Reclamei em
privado de ter sido atendido inicialmente em inglês num café, em Sintra. Dessa
reclamação recebi uma resposta, também em privado. Mantendo o anonimato do café
em causa (porque disso faço questão) aqui fica o que lhe enviei, como ponto
final na conversa.
Olá de novo!
Efectivamente não
foi bonito ou cordial ter enviado a mensagem que enviei sem me ter identificado
previamente. As minhas desculpas e de imediato o corrijo:
Sou JC Duarte
(todos me conhecem assim menos no arquivo de identificação e nos bancos, que
não gostam destas coisas de acrónimos) e tenho 54 anos.
Há 34 anos que sou
operador de câmara e de controlo de imagem de televisão, mais ao menos a mesma
antiguidade que tenho na actividade fotográfica. De há vinte a esta parte, sou
formador nos dois campos – televisão e fotografia – que é o que sei fazer na
vida.
Ainda que tenha
nascido e trabalhe em Lisboa, resido na Tapada das Mercês. E sendo certo que
não tenho carro ou mesmo carta – por opção desde muito cedo – as minhas idas à
vila de Sintra são sempre em lazer, pelo que ocasionais.
Posta a
apresentação que peca por tardia, devo acrescentar que me sinto lisonjeado por
me ter reconhecido à entrada, cliente muito pouco frequente que sou. Sei que o
meu aspecto nada tem de ortodoxo, mas não o cultivo nem o evito. Sou o que sou,
um português que faz por ser o que é por ele mesmo e não por aquilo que as
maiorias pensam ou decidem. (Talvez tenha reparado no pin que trago na lapela).
Por fim, lamento
não me ter feito entender correctamente. Não é minimamente importante o “EU”
não ter sido atendido de início (nem numa segunda abordagem) em língua
portuguesa. O inglês, o francês, o castelhano, o catalão, são-me muito
familiares. E ainda arranho um nico de italiano, mas nada que se veja ou oiça.
O que me incomodou
foi o facto ter acontecido com extrema normalidade! Naturalidade mesmo!
Sendo certo, e
como diz, que o Café “XPTO” não é universidade ou instituição estatal, também é
certo que está em território nacional, não está identificado como sendo “café
USA” ou quejando, não está abrangido pelas convenções diplomáticas e está
aberto a todos os cidadãos, nacionais ou não. E, no meu entender de cidadão,
comunicador e formador, em Portugal a primazia é para a língua portuguesa.
Entendo as
necessidades de negócio, tanto mais que os tempos estão como estão. Não entendo
algum menosprezo pelos seus concidadãos, sendo ainda que assume ter a
nacionalidade portuguesa. E esse menosprezo manifesta-se por não haver sempre,
repito sempre, o cuidado de uma primeira abordagem aos clientes como se
portugueses se tratassem.
Claro está que o negócio
Café “XPTO” é seu e geri-lo-á como entender. Claro está que eu, enquanto cidadão
português e cidadão consumidor, usarei do meu dinheiro, da minha cidadania e do
mundo em que vivo, também como entender. Sempre no respeito mútuo, que foi o
que não senti ao ser aí atendido.
Não o senti na
questão da língua em que fui recebido, não o senti ao ser preterido no serviço
de mesa em prol de uma venda avultada ao balcão, não o senti no tempo de
espera, ao mesmo balcão, para conseguir pagar a minha despesa.
Portanto, fiquemos
entendidos: se eu não gostei da forma como aí fui atendido (por duas vezes e sempre
da mesma forma como se recorda), não espero dar-lhe azo a que haja uma
terceira.
Como nota final,
fica um reparo: recordou-se que aquando da minha primeira “reclamação” o fiz em
público e através de um blogue. Espero que tenha reparado também que esta
segunda, mais incisiva, foi feita em privado, usando mensagem pessoal. Mas
também isso tratarei de remediar, já que em Portugal, onde se fala a tal língua
portuguesa que me foi sonegada no seu estabelecimento, existe a liberdade de
expressão, que tenciono usar.
Melhores votos de
felicidades
JC Duarte
Cidadão Português
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