quinta-feira, 12 de julho de 2012

À-toa não




Escrever é algo de grande responsabilidade.
As palavras são grafadas e perpetuam-se, ficando os seus sentidos e ideias à disposição de quem as quiser ler em qualquer momento.
Por isso mesmo, e talvez mais que nos discursos falados, as palavras escritas têm que ser pensadas.
Por vezes, algumas das minhas palavras escritas acontecem ao correr da pena, levadas pela inspiração do momento e na voracidade de querer que os dedos ou a caneta sejam tão rápidos quanto o pensamento. E quão fútil é esta tentativa.
Outras vezes, porém, e considerando a importância do que pode advir do que é dito/escrito, levo horas, dias mesmo, para que todas as ideias e cada um dos termos façam sentido, completem um puzzle lógico e razoavelmente fluido. Com o mínimo de erros factuais ou de interpretação, para que a mensagem (e há sempre uma mensagem, nem que seja na expressão “bom dia”) seja recebida com a proximidade possível à minha própria ideia.
Nem sempre é fácil.
Ando, há mais de uma semana para conceber um texto que preencha alguns requisitos específicos, na forma e no conteúdo. Sem imagens, o que simplifica a tarefa por um lado, mas a complica por outro. Pelo menos a mim, que sou da imagem.
Aconteceu hoje. O puzzle completou-se algures entre a porta de casa e comboio que haveria de apanhar para o trabalho.
Foi só questão de rapar do caderno de apontamentos, que nunca me larga, e de fazer o rascunho. Em cima do joelho na verdadeira acepção do termo, já que no comboio suburbano é o local mais sólido para o fazer.
E passei a manhã inteira, enquanto trabalhava, a rever mentalmente o que a caneta havia depositado no papel.
Foi já só durante a hora de almoço, comido a correr, que tratei de passar a formato passível de enviar por e-mail e o despachei.
Uma semana! Foi o tempo que demorou uma ideia, séria e de consequências para terceiros, a tomar forma. Assim deveria acontecer com a maioria dos escritos que são divulgados e que, de alguma forma, incidem sobre a vida de outrem. Serem ponderados, revistos, organizados e haver certezas nos seus conteúdos.
E isto aplica-se a tudo na vida que passe por escrever e publicar: justiça, trabalho, legislação, formação. Uma vez lidos, esses conteúdos assumem (ou podem assumir) foros de verdade, tamanhos de penedos, inabaláveis na mensagem ou informação que passam.
Sei que o que hoje escrevi e enviei influenciará algumas pessoas e ao seu desempenho profissional. Não se o pode fazer de ânimo leve. O mesmo se aplica a escritos de formação que, e supondo que quem os lê lhes dá crédito, funcionarão como leis, influenciando o seu desempenho futuro.
A responsabilidade de tais escrevinhares é demasiadamente grande para que o faça como se de uns textinhos de desabafo publicados meio à-toa no face ou num blog tratassem.

By me 

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