terça-feira, 6 de março de 2012

Frente e verso




A sala tem 152 lugares sentados. Contei-os!
90% deles estavam ocupados e havia, talvez, mais um terço desse número de gente de pé.
Por outras palavras, a sala de espera da inscrição para as consultas externas do hospital Fernando Fonseca, vulgo Amadora-Sintra, estava apinhada.
Não tendo eu muito mais que fazer, e entremeado com uns cigarritos fumados cá fora, fui observando quem esperava. Nem um sorriso, nem uma cara descontraída, nem mesmo um daqueles sons infantis que nos agradam, por parte das algumas criancinhas pequenas que por lá estavam.
Expressões sorumbáticas, fechadas, aborrecidas, enfadadas, incapazes de lidar com o ali os tinha levado mais o tempo de espera. Se não se estiver já doente ao ir ali, com certeza que dali se sairá com uma depressão profunda.
A única gargalhada que ouvi foi a minha. Ao ver entrar esta mulher, bem grande, que depois de tratar de obter o malfadado número de espera, veio cá fora fumar um cigarro e exibir a sua T-Shirt.
Sorte a minha, que havia perdido o isqueiro e que, depois de encher o tubo de papel na maquineta, não teve como o acender. Serviu o meu Zippo para o efeito e como desculpa para meter conversa e ganhar coragem para lhe pedir para a fotografar: frente e verso.
É que quando eu mesmo não for capaz de encontrar alguma coisa que quebre a rotina e me faça rir ou sorrir, mesmo numa sala de espera apinhada de um hospital, o melhor mesmo é nem sair e ficar internado. Com camisa de forças!

By me

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