Há muitos, muitos
anos, era eu catraio pequeno, assisti a um acto fotográfico que me marcou indelevelmente.
Ainda que só bastante tempo depois disso me tenha apercebido.
Fomos visitar um
tio-avô meu, já muito doente e acamado, e pediu-nos ele que o fotografássemos.
Depois de tudo ajustado – a dobra do lençol, o pijama, o cabelo – e no momento
da obturação, ele ergueu o braço e acenou, sorrindo. Foi a sua última
fotografia, já que morreu no dia seguinte.
Não sei, nem nunca
saberei, se ele saberia que estava para morrer. Mas apostava bem forte em como
ele não tinha dúvidas em como aquela seria a sua última foto. E fez questão que
ela fosse alegre, com uma mensagem boa: um sorriso e um aceno de “Até”.
Catraio pequeno
que eu era, na altura tudo isto não me impressionou em demasia. Até me ter
recordado, bem mais tarde. Isto, o que mais sei deste meu parente, faz dele uma
figura impar.
Hoje, e usando
isto como ponto de partida e somando-o ao que entretanto vi, fiz e sei sobre
fotografia, ainda me pergunto uma coisa: porque será que todos querem ser
fotografados com um sorriso? Mesmo que seja o “sorriso p’rá fotografia”? E quantas
vezes esse sorriso é forçado, não correspondendo nem um pouco ao estado de espírito
do momento!
By me
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