O projecto “Latas
na Cidade” é coisa com graça.
Deixar latas em
locais públicos, abandonadas, à espera que quem as encontre lhes dê o uso para
que foram concebidas – fazer uma fotografia – e esperar que regressem à base
para que a foto seja revelada é, no mínimo, incomum.
O deixar coisas em
locais públicos para que tenham continuidade não novo. Sei que aconteceu – ou acontece
– com livros. No campo da fotografia o sistema “em continuidade” também não é
original. Já participei com câmaras convencionais e com objectivas. Neste último
caso, foi uma 28mm que deu a volta ao mundo, literalmente, entre amantes de câmaras
Pentax.
Agora câmaras “pinhohe”
ou estenopeica é mesmo novidade.
Claro que – e chamem-me
de desconfiado se quiserem – isto não é completamente gratuito.
Apesar de haver um
projecto cultural associado – quem fotografa, o que é fotografado e de que
modo, o criar um “retrato colectivo” sobre a cidade onde acontece, etc. – este projecto
serve também de chamariz às actividades da “Imagerie”, empresa dedicada a
produções fotográficas e à formação de base na fotografia. E, como não poderia
deixar de ser, quem quiser saber mais sobre o processo fotográfico que usou com
a lata, mais não tem que frequentar um workshop – pago – promovido pela
referida empresa.
Mas considerando
que:
A – Os tempos estão
beras; B – Não há almoços grátis; C – Há coisas que só se aprendem fazendo com
orientação; D – A curiosidade despertada sobre o desconhecido pode dar origem a
coisas muitos interessantes;
Tudo por junto o
projecto é particularmente válido.
Assim: se nunca
usou um a câmara destas, se nunca esteve num laboratório fotográfico, se gosta
de fotografia… Ao ver uma destas latas num jardim perto de si, leia o lá consta
e dê-lhe uso.
By me
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