terça-feira, 21 de agosto de 2012

O rei-sábio




Contaram-me (ou li, já não sei) que algures na antiguidade um rei (seria imperador?), tentando melhorar o nível qualitativo da cultura e ciência do seu país, mandou chamar sábios de todos os cantos do mundo conhecido de então.
Não se conheciam, não partilhavam a mesma história, cultura, conhecimentos ou mesmo língua.
Mas seria nessa diversidade total que o tal imperador (seria rei?) apostava. Que, em nada havendo em comum, o que desta junção resultasse seria algo de completamente novo, algo que levaria o mundo a abrir a boca de espanto com tanto saber e modernidade.
Não sei o resultado de tal reunião. Pois se nem sei onde era, quando foi ou mesmo o nome do rei (seria imperador?).
O que sei, isso sem sombra de dúvidas, é que hoje, quando se juntam pessoas para conversar, a atitude generalizada é de exibição e afirmação das suas próprias certezas, fechando as mais das vezes o espírito ao que os outros terão para contar.
Mas sendo que partilham do mesmo contexto (cultural, ideológico, linguístico) também não têm, as mais das vezes, algo de verdadeiramente novo ou diferente para contar. Que as premissas são as mesmas e as conclusões são, por exclusão de partes, as mesmas. Enfeitadas, claro está, com o ego de quem discursa.
Evidentemente que há excepções. Tantas quantas, talvez, os tais sábios que o tal imperador (seria rei?) juntou. São aqueles que, mais que querer contar o que sabem, querem aprender o que os outros podem saber e, com isso, criar a novidade. São aqueles que, mais que querem exibir-se, querem partilhar e aprender o saber e o pensar. Falando ou não a mesma língua.
Faz falta que surja um rei, imperador, descamisado, endinheirado ou qualquer outra coisa que trate de os juntar e criar algo de realmente novo.
Hoje!

By me

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