terça-feira, 3 de julho de 2012

Contratempos




De manhã, animação ferroviária.
Um carteirista não terá gostado da reacção de uma vítima, dentro do comboio e reagiu com navalhada na barriga.
Nem o agredido nem os demais passageiros gostaram da coisa e perseguiram o amigo do alheio, primeiro no cais, depois p’la linha. Claro que acabou a história com este a ser levado pela polícia, não sem antes ter levado uns valentes cascudos dos populares. Creio que o que o salvou de pior destino terá sido um dos passageiros que, p’la forma como falou com os cívicos, me pareceu ser colega d’ofício. Já quanto àquele que, por pouco, ia ficando com as tripas de fora, saiu dali com um valente penso na barriga, uma camisa inutilizada, quem sabe se ficará de recordação, e deitadinho numa maca.
Imagine-se o granel, vulgo confusão, que se criou na linha de Sintra, já que o episódio de cariz policial sucedeu p’las oito da manhã, hora de ponta e com as composições cheias. Nem desconfio quantas terão ficado imobilizadas na linha até que a gestão de tráfego tenha conseguido normalizá-lo e transportar todos os passageiros.
E imaginem-se as maldições, impropérios e generalização de relatos sobre as dificuldades da vida que se ouviram, entre todos aqueles que saíram de casa com a convicção de chegarem ao trabalho mais ou menos no horário previsto. Eu mesmo incluído.
Aquilo que a maioria não discerniu, é que este contratempo para a maioria (que para o assaltado foi bem mais que isso), acaba por ser uma estória a contar no trabalho junto dos colegas, quiçá incrédulos, sobre o aumento da violência e criminalidade no país.
E, acrescento eu, como Portugal se está a aproximar a passos largos das medias europeias. Pelo menos daquelas referentes aos países em crise.

No entanto, tenho a acrescentar que o único real incómodo desta manhã incomum foi o ter-me esquecido do relógio em casa. Talvez que por isso não tenha tido tão violentamente a sensação de atraso. Pois que em não sabendo que horas são também não sei quão atrasado ou adiantado estou.
E posso garantir que entendi isso, hoje, mais como uma benesse que como um contratempo.
E, já agora, é assim tão importante sabermos que horas são quando, de quando em vez, nos forçam a alterar o relógio?

By me 

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