Ontem aqui na rua,
no bairro, na cidade, nasceu uma criança!
Como disse um
africano, feita com muito, mesmo muito amor. Todas as noites fizeram um
pouquinho mais, uma perninha, um bracinho, hoje a boca, amanhã os pezinhos…
Nasceu saudável e mãe e filho estão bem. O pai está baboso e sorri para quem
passa…
Ontem, aqui na
rua, no bairro, na cidade, alguém precisou e alguém deu!
Uma moeda, um
sorriso, um conselho, uma prenda, um ombro. Alguém ficou um pouquinho mais
feliz por ter recebido e alguém ficou muito mais cheio por ter dado.
Ontem, aqui na
rua, no bairro, na cidade, alguém leu um livro!
Romance ou
histórico, técnico ou de ficção, alguém ficou mais rico, mais culto, com os
horizontes mais largos e com mais temas para contar. E alguém foi lido, alguém
fez passar a sua mensagem, o seu testemunho, a sua imaginação, o seu sonho.
Ontem, aqui na
rua, no bairro, na cidade, alguém cantou!
Desenhou,
escreveu, dançou, convidou para dançar, para contar as estrelas, para colher
uma flor.
Ontem, aqui na
rua, no bairro, na cidade, ninguém foi vítima de violência!
Não houve nem
mortos nem feridos, assaltos ou explosões, acidentes ou violações. Ninguém
ficou mais pobre na sua carne ou na carne da sua carne. As ambulâncias não
saíram e as lágrimas não correram.
Ontem, aqui na
rua, no bairro, na cidade, não houve notícias!
Não houve motivos
para que os repórteres aqui viessem fazer intervenções em directo nem
fotografias para as manchetes. Não inventaram frases bombásticas nem
entrevistaram nenhum político local. Não passaram para segundo plano eleições
nem vieram aqui procurar as chamas com que aquecem as gamelas de onde comem.
Ontem, aqui na
rua, no bairro, na cidade, foi um dia feliz!
E os media
ignoraram-nos!
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário