Uma das coisas que
me é difícil fazer, quando vou fotografar um dado evento, é deixar de parte
ideias pré-concebidas.
O ideal será,
muito naturalmente, chegar ao acontecimento de alma aberta, capaz de receber o
que sucede em redor e ir fazendo o registo. Bem que deambulo de início,
tentando deixar que o espírito existente me invada.
Mas não me é
fácil, quando se trata de manifestações políticas: tenho ideias sobre o assunto
e, naturalmente, o meu olhar está filtrado por elas.
Mas, também, não
pretendo ser jornalista. O que faço é um retrato de mim mesmo projectado sobre
o que me cerca. Deixo a questão da isenção da comunicação para os profissionais
da comunicação.
Numa manifestação
há coisas que procuro. Com afinco. E já me apercebi de alguns olhares sobre
mim, quando estou parado ou em trânsito no meio da multidão, estranhando o
“olhar de caçador” que vou tendo.
Uma das coisas que
esse meu olhar de caçador procura, sempre, são câmaras fotográficas. Manias.
Mas não qualquer
uma!
Dada a raridade da
marca que uso e de que gosto, Pentax, sempre que encontro uma nestas
circunstâncias trato de a fotografar.
Não quem a possui.
Não é isso o importante. O que conta, neste caso, é haver quem use aquilo que
começa a rarear e muito.
Ontem não foi
excepção. Ou melhor: foi excepção porque não vi nem uma que fosse. Não
significa que não estivesse alguma por lá, mas eu não vi.
Vi foi este outro
exemplar fotográfico, também ele raro.
Raro por ser
película, raro pelo formato desta, raro pela sua marca.
Quem a segurava
estranhou o pedido, mas a cumplicidade fotográfica sobreveio, o orgulho na peça
também, e aqui está.
Acredito que, dos
milhares de formas de captação de imagem que ontem desceram a avenida, esta
fosse peça única! Naquilo que é e no que implica a sua forma de usar e
características.
Viva quem faz!
By me
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