto mais e de que forma irão cobrar aos
cidadãos sob a forma de impostos, taxas, alcavalas e outros métodos mais ou
menos violentos, mas todos imorais.
Será que se algum
deles tivesse um parente que, no seu fim de vida, tivesse que esticar a mão à
caridade, mais em público ou mais envergonhado, se lembraria ou atreveria a
reduzir pensões, diminuir apoios na saúde, encravar a educação ou aumentar
impostos sobre comida?
Começa a não ser
alternativa viável o aceitarmos que unilateralmente alguns decidam por todos.
E começam a escassear
as alternativas ditas civilizadas!
By me
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