Eu sei que tenho
referido o livro muitas vezes. Que querem: é uma daquelas obras de ficção em
que muito aprendi. Na juventude, quando a descobri, e ainda hoje, em a relendo.
Refiro-me a “Um
estranho numa terra estranha”, de Robert Heinlein.
E é, talvez,
aquilo que diferencia o ser humano de tantos outros: a capacidade e
correlacionar dois ou mais factos ou saberes e encontrar algo de novo. Foi o
que me aconteceu com este livro.
Entre outras
questões, nele é referido um verbo ficcionado: “Grocar”.
O seu significado,
se eu bem o entendi, é o entender muito para além da superfície, é o conhecer
em profundidade, é o procurar – sem obsessão – a razão de ser das coisas e das
atitudes.
Ainda hoje procuro
grocar o que me cerca, com a certeza de que não passarei do arranhar das superfícies
mas que o tento apesar de tudo.
Este “grocar” é,
do meu ponto de vista, também fundamental em imagem. No seu todo em geral, em
fotografia em particular.
Podemos fotografar
algo ou alguém apenas porque nos agrada o que vemos: os gestos, as luzes, as
poses, as formas… pode ser apenas uma atracção estética ao que fotografamos.
Mas se formos ver
e conhecer as biografias dos Fotógrafos com maiúscula que apreciamos, constatamos
que quase todos cultivavam ou cultivam uma séria empatia com o que registam. Positiva
ou negativa.
Antes de
fotografarem – ou enquanto o fazem – procuram ir mais longe no entendimento
daquilo que reflecte luz para a sua objectiva. E tanto pode ser a reportagem sobre
situações de violência ou de vida animal como natureza morta em estúdio, como
moda ou arquitectura. Todos eles, de um modo ou de outro, conhecem muito bem o
que fotografam, tentando que esse conhecimento se reflicta no que fotografam.
Pouco importa o nome
que lhe damos: grocar, saber em profundidade ou bife bem passado: se não se conhecer
bem o que fotografamos mais não fazemos que fotocopiar o mundo em redor.
Na imagem, o meu
igualmente antigo conjunto de varetas para o I Ching. Uma outra forma de grocar.
By me
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