domingo, 14 de outubro de 2012

Ódios




É natural que o povo não goste do poder.
É o poder que põe em letra de forma as regras da sociedade, é o poder que faz aplicar essas mesmas regras, é o poder que cobra do trabalho, é o poder que fiscaliza… é o poder o inimigo generalizado e o alvo preferencial do povo.
Se a sociedade é abastada, se não falta o mínimo ou mesmo o supérfluo, essa antipatia pelo poder mal se nota. Mas quando o supérfluo já está distante e o mínimo roça a linha do vital, todos os ódios se viram contra o poder.
Este, o poder, agarrado que está ao cargo, vai encontrando bodes expiatórios para de si desviar as animosidades. Ele é o espaço vital para a nação, ele é as ideias corrosivas, ele é o inimigo sem rosto a que se dá o nome de “raça”, ele é a conjuntura económica… Temos visto disto, e demasiado, ao longo dos tempos.
Pergunto-me, no entanto, se os que estão agora no poder neste país já se terão apercebido que já não funcionam essas estratégias.
E se têm a noção de que os seus nomes, por mais esquemas que inventem, são dos mais odiados das últimas dezenas de anos.
Mais ainda: se já terão pensado que, pese embora o olvido do povo ser generoso com o tempo, eles ficarão indeléveis na galeria dos malditos.
Resta saber por quanto mais tempo conseguirão eles alimentar este ódio.

By me 

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