“…
A
arte é uma fonte de conhecimento, tal como a ciência, a filosofia, etc., e a
grande luta empreendida pelo homem para ir ajustando a sua concepção da
realidade – que é o que o enaltece e torna livre - não pode prosperar se se manipularem ideias
que já foram concebidas e realizadas anteriormente. As formas caducas não podem
conduzir a ideias actuais. Se as formas não forem capazes de ferir a sociedade
que as recebe, de a irritarem, de a impelirem à meditação, de fazerem com que
ela veja que está atrasada, se não estiverem em ruptura, então não são uma
autêntica obra de arte. Perante uma verdadeira obra de arte, o espectador deve
sentir-se obrigado a fazer um exame de consciência e a por em dia as suas
velhas concepções. O artista deve fazer com que ele compreenda que o seu mundo
era estreito, e deve abrir-lhe novas perspectivas. Isto é: deve levar a cabo
uma autêntica obra humanista.
Quando
o grande público encontra plena satisfação em determinadas formas artísticas, é
porque essas formas já perderam toda a sua virulência.
Onde
não houver verdadeiro impacto, não haverá obra de arte. Quando a forma
artística não é capaz de provocar o desconcerto no espírito do espectador e não
o obriga a mudar de forma de pensar, não é actual.”
Texto:
by Antoni Tàpies (Barcelona, 1923 - 2012), in “A prática da arte”
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