domingo, 22 de julho de 2012

Não sou uma lata




O projecto “Latas na Cidade” é coisa com graça.
Deixar latas em locais públicos, abandonadas, à espera que quem as encontre lhes dê o uso para que foram concebidas – fazer uma fotografia – e esperar que regressem à base para que a foto seja revelada é, no mínimo, incomum.
O deixar coisas em locais públicos para que tenham continuidade não novo. Sei que aconteceu – ou acontece – com livros. No campo da fotografia o sistema “em continuidade” também não é original. Já participei com câmaras convencionais e com objectivas. Neste último caso, foi uma 28mm que deu a volta ao mundo, literalmente, entre amantes de câmaras Pentax.
Agora câmaras “pinhohe” ou estenopeica é mesmo novidade.
Claro que – e chamem-me de desconfiado se quiserem – isto não é completamente gratuito.
Apesar de haver um projecto cultural associado – quem fotografa, o que é fotografado e de que modo, o criar um “retrato colectivo” sobre a cidade onde acontece, etc. – este projecto serve também de chamariz às actividades da “Imagerie”, empresa dedicada a produções fotográficas e à formação de base na fotografia. E, como não poderia deixar de ser, quem quiser saber mais sobre o processo fotográfico que usou com a lata, mais não tem que frequentar um workshop – pago – promovido pela referida empresa.
Mas considerando que:
A – Os tempos estão beras; B – Não há almoços grátis; C – Há coisas que só se aprendem fazendo com orientação; D – A curiosidade despertada sobre o desconhecido pode dar origem a coisas muitos interessantes;
Tudo por junto o projecto é particularmente válido.
Assim: se nunca usou um a câmara destas, se nunca esteve num laboratório fotográfico, se gosta de fotografia… Ao ver uma destas latas num jardim perto de si, leia o lá consta e dê-lhe uso.

By me

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