segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Quarenta e três segundos





Provavelmente, e se tiver paciência, gastará mais que isso para ler estas linhas. O que, em termos de consumo de texto na internete, já é uma boa média.
Se acontecer ler tudo até ao fim, o mais que lhe pode acontecer é ficar com a sensação que perdeu tempo com um texto inútil, ou quase, que nada com ele aprendeu e que mais valeria ter passado a outras páginas ou foto, quiçá mais interessantes ou bonitas.
Como de costume naquilo que aqui vou pondo, esta imagem não possui um texto sobreposto. As letras que lhe acrescento são externas, deixando que a imagem fale por si mesma. Mas sendo certo que não sou grande fotógrafo, a imagem é fracota, pelo que tenho que recorrer às palavras para que a mensagem seja completa.
Se já chegou a este ponto da leitura, e se foi rápido a fazê-la, talvez tenha gasto um pouco mais que metade dos tais quarenta e três segundos. Talvez trinta.
Faltam, assim, treze segundos para esgotar o tempo previsto inicialmente.
Porquê esse tempo exacto de quarenta e três segundos? Porque não quarenta ou cinquenta segundos? Fácil!
Quarenta e três segundos foi exactamente o tempo que demorou entre o ter sido libertada e o ter explodido, 600 metros acima do solo, a primeira bomba atómica usada para matar gente. Em Hiroshima. Há precisamente 67 anos atrás.

Você gastou quarenta e três segundos e nada aconteceu. Naquele dia, após quarenta e três segundos, bem mais de uma centena de milhar de pessoas morreram.
O julgamento da história ainda se está por fazer que, entre as críticas discretas e as justificações bélicas, ninguém tem coragem de formalmente chamar àquele acto de guerra uma chacina ou assassínio colectivo.
E só levou quarenta e três segundos a cair. Menos que o tempo que você gastou a ler este texto, caso tenha chegado até aqui.

By me 

1 comentário:

Joel disse...

Valeu a pena investir mais de quarenta e três segundos a ler o texto. Obrigado!