Escrever é algo de grande responsabilidade.
As palavras são grafadas e perpetuam-se, ficando os seus
sentidos e ideias à disposição de quem as quiser ler em qualquer momento.
Por isso mesmo, e talvez mais que nos discursos falados, as
palavras escritas têm que ser pensadas.
Por vezes, algumas das minhas palavras escritas acontecem ao
correr da pena, levadas pela inspiração do momento e na voracidade de querer
que os dedos ou a caneta sejam tão rápidos quanto o pensamento. E quão fútil é
esta tentativa.
Outras vezes, porém, e considerando a importância do que
pode advir do que é dito/escrito, levo horas, dias mesmo, para que todas as
ideias e cada um dos termos façam sentido, completem um puzzle lógico e razoavelmente
fluido. Com o mínimo de erros factuais ou de interpretação, para que a mensagem
(e há sempre uma mensagem, nem que seja na expressão “bom dia”) seja recebida
com a proximidade possível à minha própria ideia.
Nem sempre é fácil.
Ando, há mais de uma semana para conceber um texto que
preencha alguns requisitos específicos, na forma e no conteúdo. Sem imagens, o
que simplifica a tarefa por um lado, mas a complica por outro. Pelo menos a
mim, que sou da imagem.
Aconteceu hoje. O puzzle completou-se algures entre a porta
de casa e comboio que haveria de apanhar para o trabalho.
Foi só questão de rapar do caderno de apontamentos, que
nunca me larga, e de fazer o rascunho. Em cima do joelho na verdadeira acepção
do termo, já que no comboio suburbano é o local mais sólido para o fazer.
E passei a manhã inteira, enquanto trabalhava, a rever
mentalmente o que a caneta havia depositado no papel.
Foi já só durante a hora de almoço, comido a correr, que
tratei de passar a formato passível de enviar por e-mail e o despachei.
Uma semana! Foi o tempo que demorou uma ideia, séria e de consequências
para terceiros, a tomar forma. Assim deveria acontecer com a maioria dos
escritos que são divulgados e que, de alguma forma, incidem sobre a vida de
outrem. Serem ponderados, revistos, organizados e haver certezas nos seus conteúdos.
E isto aplica-se a tudo na vida que passe por escrever e publicar:
justiça, trabalho, legislação, formação. Uma vez lidos, esses conteúdos assumem
(ou podem assumir) foros de verdade, tamanhos de penedos, inabaláveis na
mensagem ou informação que passam.
Sei que o que hoje escrevi e enviei influenciará algumas
pessoas e ao seu desempenho profissional. Não se o pode fazer de ânimo leve. O
mesmo se aplica a escritos de formação que, e supondo que quem os lê lhes dá crédito,
funcionarão como leis, influenciando o seu desempenho futuro.
A responsabilidade de tais escrevinhares é demasiadamente
grande para que o faça como se de uns textinhos de desabafo publicados meio à-toa
no face ou num blog tratassem.
By me
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