Oiço um ministro
da educação a dizer que quer aumentar o sucesso escolar, com mais alunos a
passar de ano. E que, naturalmente, quem não souber, não passa.
No entanto,
algumas coisas têm que ser analisadas.
Desde logo o facto
de o “ir à escola”, seja qual for grau de ensino, ser obrigatório. E sabemos
que nenhum jovem gosta de “obrigatórios”.
Em seguida, a
enormidade de solicitações para outras coisas que a sociedade de consumo põe à
frente do jovem. Ele quer ir, quer fazer, quer ser, quer ter, quer interagir, e
nada disso é consentâneo como o “ir à escola”.
Por fim, temos
todo o sistema que se centra no ensinar, no lugar do aprender. Como se o mais
importante não fosse que os alunos aprendam mas antes o que acontece na escola,
desde professores a políticas de educação, passando por equipamentos e
economias de custos.
Donde, para que
este ministro consiga os seus intentos – e eu espero do fundo do coração que
sim – haverá que:
a) Alterar o modo
de funcionamento da sociedade. Não me parece viável, bem pelo contrário.
b) Alterar a forma
como o “ir à escola” é encarado, deixando de ser uma obrigação para ser algo
que, realmente, apetece ao jovem fazer. Para tal haveria que, possivelmente,
alterar radicalmente métodos, tornando-os competitivos com o resto da
sociedade. Difícil, mas não impossível.
c) Alterar a forma
como a escola se vê a si mesma, transformando-a num serviço à comunidade e aos
alunos e não num sistema autofágico em que a substituição regular dos alunos é
encarado como se de substituição de peças desgastadas se tratasse. Particularmente
complicado, se pensarmos que isso implica alterar mentalidades em boa parte de
quem está ligado à educação.
Mas talvez fosse
um óptimo princípio, o retirar o arame farpado que envolve as escolas. Que o
anseio por liberdade, intrínseco a todo a criança e adolescente não se coaduna
com o sentir-se num redil.
By me
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