Pois eu vi nas notícias.
E vi em quase quanto é sítio a fotografia.
Vi aqueles polícias
a baterem em cidadãos. Não vi o que esteve na origem, tal como não ouvi a
porta-voz da PSP a explicá-lo.
Tal como vi
agentes da polícia a garantirem que quem queria trabalhar o pudesse fazer. E a
garanti-lo sem recurso a nada que pudesse por em risco a integridade física de
quem quer que fosse.
Em tudo quanto é sítio,
desde os media convencionais às redes sociais, se viu o sangue. Aquilo que os
alimenta.
Mas também vi aqui
no meu bairro, de onde não pude sair, instituições - oficiais ou não - paradas
ou a menos de meio gás. Saúde, educação, fisco, transportes. Sem algazarras,
sem confusões, sem os media a mostrarem que o direito à greve foi respeitado.
Mas vi mais.
Vi aquele agente
da PSP que distribui as notificações ver-me e atravessar a rua para me
perguntar o que me tinha acontecido.
Vi a patrulha da
PSP apeada a fazer a sua ronda p’lo bairro, que não há verbas para reparar
viaturas.
Vi a patrulha do
trânsito a fazer o que pode, porque apeada pelos mesmos motivos.
E vi, porque não
vi nos noticiários, todos os outros bairros, cidades e estradas onde a greve
geral que aconteceu hoje decorrer com a normalidade que se espera numa sociedade
dita civilizada.
Era bom que todos
entendessem, os que andam nas redes sociais e os que não andam, que antes de
fazer juízos há que conhecer todos os elementos.
Tal como era bom
que todos entendessem que os media mostram o que lhes convém para agradar à
populaça. E que esta gosta de sangue.
Mas, e acima de
tudo, que não generalizassem os actos destes agentes da PSP a todos os membros
da corporação. Que os há bons e maus, civilizados e sanguinários. Generalizar isto
será o mesmo que generalizar a todas as mulheres a prostituição, só porque há mulheres
que se prostituem.
A mesma corporação
que agora é insultada e aviltada é a mesma que é chamada quando há um acidente,
quando há um crime, quando querem proteger as crianças nas escolas. E que vão!
Sugiro que, no
lugar de usar da raiva que enche corações sobre um conflito a todos os títulos lamentável
e condenável, se pense antes o que fez com que tanta gente parasse e se
manifestasse hoje. E que se canalize essa mesma raiva para quem esteve ou está
na origem de tantos protestos e manifestações.
“Que se não mate o
mensageiro mas sim quem enviou a mensagem.”
Texto e imagem: by me
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