O
dia não começou bem!
Levantar
cedinho, em sincronia com o sol. Tinha onde estar de manhã e, para além do
tempo de que necessito para a satisfação intelectual antes de sair de casa,
certo é que as minhas temporárias limitações implicam o dobro do tempo de
toilette pessoal.
Donde,
acordar cedinho para não chegar atrasado.
Em
chegando ao ponto de encontro, dentro do meu projecto “Trocas Fotográficas”
ainda que desta vez um pouco à margem do habitual, toca-me o telefone. O dia
também não havia começado bem a quem estava do outro lado, com avarias domésticas
e acidentes rodoviários p’lo caminho, e o encontro ficou adiado “sine die”.
Assim
sendo, preparava-me para um passeio pela zona, que não conheço em detalhe,
quando sou abordado por um missionário de uma qualquer confissão cristã. Não desistiu
com a minha resposta do costume (professo a religião shintoista, obrigado) e
quis conversa. Não tinha eu melhor em que ocupar o tempo, e dei-lha.
Sendo
particularmente culto, o que não é normal nesta actividade, a conversa correu
bem até que levei eu uma nega: fotografia, mesmo que só dos olhos, é que não! Que
nunca se sabe para que pode ser usada, que os tempos estão maus, que quem vê
caras não vê corações… não fui malcriado, perante as suas insinuações, mas
pouco faltou.
Acabei
por ir ao meu passeio, ainda que pouco inspirado à conta do mau início de dia. Até
que me deu a fome e comecei a pensar em almoço. Tratei de fazer pontaria para
um misto de tasco e restaurante, com boa comida e em conta. Mais um fiasco:
encerra à terça-feira!
Desço
a rua a pensar mal, senão da vida, pelo menos do dia, e acabo por entrar num
outro, onde só tinha estado umas talvez três vezes, em vinte e tal anos. Calhou!
Olhando
para a ementa, fico indeciso entre escolher algo que seja cómodo só para uma mão
ou correr o risco e pedir um bitoque, tendo que o cortar. Fui corajoso!
A
empregada que recebeu o meu pedido regressou, passado um pouco e de mãos
vazias, perguntando-me se eu quereria que na cozinha dessem um jeito à carne. E,
ao dizê-lo, olha para o meu braço que repousava em cima da mesa.
Disse-lhe
que não, muito obrigado, que tentaria desenvencilhar-me de algum modo.
E
quando o bife veio, este que aqui se vê, repetiu a sugestão, desta feita
alvitrando que tivesse eu dificuldades e ela viria ajudar.
Admitamos
que não se vê nem ouve ofertas desta, a troco de coisa alguma, nem todos os
dias nem mesmo todos os meses. O tê-la ouvido fez-me entender o porquê de toda
a negatividade matutina. Que se uma só delas que fosse não tivesse acontecido,
e p’la certa que não teria acabado neste restaurante e conhecido esta solícita
empregada de mesa.
Quanto
ao bife, de uma forma ou de outra dei conta dele até ao fim. Que não só o aspecto
como o paladar o justificava. Isso e o provar a mim mesmo que não há desafios insuperáveis.
Há, antes sim, formas de os enfrentar, com ou sem encorajamentos simpáticos vindos
de desconhecidos.
Texto e imagem: by me
Sem comentários:
Enviar um comentário